Regulamentação de atividade deve beneficiar cerca de 10 milhões de artesãos

Da Agência Brasil

Cerca de 10 milhões de artesãos brasileiros foram reconhecidos como trabalhadores profissionais com a sanção este mês da Lei nº 13.180/2015. O texto estabelece diretrizes para as políticas públicas de fomento à profissão, institui a carteira profissional para a categoria e autoriza o Poder Executivo a dar apoio profissional aos artesãos.

A legislação define como artesão toda pessoa que desempenha atividades profissionais de forma individual, associada ou cooperativada, com predomínio manual, podendo contar com o auxílio de ferramentas e outros equipamentos.

Entre as diretrizes estão a valorização da identidade e cultura nacionais, a destinação de linha de crédito especial para o financiamento da comercialização da produção artesanal e para a aquisição de matéria-prima e de equipamentos, além de qualificação permanente, apoio comercial e certificação da qualidade do artesanato.

A Carteira Nacional do Artesão, prevista na lei, será válida em todo o território nacional e só será renovada com a comprovação das contribuições sociais para a Previdência Social. A lei prevê também a criação da Escola Técnica Federal do Artesanato.

CRÉDITO

Para Sônia Quintella, presidente da Artesol, a regulamentação no âmbito federal é fundamental. A Artesol é uma organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) que beneficia artesãs e artesãos de baixa renda. Segundo ela, antes era necessário se formalizar como Microempreendedor Individual (MEI) para obter vantagens, como financiamentos, o que, para ela, facilita pouco a vida do artesão que, na maioria das situações, tem a atividade como complemento de renda. “Agora, ele vai ter acesso a uma linha de crédito específica que antes ele tirava como pescador ou produtor rural.”

Sônia Quintella diz que a preocupação é como a lei vai ser posta em prática. Ela acredita na criação de políticas públicas que ajudem o artesão a se manter na profissão, para que essa seja a sua principal fonte de renda. “Ele necessita desse apoio do governo federal. Alguns ministérios fazem algum trabalho voltado para o artesão, mas são medidas específicas”, acrescentou.

VISIBILIDADE

Para Fani Pereira, que trabalha há 12 anos na Feira de Artesanato da Torre, em Brasília, a aprovação vai dar mais visibilidade à categoria em relação às reivindicações. “Antes só tinha voz quem era microempreendedor individual”, diz. José Souza, que trabalha há 45 na Torre, acredita na obtenção de benefícios como a aposentadoria, com a nova lei. Francisco Pereira, de quase 80 anos, espera que a lei seja realmente efetivada na prática. “Todos estamos esperando isso, vamos ver se vai acontecer”, disse.

Quem frequenta o local, como o assistente administrativo Manoel de Souza, também aprova a regulamentação. Morador de Brasília, ele acredita que agora vai haver mais empenho da parte dos artesãos, em contrapartida ao que governo está oferecendo. A turista Ângela Quintanilha, do Rio de Janeiro, concorda. “Eles não tem estabilidade, não tem segurança e é uma forma de valorizar uma profissão de criatividade.”

Segundo o Ministério do Trabalho, o artesanato é uma atividade muito importante para a economia e a cultura do país e a lei vai permitir a formulação de um conjunto de políticas públicas para esses trabalhadores, ao incentivar a qualificação e a gestão profissional das atividades dessa categoria.

Raquel destaca lei que regulamenta profissão de artesão

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A Lei Federal nº 13180/2015, sancionada no último dia 22, que regulamenta a profissão de artesão, mereceu pronunciamento da deputada Raquel Lyra (PSB), durante a Reunião Plenária desta segunda (26), na Assembleia Legislativa. A legislação define diretrizes para o fomento ao ofício, e foi considerada pela parlamentar “um grande avanço para preservar um patrimônio do nosso Estado e do nosso País”.

Segundo a nova lei, o artesanato será alvo de políticas de valorização da identidade nacional, de financiamento e apoio comercial à produção artesanal, de qualificação dos artesãos e de integração da atividade a outros setores da economia. Os profissionais passam a contribuir com a Previdência Social e a União será autorizada a criar a Escola Técnica Federal de Artesanato.

Para ilustrar a importância do ofício no Estado, Raquel Lyra observou que o Centro de Artesanato de Pernambuco, no Marco Zero, vendeu 390 mil peças e faturou R$ 8 milhões em três anos de funcionamento, garantindo renda para mais de mil artesãos. “O Centro se tornou parada obrigatória para turistas e o faturamento deste ano já chega a R$ 1,8 milhão. É um setor que tem grande potencial econômico”, acrescentou.

