Propina da Rio-2016 está ligada a organização criminosa

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Da Folhape

Com a busca e apreensão realizada na primeira parte da Operação Unfair Play, os investigadores chegaram a provas que caracterizam um esquema de “ganha-ganha” na organização criminosa relacionada à compra de votos para sediar a Rio-2016.

“É uma organização criminosa com vários braços, com corrupção ativa, passiva e vantagens a quem pagou propina a Sérgio Cabral. Os Jogos Olímpicos foram planejados e estruturados tendo trazido um ciclo econômico bastante interessante para essa organização e foi uma das melhores estratégias de capitalização política e financeira também pra que a organização criminosa pudesse atuar. A partir dos Jogos Olímpicos veio uma avalanche de investimentos não só privados, mas públicos também”, explicou a procuradora federal, Fabiana Schneider.

Segundo o Ministério Público Federal, já foram denunciados esquemas que envolvem obras públicas, como Arco Metropolitano, Linha 4 do metrô, Transcarioca, recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá, além da reforma do Maracanã.

Estão envolvidos, além de Sérgio Cabral, o ex-secretário de saúde do Rio, Sérgio Cortês, os empresários Jacob Barata Filho, Arthur Soares e Marco de Luca, donos de empresas prestadoras de serviço ao governo carioca, além de Carlos Arthur Nurzman e seu braço direito, Leonardo Gryner. Os investigadores, contudo, não descartam o surgimento de outros elos.

“Não bastava ganhar a Olimpíada. A organização criminosa recebeu benefícios. Jacob, por exemplo, foi contratado para o serviço de transportes dos Jogos, Arthur Soares abriu um empreendimento hoteleiro na Barra da Tijuca, o LSH Barra Hotel, Marco de Luca foi contratado para prestar serviços de alimentação ao Comitê por R$ 90 mil. Vários já eram fornecedores do governo e receberam vantagens econômicas”, detalhou o procurador federal Rodrigo Timóteo.

Não há comprovação ainda se Nuzman também recebeu dinheiro no processo, mas, segundo a procuradora Fabiana Schneider, está clara a participação dos membros do COB na intermediação dos pagamentos referentes à compra dos votos dos representantes africanos na eleição que deu os Jogos de 2016 ao Brasil.

Ainda segundo o Ministério Público, a investigação encontrou um dossiê produzido por Sérgio Côrtes que também foi fundamental para a elucidação do esquema criminoso, assim como a troca de e-mails entre suspeitos.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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