SES e UPE realizam ação sobre Doença de Chagas

No Brasil, devido à transmissão vetorial ocorrida no passado, predomina os casos crônicos da doença de Chagas. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) atua, em parceria com o Ambulatório de Referência para Doença de Chagas/PROCAPE-UPE, na promoção de ações de prevenção, vigilância e diagnóstico da doença, transmitida pelo triatomíneo positivo para Trypanosoma cruzi. Nesta terça-feira (16.04), junto com o Ambulatório de Referência da doença e a Associação Pernambucana dos Pacientes com Doença de Chagas (APDCIM), será realizado o VI Encontro da Praça, intitulado de “Chagas um grande coração”, das 8h às 13h, em frente ao Procape, (Espaço Carlos Chagas), no bairro de Santo Amaro. No local, haverá uma mobilização alusiva ao Dia Mundial de Combate à Enfermidade de Chagas, comemorado em 14 de abril, com a realização de buscas de casos de tracoma e hanseníase, além de testagens para detecção de infecções sexualmente transmissíveis (IST), com a presença de uma unidade móvel da SES. A Secretaria de Saúde do Recife, também participará disponibilizando imunização contra Hepatite B, Influenza, Difiteria e Tétano, além de aferição de pressão arterial e glicemia.

A notificação compulsória da doença de Chagas só é realizada para os casos agudos. Não há registro de casos confirmados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) em Pernambuco nos últimos anos. Sobre os casos crônicos, atualmente 838 pacientes estão cadastrados no Ambulatório de Doença de Chagas do Procape/UPE, referência para este tipo de atendimento. No entanto, mais de 2 mil são acompanhados no serviço. Alunos dos projetos de extensão da UPE, funcionários do Ambulatório de Chagas, técnicos da 1ª Regional de Saúde e voluntários da Associação distribuirão panfletos informativos e realizarão rodas de conversas informativas sobre a doença durante a ação desta terça.

“Pernambuco conta com 22 municípios considerados prioritários para a doença acompanhados pelo Programa de Enfrentamento as Doenças Negligenciadas , o Sanar. Ainda é observada pela equipe de Vigilância em Saúde da SES a presença de triatomíneos em alguns municípios. Entre os anos de 2015 e 2018 foram visitadas 256.924 casas, sendo 22.505 triatomíneos retirados dos domicílios de cidades da Mata Norte, Agreste até no Sertão do Estado, desses 973 triatomíneos estavam positivos para T. cruzi, justificando a permanência das ações de vigilância e controle da doença”, destaca a coordenadora de Doença de Chagas e Tracoma, Gênova Maria de Azevedo. “Em exames realizados, a partir de amostras de sangue encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco (Lacen), de 2012 a 2018 foram detectadas 2.552 sorologias reagentes para a doença”, conclui.

O Sanar e o Ambulatório de Referência do Procape realizam constantemente ações conjuntas de capacitação e atualização para os profissionais do SUS em Pernambuco. Entre os anos de 2012 e 2018 foram mais de 1 mil profissionais capacitados. Nos últimos anos também, o Governo do Estado tem buscado descentralizar a assistência aos pacientes crônicos da doença nos municípios mais distantes, onde foi estruturada uma rede secundária, para atendimento e diagnóstico nas Unidades de Pernambucana de Atenção Especializada (UPAE) de Limoeiro, Belo Jardim, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Salgueiro, Ouricuri, Afogados da Ingazeira e Serra Talhada.

A DOENÇA – A doença de Chagas é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Quando se apresenta na fase aguda pode ser sintomática ou não. Já na fase crônica, pode se manifestar acarretando problemas cardíacos, digestivos ou cardiodigestivos. A transmissão da doença se dá de várias formas. A forma vetorial, quando há o contato com as fezes infectadas por T. cruzi ou após a picada do inseto conhecido popularmente como ‘barbeiro’. Por via oral, é quando há a ingestão de alimentos contaminados com parasitos infectados. A transmissão vertical ocorre da mãe para o bebê durante a gestação ou no momento do parto. O contágio pode acontecer também na transfusão sanguínea ou no transplante de órgãos de doadores infectados para receptores sadios. A forma acidental também é considerada e acontece através do contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante a manipulação em laboratório.

A prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada ao controle da presença do inseto “barbeiro”. Uma das formas é evitar a presença do barbeiro nos domicílios. Caso seja notada a presença do vetor é importante não esmagar, apertar ou bater no inseto. Se tiver que ter contato com o inseto, lembrar de proteger as mãos com luvas ou saco plástico, colocar o barbeiro em recipiente fechado e encaminhar para secretaria de saúde municipal.

APDCIM – A associação, pioneira no mundo, tem estimulado a criação de novas associações, em países endêmicos e não endêmicos para a doença de Chagas participando ativamente da fundação e condução da Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Enfermidade de Chagas/FINDECHAGAS, em 2010.

As associações, filiadas à FINDECHAS, escolheram o dia 14 de abril como “Dia Mundial de Combate à Enfermidade de Chagas”, por ter sido o dia em que o pesquisador brasileiro, Dr. Carlos Chagas, há 108 anos, comunicou sua descoberta à comunidade científica da época. Ficou, portanto, o dia 14 de abril como data de alertar sobre a grave problemática da doença de Chagas no mundo.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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