Que venha 2015

Maurício Assuero, economista

O ano de 2014 já deveria ter terminado, mas tal qual um soro que alimenta um organismo debilitado ele segue pingando minuto a minuto, segundo a segundo. Vai se arrastando como se existisse em nos manter atentos as nossas decepções, aos sonhos não realizados, as perdas irreparáveis. Como um rio lento, segue seu curso, marchando imponente em direção ao desconhecido. Ele acaba. Querendo ou não ele acaba e aí é hora de recomeçarmos, de voltarmos a formular novos planos ou adequar os antigos. Erramos muito quando deixamos para fazer o balanço no último dia de 2014, ou seja, fazemos o balanço das nossas atividades quando o ano balança para não mais voltar a sua posição de equilíbrio.

Até que ponto as coisas seriam diferentes se cada um de nós tivesse a oportunidade de implantar um balanço dinâmico? Um balanço diário do tipo que vamos sair de casa pensando no que vamos fazer e ao voltar para casa pensarmos no que fizemos. Seguramente teríamos a oportunidade de ajustar os nossos rumos de uma forma mais imediata. Pedir desculpas pelo erro cometido e compartilhar alegremente os acertos. Mas, deixamos para fazer o balanço no último dia do ano e aí provavelmente esqueceremos alguns deslizes que cometemos lá no início. A gente, a cada ano, se promete uma porção de coisas como beber menos, parar de fumar, cuidar da saúde, conhecer um país (mesmo que seja o nosso), mas nem sempre nos prometemos ouvir mais as pessoas que nos cercam, amar mais que nos odeia, conviver melhor com quem não nos suporta. Nada disso é algo simples de fazer, mas se não tentarmos dificilmente saberemos se seremos capazes.

Que venha 2015. Se ele nos trouxer dificuldades além da nossa conta, ergamos nossos olhos aos Céus e vamos nos lembrar que o Criador jamais permitirá que transportemos uma carga além da nossa capacidade. Se minha constituição só permite transportar 50 Kg, o Pai Supremo jamais permitiria que fosse colocado nas minhas costas um peso de 51 Kg. Agora, o conteúdo dessa carga decorre das suas escolhas. Você pode transportar 50 Kg de papel, de copos descartáveis, de pregos, de chumbo… não importa a substância, o peso será sempre 50 Kg, mas esta substância é escolha sua e não uma imposição de Deus. Mas não vamos cometer o equívoco de esperar que o Pai Celestial faça aquilo que é nossa obrigação. Sentar e esperar a ajuda Divina não é a melhor política. Apenas orar pedindo é um ato inútil porque ORAÇÃO une ORAR com AÇÃO.

Que venha 2015, com todos os sonhos depositados na fé de um ano melhor, na esperança de um país mais equilibrado, que gere emprego, renda, bem estar social, que puna os corruptos, que trate dos desassistidos não com esmolas, mas com políticas que os transformem em cidadãos, que cuide da saúde e não da doença, que entenda ser a educação o melhor caminho para libertar o ser do julgado da escravidão da ignorância. Que venha 2015. Estaremos de braços abertos para recebê-lo. O ano novo só será feliz, se a gente lutar por isso. Diuturnamente.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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