Pedro Augusto
Da última segunda-feira (23) até a sexta-feira (27), uma série de ações visando a não proliferação do mosquito Aedes aegypti foram colocadas em prática em Caruaru. As medidas preventivas e educativas fizeram parte da Semana Nacional de Mobilização no Combate ao Aedes, que, na Capital do Agreste, acabaram sendo desempenhadas por equipes das secretarias municipais de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos. Durante o período, palestras e apresentações teatrais alertando sobre os riscos da propagação do mosquito foram desencadeadas nas escolas e nas Unidades Básicas de Saúde, em paralelo, os agentes de endemias locais realizaram um mutirão no Alto do Moura, bem como visitaram diversas residências, cujas suas comunidades possuem um alto índice de infestação de doenças relacionadas ao inseto.
Ainda dentro da série de atividades que foram postas em prática no decorrer da Semana Nacional de Mobilização, a Prefeitura de Caruaru, através da Secretaria de Saúde, intensificou as ações do projeto “Gestante Segura”. Este último tem como principal objetivo eliminar os focos do mosquito nos imóveis em que as grávidas da cidade residem ou exercem as suas atividades profissionais. Assim que a gestante interessada realiza o cadastro do projeto na Unidade de Saúde de seu bairro, ela passa a receber mensalmente a visita dos agentes de endemias, que são responsáveis por bloquear, respaldados, é claro, pelas medidas de prevenção feitas pela própria população, a proliferação do Aedes aegypti.
Quem atualmente está sendo atendida pelo “Gestante Segura” tem sido a autônoma Michele Amorim. Moradora do Bairro Riachão, ela se encontra grávida do segundo filho e sabe muito bem dos estragos que a picada do mosquito pode causar ao corpo humano. “Passei por maus bocados no ano passado, justamente quando houve aquele surto de doenças e acabei pegando chikungunya. Minhas pernas, minhas mãos, meus dedos e a minha cabeça doíam de tal forma que só quem teve mesmo esta doença consegue descrever. Sendo assim, fiz questão de redobrar os meus cuidados em relação ao combate ao Aedes ao me inscrever neste projeto, haja vista que não quero que o meu filho corra o risco de nascer com microcefalia”, justificou Michele.
O alerta redobrado de Michele é bastante pertinente, uma vez que o Aedes aegypti é o mosquito transmissor do vírus zika – responsável em potencial pelo nascimento de crianças com microcefalia. Além da zika e da chikungunya, o Aedes também transmite a dengue, que obteve uma expansão elevada nos últimos anos em todo território nacional. Hoje, passado todo aquele surto enorme de doenças do tipo, principalmente no estado de Pernambuco, a situação em termos de infestações se encontra um pouco mais amena em Caruaru. De acordo com o levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, de 1º janeiro até 21 de outubro deste ano foram notificados na cidade 84% a menos de casos relacionados à dengue em comparação com o mesmo período do ano passado.
No que diz respeito aos casos de chikungunya e de zika confirmados e tomando como parâmetro os mesmos intervalos, as reduções foram, respectivamente, de 93% e 80%. Já no âmbito geral, ou seja, analisando o somatório de infestações das três doenças, a queda no quantitativo de casos computados na Capital do Agreste correspondeu a 87%. Para a gerente de Vigilância Ambiental de Caruaru, Cláudia Agra, a diminuição significativa de um ano para o outro no quadro de infestações através do mosquito Aedes aegypti se deveu há alguns fatores importantes, conforme ela enumerou em entrevista concedida ao VANGUARDA, na manhã da última terça-feira (24), na sede da Secretaria de Saúde, no Bairro São Francisco.
“Apesar da dengue já fazer parte do cotidiano das pessoas há muitos anos, foi justamente a zika que acabou gerando um alerta maior por parte da população no que diz respeito ao combate ao mosquito devido ao risco da decorrência de microcefalia. Após aquele surto ocorrido em 2016, as pessoas ficaram mais cuidadosas no tocante à não proliferação do inseto, intensificamos ainda mais as ações para a contenção do Aedes e houve uma divulgação maior por parte dos veículos de comunicação, no que diz respeito às recomendações preventivas a serem adotadas. Mas nem por isso os caruaruenses têm de descansar. O combate ao mosquito precisa ser diário, ainda mais que estamos nos aproximando do verão, período este bastante propenso para a propagação do mosquito.”
Ela também destacou a importância das ações desencadeadas durante a Semana Nacional de Combate ao Aedes. “Além desta atenção redobrada, que foi dada às grávidas, através do ‘Gestante Segura’, a população de Caruaru ainda teve a oportunidade de acompanhar a palestras e apresentações teatrais, cujo foco principal foi justamente o combate a este mosquito transmissor de tantas doenças. Sem falar nas visitas domiciliares que tiveram como objetivo fazer o controle a não proliferação do inseto e ao próprio mutirão que foi realizado no Alto Moura, já que foram registradas recentemente várias notificações de doenças referentes a esta comunidade. Somadas, todas essas medidas empregadas nesta Semana de Mobilização vieram a fortalecer ainda mais o nosso trabalho de contenção ao mosquito”, finalizou Cláudia.
Embora, atualmente os números relacionados às doenças transmitidas pelo Aedes estejam menores em Caruaru, é imprescindível que a população caruaruense permaneça fazendo a sua parte, dando sequência às seguintes medidas preventivas: manter bem tampados poços, caixas d’água, jarras, cisternas ou qualquer outro reservatório de água, manter as lixeiras tampadas e secas, nunca jogar lixo em terrenos baldios, colocar no lixo todo o objeto que possa acumular água, lavar os bebedouros de animais com uma bucha pelo menos uma vez por semana e trocar a água todos os dias, bem como cobrir e guardar os pneus em locais secos e protegidos das chuvas, encher os pratinhos de plantas com areia, além de manter as calhas d’água limpas.