Desemprego ameaça o avanço social

Da CartaCapital

O desemprego baixo e o aumento real da renda, diferenciais da economia brasileira no cenário mundial na última década, deram lugar a sucessivas elevações da taxa de desocupação e a um forte declínio dos rendimentos, e ameaçam o avanço social. Depois de despencar de 12,3% em 2003 para 4,8% em 2014, o desemprego subiu para 8% entre fevereiro e abril, segundo divulgou o IBGE na quarta-feira 3, com base na pesquisa Pnad Contínua, apurada em trimestres móveis. Em comparação ao período entre novembro e janeiro, 511 mil postos de trabalho foram fechados.

Com o resultado, cresce a probabilidade de o desemprego atingir 9% no fim deste ano, apontam projeções de diversos economistas com base no conceito de população economicamente ativa ampliada, do IBGE. A escalada desde o início do ano está mais ligada a uma deterioração da atividade econômica desde 2013 do que a fatores recentes, como o ajuste fiscal, pois o mercado de trabalho funciona de maneira defasada em relação aos demais agregados macroeconômicos. A queda do PIB em 0,2% no primeiro trimestre deste ano, a contenção de gastos públicos, a redução do crédito, as altas dos juros, os cortes orçamentários e a piora das expectativas de consumidores e empresários só tendem a agravar o problema. A diminuição de 4,62% na arrecadação federal em abril, no declínio mais acentuado desde 2010, intensifica as dispensas e pode comprometer os objetivos do pacote do governo. Com a retração, as vendas do comércio caíram 5,8% em maio em São Paulo, informa a Associação Comercial.

O caso de José Djalma de Souza, 40 anos, é típico das incertezas atuais dos trabalhadores. Operador de máquinas por 12 anos na Mercedes-Benz, em São Paulo, foi incluído no ano passado em um programa de lay-off, suspensão temporária do contrato de trabalho para preservação de vagas e qualificação profissional. O metalúrgico recebeu 1,3 mil reais mensais durante um semestre, retomou o trabalho, mas em novembro foi relacionado em um segundo lay-off, de 750 funcionários. Agora será um dos 500 afetados pelo corte anunciado em maio pela empresa. Os 7 mil funcionários restantes na linha de produção entrarão em férias coletivas obrigatórias. “O lay-off deveria ser usado apenas para qualificação, não para a empresa jogar o trabalhador fora”, protesta. Apesar do mau momento, Souza acredita na superação da crise em dois anos. “Espero que a presidente Dilma aprove o Programa de Proteção ao Emprego proposto por centrais sindicais. As atividades nas montadoras e autopeças poderiam ser retomadas.” A preocupação de Souza tem motivação familiar. Seu filho formou-se em um curso do Senai e deve começar a trabalhar em uma montadora neste mês.

A previsão de um desemprego de 9% no fim do ano não é consenso. O economista Fábio Romão, da LCA consultores, projeta 6% em dezembro. As suas explicações para a estimativa inferior à média do mercado são a mudança estrutural da população economicamente ativa, com ampliação das faixas de maior idade e das aposentadorias, e o retorno gradual dos jovens que adiaram o ingresso no mercado de trabalho para estudar, antes uma opção possibilitada pela elevação da renda familiar. Com o aumento das dispensas, isso deverá mudar. “Muitos aposentados não voltam a trabalhar e não acredito que os jovens retornarão todos de uma vez ao mercado.” Mesmo abaixo de outras projeções, o porcentual estimado por Romão, caso se concretize, representará um saldo líquido de 277,7 mil postos de trabalho eliminados neste ano, computadas todas as admissões e demissões.

A ascensão do desemprego é acompanhada por uma redução expressiva da renda dos trabalhadores. Pelo terceiro mês consecutivo, a variação diante do mesmo mês do ano anterior mostra uma perda real. As quedas foram de 0,5% em fevereiro, 3% em março, e 2,9% em abril. De 2006 a 2012, descontada a inflação, a renda teve um acréscimo médio anual de 3,5%. O processo arrefeceu em 2013, com uma variação positiva de 1,8%. Voltou a melhorar em 2014, mas cresceu 2,7%, um avanço igual à menor taxa anual do período de 2006 a 2012. “Depois de 11 anos seguidos de ganhos reais da renda, é muito provável que em 2015 ocorra uma queda real da ordem de 1,2%”, prevê Romão.

Segundo uma pesquisa da Fipe com base em informações da recrutadora Catho, o salário médio de admissão registrou uma queda real de 1,4% entre abril de 2015 e o mesmo mês do ano anterior e os novos admitidos são contratados por um salário 10,4% menor comparado àquele dos demitidos. A situação contrasta com a do ano passado, quando 92% das categorias de trabalhadores obtiveram aumentos reais, de 1,39% na média, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. “Nos últimos quatro anos, o mercado de trabalho mostrou muita resistência à deterioração econômica. Presumivelmente, essa situação demoraria a se modificar, mas a taxa de desemprego caiu muito rápido e a renda despencou. Há uma assimetria preocupante aí, entre a demora da melhora do mercado de trabalho e a sua deterioração rápida”, diz o economista André Biancarelli, professor do Instituto de Economia da Unicamp.

