Sugestão de artigo: A solidão do líder empreendedor

Por Egton Pajaro, empresário

Se você não é um líder empreendedor, provavelmente boa parte deste texto não fará sentido e pouco acrescentará.

Mas, se você é um daqueles que ficam eternamente inconformados e altamente energizados pelo desafio de novas conquistas, que se revitaliza e tem como fontes de energia o desafio de lidar com o novo, superar os inúmeros “nãos”, siga em frente e vá até o final desta leitura.

Promover mudanças, questionar paradigmas e positivamente transgredir conceitos estabelecidos, e que, além de querer, tem o dom natural de empreender. Certamente algumas destas observações farão sentido e o ajudará no entendimento de singulares sentimentos e percepções que acompanham o líder empreendedor diuturnamente.

Conviver e promover iniciativas no dia-a-dia a partir de conceitos por vezes intangíveis e deficientes de formalismo, especialmente quando se trata das dinâmicas e informais empresas da geração 2.0, onde a inovação é plenamente exercitada em ambiente desburocratizado e ágil, é uma considerável e instigante provocação.

Como lidar com dificuldades cotidianas e concretas comuns a todo líder empreendedor, quando por exemplo:

A equipe não está alinhada?

É mais comum do que se imagina haver no processo de implementação ou de execução do negócio a adoção de soluções simplistas que aparentemente suprem a demanda, mas invariavelmente distorcem o objetivo. Cabe ao líder empreendedor guardar a visão e valores, além de garantir que o objetivo do projeto não sofra desvios. Nestas ocasiões, alguns inerentes conflitos são gerados. O que fazer?

– reforço de comunicação e explanação do projeto, com ênfase no que se espera de cada um. Isto vai gerar entendimento complementar e provável alinhamento conceitual e/ou comportamental;

– remanejamento, substituição ou eventual eliminação de algum membro da equipe;

A revisão conceitual é inevitável

Também considero comuns algumas situações em que o macro conceito careça de revisão. Novamente cabe ao líder empreendedor o papel de bússola. Compete a ele, sem perder de vista a essência norteadora do projeto, atingir o consenso. O que nem sempre é fácil e, frequentemente, é até mesmo impossível. E aí, como resolver?

– desencadeie a cultura do eterno repensar e inovar. Isto gerará frutos no futuro, especialmente se seu negócio for em setores que tenham a tecnologia como chão de fábrica;

– dar espaço aos envolvidos para se manifestarem livremente. Além de extrair criativas sugestões, o empresário transformará este momento em uma oportunidade de ampliar o engajamento da equipe;

– nestas ocasiões o consenso nem sempre é possível. Portanto, cabe ao líder empreendedor tomar para si a responsabilidade de decidir, assumindo o risco de contrariar a opinião da maioria. Isto, dependendo das circunstâncias, não é nada convencional, pois exige do líder a capacidade de racionalizar o contexto, discernir de forma lógica e equilibrada e, eventualmente se necessário, até mesmo se apoiar em percepções pessoais e irracionais -“feeling”. Nesta hora poucos conseguirão entendê-lo e muitos se converterão em céticos críticos. A resiliência neste caso faz toda diferença!

Sem ser leviano, o líder tende a demonstrar plena confiança naquilo que defende mas, no íntimo, convive com incertezas que não pode compartilhar com a maioria dos liderados.

A fim de mitigar maior impacto gerado por uma possível decisão incorreta, cabe ao líder elaborar um plano alternativo, associado a adequado como mecanismo de controle e com suficiente sensibilidade, que lhe permita identificar precocemente o erro e assim corrigi-lo imediatamente.

Por vezes, credita-se ao líder a competência de deter todas as respostas. Isto é uma absurda e míope utopia. Nem sempre ele detém a solução pronta, muitas vezes ela é construída no exercício da ação!

É inerente ao líder nestes casos sentir-se isolado. Mas em hipótese alguma isso deve abalá-lo. Afinal, isto é parte do seu papel.

O limite entre o relacionamento pessoal e profissional está em jogo

A liderança é mais ou menos eficaz na proporção da confiança estabelecida entre a equipe, e para tal, torna-se imprescindível a aproximação entre o time. O desafio está em demarcar a fronteira entre o envolvimento profissional e pessoal, especialmente o lado emocional. Para a maioria, quando má conduzida a parcela pessoal, além de estimular excessiva liberdade, a ponto de confundir a hierarquia do ambiente, distorce a interpretação de coobrigações que se ampliam e geram falsas e infundadas expectativas que inevitavelmente se convertem em frustrações.

Balizar o ponto ideal do relacionamento pode variar entre os componentes da equipe. Portanto faz-se necessário que o líder tenha desigual e individual compreensão de cada relacionamento a fim de aflorar o pleno potencial de cada liderado.

Manter-se rigorosamente afastado na medida ideal, pode parecer simples, mas não é. A linha é extremamente tênue e facilmente o relacionamento pode ser percebido como indiferente, frio e mecânico. Desenvolver esta habilidade e sensibilidade é um enorme desafio para aqueles lideres empreendedores que têm no viés lógico e pragmático sua maior aptidão.

O equilíbrio físico e emocional pode influenciar

Diante de tamanha pressão, a perícia e a assertividade na tomada de decisão dependem do equilíbrio físico e psíquico do organismo. Como qualquer ser humano, é importante que o líder empreendedor desenvolva mecanismos que preservem seu organismo e o mantenha saudável. Por facilitar a identificação e apropriação de particulares e individuais recursos que lhe proporcionem o atingimento da plenitude de seu potencial, desenvolver o autoconhecimento torna-se um componente essencial e indispensável. Várias são as opções, isoladas ou cumulativas, de energizar e equilibrar o organismo, como: harmonia familiar, exercícios físicos e mentais, artes, trabalhos sociais, viagens etc. É vital descomprimir e serenar o corpo e a mente!

Empreender e liderar não é fácil. É se colocar a prova todos os dias, trocar ideias com seus sócios, e com outros empresários a fim de evoluir sempre. É entender que basicamente tudo dependerá do seu discernimento, esforço e atitude. É uma constante e eterna exploração e recriação.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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