Pedro Augusto
Quando o assunto se trata de segurança, Pernambuco anda de mal a pior. Na última segunda-feira (15), a Secretaria de Defesa Social divulgou os dados referentes aos crimes ocorridos durante todo o ano de 2017, no Estado, e os números impressionaram. Para se ter ideia, nos 12 meses do ano passado, 5.427 assassinatos foram computados nas regiões que compreendem PE, o que representou a quebra do recorde histórico desde a implantação deste tipo de balanço feito pela SDS, em meados de 2004. No comparativo com 2016, acabaram sendo registradas cerca de 950 mortes a mais em 2017. De acordo com a pasta estadual, grande parte dos homicídios praticados teve alguma ligação com o tráfico de drogas.
Sem conseguir fugir da realidade triste do Estado, Caruaru sofreu bastante no ano passado por causa dos elevados índices de criminalidade. De acordo com os dados da Secretaria de Defesa Social, em 2017, a cidade comportou 262 assassinatos, quebrando também o recorde histórico de crimes de morte registrados desde a implementação do balanço da SDS. Devido às altas doses de violência que foram empregadas e às dinâmicas conforme ocorreram, alguns desses homicídios acabaram ficando na memória dos caruaruenses por algum tempo.
Em consulta a sua última retrospectiva, VANGUARDA encontrou a chacina do Sítio de Lagoa do Paulista, que aconteceu em março, na zona rural, tendo três pessoas da mesma família sendo mortas. Pouco mais de um mês depois, a Capital do Agreste vivenciou o seu dia mais violento do ano, quando sete pessoas foram assassinadas em pontos distintos da zona urbana e da zona rural. Também ganharam repercussão, em 2017, na cidade, os casos do comerciante Sócrates Soares, que foi morto a tiros em fevereiro, no seu estabelecimento que ficava no Bairro Maurício de Nassau, e do segurança Francisco Alves, que também foi assassinado à bala em fevereiro, durante um assalto a um carro-forte, no mesmo bairro.
Para o professor de Direito Penal da Asces-Unita, Adrielmo Moura, no ano passado, não só Caruaru, mas os demais municípios de Pernambuco, acabaram pagando pela inoperância do Governo do Estado. “O governo ainda não conseguiu encontrar uma solução eficaz para combater o tráfico que, conforme a própria a SDS divulgou, esteve diretamente ligada à maioria dos homicídios praticados em 2017. Além disso, no ano passado, não demonstrou planejamento, falhou no tocante à reestruturação, bem como não realizou os investimentos necessários para propiciar melhorias no que diz respeito ao sistema de segurança do Estado. Quando resolveu agir, isso já no segundo semestre, os números da violência até que começaram a diminuir.”
De acordo com o especialista, ainda há muito a ser feito pelo governo para que Pernambuco retorne aos seus melhores dias no que se refere à segurança pública. “Primeiro é preciso que haja investimentos maiores no sistema prisional, ou seja, mais policiais nas ruas, mais equipamentos disponíveis e reestruturações nas delegacias. Segundo, é necessário que o governo se esforce para aplicar uma política de combate às drogas mais eficaz, haja vista que elas costumam dizimar milhares de famílias tanto devido aos seus consumos como também por causa das suas comercializações. É claro que a crise financeira chegou ao Estado, porém era imprescindível que o governo estivesse preparado para encontrar alternativas, o que não percebemos”, acrescentou.
Se tomados como parâmetros os demais números apresentados pela SDS, as análises de Adrielmo estão em sintonia com a realidade do Estado, haja vista que os quantitativos aumentaram de forma assustadora em curtos intervalos de anos. Se, por exemplo, em 2014 foram computados 137 assassinatos, somente no ano passado, 262 pessoas tiveram as suas vidas tiradas na Capital do Agreste, representando um aumento no índice de CVLIs (Crimes Violentos Letais e Intencionais) registrados de 91%. Quanto ao volume de crimes contra o patrimônio contabilizados na cidade, ele saltou de 2.297 em 2012 para impressionantes 8.196, confirmando um acréscimo no número de casos de 257%.