 

Frente Parlamentar em Defesa do Artesão é lançada na Fenearte

Os senadores Douglas Cintra (PTB-PE) e Fátima Bezerra (PT-RN) e a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), entre vários outros parlamentares, participam nesta sexta-feira (10), às 10h, durante a 16ª Fenearte, do lançamento da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Artesão. O evento ocorre na Sala Petrolina do Centro de Convenções, em Olinda.

Com 207 parlamentares, a Frente tem como principal objetivo agilizar a aprovação do projeto de lei que regulamenta a profissão de artesão, o PLS 7755/2010. O projeto, originário do Senado e em  tramitação na Câmara dos Deputados, permitirá eliminar a alta informalidade no setor.

Estimativas do Sebrae indicam que o artesanato dá ocupação a 10 milhões de brasileiros e gera um faturamento bruto anual ao redor de R$ 60 bilhões.

Cintra volta a manifestar apoio a projeto que reconhece profissão de artesão; veja

Parlamentar caruaruense diz estar engajado na aprovação da matéria (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)

O senador Douglas Cintra (PTB) voltou a manifestar seu apoio ao projeto de lei que regulamenta a atividade profissional do artesão, em tramitação no Congresso. Em um vídeo com quase um minuto de duração, o petebista afirma ser “um integrante ativo” da Frente Parlamentar Mista de Defesa e Valorização do Artesanato e que está engajado na aprovação da matéria.

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“Como caruaruense, tenho o DNA e a paixão pelo artesanato, tão bem representado pela minha terra na obra de Mestre Vitalino e nas figuras de barro do Alto do Moura”, diz o senador. “Meu envolvimento com a defesa do artesanato é tão estreito que também sou relator, na Comissão de Educação do Senado, do projeto de lei que cria o Programa de Certificação do Artesanato. A certificação de origem e qualidade contribuirá para valorizar e dar preço melhor aos produtos artesanais. Os artesãos do país inteiro podem contar comigo”, finaliza.

O PL 7755/2010 reconhece a profissão de artesão e determina o estabelecimento de políticas públicas de apoio, crédito e aperfeiçoamento. De acordo com a proposta, de autoria do então senador Roberto Cavalcanti, artesão é toda pessoa que exerce atividade predominantemente manual, que pode contar com o auxílio de ferramentas e outros equipamentos de forma individual, associada ou cooperativada.

O documento prevê políticas públicas no âmbito da União para a valorização da identidade e cultura nacionais e a destinação de linha de crédito especial para o financiamento da comercialização da produção artesanal e para a aquisição de matéria-prima e equipamentos.

Deputado Fernando Monteiro quer regulamentar atividade de artesão

O deputado Fernando Monteiro (PP-PE) apresentou emenda ao projeto de lei que regulamenta a profissão de artesão, em tramitação na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados. Conforme a proposta do parlamentar, a Carteira Nacional de Artesão deve permanecer como é atualmente, renovável a cada quatro anos, sem obrigatoriedade da comprovação das contribuições sociais. O artesão portador deste documento seria enquadrado na Previdência Social, segundo registro de filiação e a forma de contribuição.

Na avaliação do deputado, a comprovação do pagamento das contribuições à Previdência Social como requisito para renovação da Carteira Nacional de Artesão é prejudicial ao profissional, que seria impedido de exercer a profissão por estar em débito com a Previdência Social. Pelo projeto em tramitação na Casa, a carteira teria validade de um ano e só seria renovada com a comprovação das contribuições sociais.

“O artesanato brasileiro é um setor da economia cujo crescimento possui alto potencial de geração de trabalho e renda”, afirma Fernando Monteiro. Segundo ele, a regulamentação da atividade é uma antiga reivindicação dos artesãos, mas tem que ser feita de forma que não prejudique o profissional. Conforme estudo do IBGE, a maioria do empreendedorismo relacionado à atividade é conduzida por mulheres.

A atividade artesanal em Pernambuco é uma importante alternativa de redistribuição de renda, contribuindo para a melhoria das condições de vida da população envolvida. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o artesanato movimenta anualmente cerca de R$ 28 bilhões, ou 2,8% do PIB (Produto Interno Bruto) do país.

Artesão será homenageado neste domingo

O nome dele é Zé Rodrigues, mas a figura ficou conhecida no Alto do Moura como Santeiro, em alusão às esculturas de santos por ele produzidas. Zé, que era primo e seguidor da arte de Vitalino, se vivo estivesse, completaria, no próximo domingo, 14, 100 anos.

Será realizada, a partir das 17h, na Igreja de São José, localizada no Alto do Moura, uma missa alusiva ao aniversário de Santeiro, que é, um dos importantes nomes do artesanato de Caruaru.