A ampliação do número de postos de trabalho com carteira assinada, uma conquista dos anos recentes, sofreu um retrocesso. O emprego formal caiu 1,9% em abril de 2015 ante o mesmo mês de 2014, e o sem carteira diminuiu 1,6%, uma indicação de um recrudescimento da precarização.

A regressão econômica e social deve se aprofundar. “A mobilidade social descendente começou em 2013 e afeta principalmente aqueles mais frágeis, que se beneficiaram recentemente. Um total de 684 mil jovens adultos com idades entre 25 e 29 foi deslocado para baixo de 2012 a 2013, o equivalente a 4,4% da população desta faixa etária. Um impacto superior àquele sofrido pelo conjunto da população, de 2,8%”, afirma o economista Waldir Quadros, professor da Facamp. A parcela mais escolarizada foi a mais atingida. No total, cerca de 5 milhões de indivíduos descenderam socioeconomicamente em 2013, aponta Quadros, autor de um estudo sobre o assunto. “Diante da estagnação na economia, é possível que o mau desempenho da mobilidade social tenha se mantido em 2014. Nesse caso, parece bastante plausível admitir que o cenário de retrocesso social tenha contribuído com as dificuldades que Dilma Rousseff enfrentou nas últimas eleições.”

Os problemas da economia se acentuaram com o fim do ciclo excepcionalmente longo de valorização das commodities, entre 2002 e 2012, benéfico às exportações de soja e minério de ferro, principais produtos vendidos pelo País. No período, a participação de primários na pauta global de exportações avançou 8 pontos porcentuais. O crescimento desses itens nas exportações brasileiras subiu 14 pontos porcentuais. O aumento do PIB até dois anos atrás dependeu fortemente dos bons preços obtidos por essas matérias-primas, um dos principais sustentáculos da melhora da distribuição de renda promovida nos dois mandatos de Lula e no começo da primeira administração de Dilma.

A correlação entre a situação econômica externa favorável e a criação de empregos é elevada. Em sete dos dez anos do chamado superciclo de commodities, a criação de postos de trabalho formais, com carteira assinada, superou 1 milhão por ano. Em 2010, totalizou 2,1 milhões de vagas. A redução prevista para este ano, de 277,7 mil empregos, no caso de a desocupação ficar em 6%, supera o fechamento de 196 mil postos em 1999 e só fica abaixo da eliminação de 581,7 mil vagas em 1998.

A queda da receita das exportações de commodities correspondeu a um aumento da importação de industrializados, com impacto negativo na manufatura local. Em abril, a produção industrial recuou 1,2% sobre março e o declínio no ano chegou a 6,3%. A variação negativa de 4,8% acumulados nos últimos 12 meses é a maior desde dezembro de 2009, quando chegou a 7,1%.

Crônico na indústria, o desemprego chegou ao setor de serviços, o de maior participação no PIB, com o fechamento de 7,5 mil postos de trabalho em abril em relação ao mês anterior, segundo o Ministério do Trabalho. O segmento reúne 30% das pequenas e médias empresas. Cerca de 56% desses estabelecimentos estão no comércio, que encerrou 20,8 mil vagas no período, e 14% na indústria, que eliminou 53,8 mil empregos. Na construção civil, a perda totalizou 23 mil vagas.

A crise econômica afeta trabalhadores e empresários, especialmente os pequenos. Marcos Bassanezi, dono da Fábrica de Puffs, em Osasco (SP), pressionado pela redução do consumo e a alta do dólar, demitiu quatro funcionários. Três deles foram aproveitados pela Eletropaulo, em atenção a uma recomendação do ex-patrão. “As micros e pequenas empresas precisam se resguardar. Uma única ação na Justiça pode fechar a minha firma”, diz Bassanezi. Ele está muito preocupado com o ajuste fiscal. “As microempresas acabam sendo mais afetadas pelas medidas do governo e os consumidores não têm dinheiro.”

O governo Dilma saltou de um keynesianismo rastaquera para uma austeridade tosca. O risco de errar novamente a dose é alto, o que pioraria ainda mais uma economia já na UTI.

Paulo reúne estudiosos para debater avanços na Educação

O governador Paulo Câmara reuniu, nesta segunda-feira (30), no Palácio do Campo das Princesas, o conselho dos Amigos da Educação, composto por representantes das principais entidades que debatem o tema no Brasil. No encontro, o chefe do Executivo pernambucano buscou identificar novas estratégias com o objetivo de fazer com que Pernambuco possa avançar ainda mais na área.
 
