Seca modifica ranking de reclamações no Procon

Pedro Augusto

A intensificação da seca em Pernambuco segue refletindo em diversos setores da economia. Em paralelo à dificuldade imposta à produção de vários itens alimentícios básicos como as frutas, as verduras e os grãos, o que tem elevado bastante os preços dos mesmos, a ausência significativa de chuvas em todo o Estado também vem levando milhares de consumidores a procurar a unidade do Procon Caruaru em busca de soluções por parte da Compesa no que diz respeito às supostas falhas de abastecimento de água. A demanda referente ao problema tem sido tão grande nos últimos meses que a categoria “serviços essenciais”, que abrange, por exemplo, o fornecimento de água e energia, passou a coliderar desde o ano passado o ranking de reclamações contabilizadas nesta entidade local.

Foi o que confirmou o coordenador do Procon Caruaru, Adenildo Batista. “Até 2014, os serviços essenciais ocupavam a terceira colocação no que diz respeito ao quantitativo de reclamações feitas em nossa unidade. Devido justamente ao aumento da seca, com a falta cada vez maior da água nas torneiras, esta categoria assumiu, no ano passado e desde então vem permanecendo na coliderança, o posto da de produtos, que compreende a resolução das demandas direcionadas a sinistros (defeitos), por exemplo, de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Para se ter ideia do alto índice de queixas correspondente a suposta falta de fornecimento, por um determinado período, de 100 atendimentos que estavam sendo feitos na unidade, 40 compreendiam as reclamações direcionadas à Compesa”.

Atualmente, de acordo com o próprio coordenador, o número de queixas relacionadas ao problema encontra-se menor por causa da parceria intensificada com a companhia. “Na medida em que a situação estava saindo do controle fizemos uma reunião com a diretoria regional da Compesa e passamos a disponibilizar, em paralelo, o serviço do Proconfone, que vem tratando em grande parte dessas demandas ligadas a falta de fornecimento de água em Caruaru. Com ele, o volume de casos referentes à mesma diminuiu, mas ainda se encontra presente na nossa unidade. Também gostaríamos de ressaltar que a companhia ainda se destacou de forma positiva no mutirão que foi realizado no último mês de junho, quando centenas de acordos com os consumidores inadimplentes acabaram sendo feitos”, acrescentou Adenildo.

Dentre os casos que ainda não tiveram uma resolução está a do gari Moisés Xavier. Ele reside no loteamento Luiz Mariano, nas proximidades de Serranópolis, na zona urbana de Caruaru, e alega estar pagando mensalmente a conta de água mesmo sem o seu fornecimento devido. “Na comunidade não existe água encanada, por isso, estamos sendo abastecidos por caminhões-pipa. O problema é que eles só têm aparecido por lá, quando nos direcionamos para a Compesa e, em seguida, para o Procon. Tenho me prejudicado no trabalho por tentar resolver esta situação, que parece não ter fim. O detalhe é que não tenho deixado de pagar as contas e a água que tem chegado, através dos caminhões, tem sido de péssima qualidade. Entendemos a questão da seca, mas poderíamos ter uma atenção maior”, criticou.

Por telefone, a coordenadora regional da Compesa, Niádja Menezes, reiterou que a companhia tem feito o que está ao seu alcance para minimizar os efeitos que a crise hídrica vem provocando. “Estamos no sexto ano consecutivo sem chuvas e para se ter ideia, atualmente temos trabalhado com 40% a menos da vazão de água que contávamos em 2015. Sendo assim, não temos tido condições de atender a população da mesma forma satisfatória conforme a atendíamos no ano passado. Atrelado a isso, também tivemos alguns transtornos nas contratações de alguns caminhões-pipas, mas que já estão sendo solucionados. Os cenários das barragens estão difíceis, ou seja, praticamente vazios, mas estamos redobrando as nossas ações para atendermos os consumidores da melhor maneira possível”.

Em relação à crítica de Moisés, a coordenadora recomendou que ele procure mais uma vez uma das unidades da companhia. “Se este consumidor, por acaso, não for abastecido no prazo máximo de 30 dias pelo caminhão-pipa, ele deverá ir a uma das nossas unidades mais próximas e solicitar a suspensão da fatura”. Niádja Menezes ainda explicou à reportagem VANGUARDA que a comunidade do gari não é abastecida pelo sistema de rede da Compesa, porque ela ainda não é regularizada.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *