Quentinhas: um bom negócio para todos

Quentinhas (30)

Pedro Augusto

De acordo com o último levantamento realizado pela empresa de consultoria GS&MD, no primeiro trimestre deste ano, os restaurantes e lanchonetes espalhados por todo o país contabilizaram uma queda de aproximadamente 100 milhões de refeições feitas pelos consumidores. Esta redução substancial se deu em grande parte por causa da inflação alta, que acabou esticando os preços dos alimentos, bem como aos cortes nos orçamentos que os brasileiros precisaram fazer diante da avolumada crise financeira nacional. Mas para quem não se pode dar ao luxo de almoçar, lanchar ou jantar no conforto de seu lar, a solução para exercer as suas atividades com a “barriga cheia” está sendo aderir, cada vez mais, às tradicionais quentinhas.

Armazenadas em isopores instalados em carrinhos de mãos, bancos e em até automóveis adaptados, elas vêm tendo uma aceitação muito grande por parte dos caruaruenses, que preenchem o comércio do centro da Capital do Agreste, seja para trabalhar ou apenas para consumir. Dentre as milhares de comerciárias que atualmente não vêm abrindo mão de uma boa quentinha, a reportagem VANGUARDA encontrou, na manhã da última segunda-feira (21), a vendedora Janaína Alves. Ela destacou as vantagens de se aderir a este tipo de produto. “É mais prático, porque resido longe e não posso ir para casa na hora do almoço, bem como os preços cabem nos bolsos, até porque depois dessa crise, as comidas nos restaurantes ficaram bastante caras.”

Estudante de uma universidade particular de Caruaru, a jovem Roberta Freitas precisa se dirigir diariamente até o Centro para pegar o ônibus em direção ao seu estágio. Enquanto aguarda o coletivo, ela não perde tempo e consome a refeição armazenada na quentinha. “Sempre compro na mesma vendedora, porque ela aceita tíquete e sua comida é higiênica. Mesmo não tendo as responsabilidades financeiras, conforme os meus pais possuem, tenho a consciência de que necessito economizar, pois a situação de nós brasileiros se encontra bastante difícil. Se fosse para comer todos os dias em restaurantes e lanchonetes, os meus tíquetes acabariam em apenas 15 dias. Até porque está muito salgado comer nesses estabelecimentos”, comentou.

De acordo com a pesquisa feita esta semana pelo VANGUARDA, hoje o preço médio da quentinha no comércio de Caruaru está custando R$ 5. Entretanto, os consumidores também dispõem de opções em quantidades maiores de alimentação nos valores de R$ 8 e R$ 10. Além de facilitar a vida da população, as quentinhas ainda vêm proporcionando um retorno financeiro satisfatório para quem há pouco tempo não estava enxergando uma maneira de sobreviver.

Depois de trabalhar por mais de 15 anos com carteira assinada em restaurantes, a cozinheira Rose Ferreira se viu desempregada e encontrou na comercialização dela a chance de voltar a ter uma vida digna. “Graças a Deus tive essa ideia e, atualmente, venho colocando comida no prato da minha família. Tem dia que o movimento é mais fraco, já no outro a venda acaba sendo maior e, assim, vamos tocando o barco”, disse.

Com o objetivo de garantir o lucro, além de investir na qualidade das comidas, os comerciantes de marmitas também vêm procurando se instalar em locais estratégicos com grande circulação de consumidores. Numa das calçadas da Rua 15 de Novembro, a reportagem VANGUARDA entrevistou a autônoma Leidiana Silva. Integrando este tipo de comércio há apenas três meses, ela se disse satisfeita com a apuração mensal. “Além de sempre variar no cardápio, tenho investido também nas ofertas de sucos para atrair ainda mais a clientela. Se não fosse a comercialização dessas quentinhas, nem sei o que seria de mim. Com essa crise que vem prejudicando a todos nós brasileiros, conseguir uma fonte de renda não está fácil, então, agradeço a Deus por este pequeno espaço na Rua 15.”

De acordo com o também vendedor de marmitas, Aílton de Carvalho, o lucratividade em relação a este tipo de negócio só não se encontra maior devido à alta concorrência que vem ocorrendo no mercado informal. “Quando comecei a vender quentinhas, isso há dois anos, não tinha tantas opções disponíveis. Mas agora, com essa onda de desemprego que vem afetando todo mundo, o movimento acabou dando uma distribuída. Mesmo assim, tenho conseguido comercializar em torno de 300 unidades por dia, afinal, já tenho a minha clientela fixa”, pontuou. Aílton opera com a sua esposa Eliane Marinho, na Rua da Conceição.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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