O Estado obteve o maior crescimento do País no Ensino Médio, no que se refere ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), avançando 12 posições e chegando ao quarto lugar em 2013. Além disso, Pernambuco tem a menor taxa de abandono da modalidade; apenas 5% do alunado deixa de estudar nas escolas pernambucanas, enquanto a média nacional é de 50%.
 
Paulo considerou a reunião muito positiva. “Pernambuco tem feito muita coisa pela Educação. Hoje, tivemos a oportunidade de conversar com pessoas que têm estudado o tema e aplicado suas ideias em vários outros locais. Estamos trocando experiências, mostrando o que fizemos e o que podemos fazer. Recebemos muitas contribuições para elevar a qualidade do ensino, valorizar o professor e avançar mais no Ensino Integral e nos cursos técnicos. É isso que queremos: fazer um governo de avanço a partir do diálogo, ouvindo as boas experiências e aplicando em nosso Estado”, argumentou o governador.
 
O diretor-presidente do Instituto Natura, Pedro Villares, colocou as ferramentas da entidade à disposição do Governo e demonstrou interesse em ajudar o Estado a crescer. Para Villares, Pernambuco conseguiu “organizar a casa” e o sucesso da metodologia é notável. “O que me chamou mais atenção foi a excelência na gestão que existe em Pernambuco. Eu conheço vários sistemas estaduais e não conheço um sistema tão bem integrado, além de um governador que dedique a tarde inteira para analisar a estratégia de Educação do seu Estado”, cravou.
 
Presidente do Instituto de Co-responsabilidade pela Educação (ICE), Marcos Magalhães também ressaltou o sucesso do Estado na condução da área, principalmente, no quesito abandono escolar. “No Brasil, temos uma quantidade considerável de analfabetos funcionais; e 11% de jovens ingressando no Ensino Superior, isso comparado com os índices de 30% a 40% dos países desenvolvidos. Ou seja, há um longo caminho a percorrer, mas o que é fundamental é apontar para a direção certa. E, nesse caso, Pernambuco está na frente na gestão do seu sistema educacional”, avaliou Magalhães.
 
Já o secretário estadual de Educação, Fred Amâncio, que fez uma apresentação sobre o modelo educacional utilizado pelo Governo, disse que Pernambuco serve de exemplo para os demais estados da Federação. “A simples implantação da escola integral já eleva a autoestima da população e desperta o interesse da sociedade”, garantiu o titular da pasta.
 
Também participaram do encontro o vice-governador Raul Henry; a fundadora do Instituto Todos pela Educação, Maria Lucia Meirelles Reis; a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Paula Louzano; e o pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) no Rio de Janeiro, Pedro Schwartzman. 

Publicação reforça avanços obtidos através do Modelo de Gestão pernambucano

Com um modelo de gestão eficiente e reconhecido no Brasil e também no Mundo, o Governo de Pernambuco, através de sua equipe, em diferentes áreas de atuação, tem trabalhado para perpetuar o processo de evolução do serviço público estadual. Ao longo dos quase oito anos da atual gestão, diversos estudos foram realizados, através da iniciativa pública, para que Pernambuco se tornasse referência para outros estados e até países. Nesta segunda-feira (22/12), o Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Planejamento e Gestão, lançou o livro ‘Todos por Pernambuco em Tempos de Governança: Conquistas e Desafios’, escrito pelo professor Caio Marini.
Também foram apresentados os ‘Cadernos de Gestão Pública’, uma publicação com cinco volumes. “Pernambuco tem um plano de Governo bastante democrático, pois além de ouvir técnica a atual gestão, também buscou informações na sociedade civil”, ressaltou o autor, durante a cerimônia de lançamento, que aconteceu no Palácio do Campo das Princesas, no Recife.
 
“Essa publicação representa a consolidação do nosso modelo de gestão que tanto contribui para o desenvolvimento do Estado. Além disso, estamos deixando um documento que vai garantir a continuidade nesse processo”, disse o secretário de Planejamento e Gestão, Frederico Amâncio, lembrando que, a princípio, serão distribuídos mil exemplares do livro, mas que o conteúdo também tem uma versão eletrônica. Ainda de acordo com Amâncio, o modelo de gestão desenvolvido em Pernambuco foi citado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), na categoria sub-nacional, destacando a importância dos projetos pernambucanos.  
 
O secretário da Casa Civil, Luciano Vasquez, lembrou que a equipe do Governo sempre esteve envolvida na construção desse modelo de gestão, com a preocupação de fazer a máquina trabalhar com eficiência para o povo pernambucano. “Os primeiros passos foram dados ainda 2007, no início da atual gestão. A partir de agora, tunnamed (41)emos que garantir que a continuidade das ações”, pontuou o secretário.