“Eu não vou cair, isso aí é moleza”, afirma Dilma

Da Folha de S. Paulo

No auge da pior crise de seus quatro anos e meio de governo, a presidente Dilma Rousseff desafiou os que defendem sua saída prematura do Palácio do Planalto a tentar tirá-la da cadeira e a provar que ela algum dia “pegou um tostão” de dinheiro sujo.

“Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política”, disse a presidente nesta segunda-feira (6), durante entrevista exclusiva à Folha, a primeira desde que adversários voltaram a defender abertamente seu afastamento do cargo.

Apesar do cerco político que parece se fechar a cada dia, Dilma chamou os opositores para a briga. “Não tem base para eu cair, e venha tentar. Se tem uma coisa que não tenho medo é disso”, afirmou a presidente, acusando setores da oposição de serem “um tanto golpistas”.

Com dedo indicador direito erguido, foi mais enfática: “Não me atemorizam”. A presidente tirou o PMDB da lista de forças políticas que tentam derrubá-la. “O PMDB é ótimo”, disse Dilma, esquivando-se de responder sobre o flerte de figuras do partido com a tese do impeachment.

Dilma descartou a hipótese de renúncia e comentou o boato disseminado na internet, e prontamente desmentido por ela, de que havia tentado se matar. “Eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar lá [na cadeia, durante a ditadura militar], a troco de que eu quero me suicidar agora?”.

Folha – O ex-presidente Lula disse que ele e a sra. estavam no volume morto. Estão?

Dilma Rousseff – Respeito muito o presidente Lula. Ele tem todo o direito de dizer onde ele está e onde acha que eu estou. Mas não me sinto no volume morto não. Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida do país.

Lula disse que ajuste fiscal é coisa de tucano, mas a sra. fez.

Querido, podem querer, mas não faço crítica ao Lula. Não preciso. Deixa ele falar. O presidente Lula tem direito de falar o que quiser.

A sra. passa uma imagem forte, mas enfrenta uma fase difícil.

Outro dia postaram que eu tinha tentado suicídio, que estava traumatizadíssima. Não aposta nisso, gente. Foi cem mil vezes pior ser presa e torturada. Vivemos numa democracia. Não dá para achar que isso aqui seja uma tortura. Não é. É uma luta para construir um país. Eu não quis me suicidar na hora em que eles estavam querendo me matar! A troco de quê vou querer me suicidar agora? É absolutamente desproporcional. Não é da minha vida.

Renúncia também?

Também. Eu não sou culpada. Se tivesse culpa no cartório, me sentiria muito mal. Eu não tenho nenhuma. Nem do ponto de vista moral, nem do ponto de vista político.

A sra. fala que não tem relação com o petrolão, mas está pagando a conta?

Falam coisas do arco da velha de mim. Óbvio que não [tenho nada a ver com o petrolão]. Mas não estou falando que paguei conta nenhuma também. O Brasil merece que a gente apure coisas irregulares. Não vejo isso como pagar conta. É outro approach. Muda o país para melhor. Ponto.

Agora excesso, não [aceito]. Comprometer o Estado democrático de direito, não. Foi muito difícil conquistar. Garantir direito de defesa para as pessoas, sim. Impedir que as pessoas sejam de alguma forma ou de outra julgadas sem nenhum processo, também não [é possível].

O que acha da prisão dos presidentes da Odebrecht e Andrade Gutierrez?

Olha, não costumo analisar ação do Judiciário. Agora, acho estranho. Eu gostaria de maior fundamento para a prisão preventiva de pessoas conhecidas. Acho estranho só.

Não gostei daquela parte [da decisão do juiz Sergio Moro] que dizia que eles deveriam ser presos porque iriam participar no futuro do programa de investimento e logística e, portanto, iriam praticar crime continuado. Ora, o programa não tinha licitação. Não tinha nada.

A oposição prevê que a sra. não termina seu mandato.

Isso do ponto de vista de uma certa oposição um tanto quanto golpista. Eu não vou terminar por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real.

Não acho que toda a oposição que seja assim. Assim como tem diferenças na base do governo, tem dentro da oposição. Alguns podem até tentar, não tenho controle disso. Não é necessário apenas querer, é necessário provar.

Delatores dizem que doações eleitorais tiveram como origem propina na Petrobras.

Meu querido, é uma coisa estranha. Porque, para mim, no mesmo dia em que eu recebo doação, em quase igual valor o candidato adversário recebe também. O meu é propina e o dele não? Não sei o que perguntam. Eu conheço interrogatórios. Sei do que se trata. Eu acreditava no que estava fazendo e vi muita gente falar coisa que não queria nem devia. Não gosto de delatores.

Mesmo que seja para elucidar um caso de corrupção?

Não gosto desse tipo de prática. Não gosto. Acho que a pessoa, quando faz, faz fragilizadíssima. Eu vi gente muito fragilizada [falar]. Eu não sei qual é a reação de uma pessoa que fica presa, longe dos seus, e o que ela fala. E como ela fala. Todos nós temos limites. Nenhum de nós é super-homem ou supermulher. Mas acho ruim a instituição, entendeu? Transformar alguém em delator é fogo.

Tem gente no PMDB querendo tirar a sra. do cargo.

Quem quer me tirar não é o PMDB. Nã-nã-nã-não! De jeito nenhum. Eu acho que o PMDB é ótimo. As derrotas que tivemos podem ser revertidas. Aqui tudo vira crise.

Parece que está todo mundo querendo derrubar a sra.

O que você quer que eu faça? Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza, isso é luta política. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou. Não tem base para eu cair. E venha tentar, venha tentar. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é disso. Não conte que eu vou ficar nervosa, com medo. Não me aterrorizam.

E se mexerem na sua biografia.

Ô, querida, e vão mexer como? Vão reescrever? Vão provar que algum dia peguei um tostão? Vão? Quero ver algum deles provar. Todo mundo neste país sabe que não. Quando eles corrompem, eles sabem quem é corrompido.

‘Não respeito delator’, diz Dilma sobre acusação de empreiteiro na Lava Jato

Da Folhapress

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (29), referindo-se ao depoimento do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, que “não respeita delator”.

Em entrevista à imprensa em Nova York, onde começou sua visita pelos Estados Unidos no final de semana, Dilma negou que tenha recebido dinheiro ilícito em sua campanha à reeleição, no ano passado.

Em delação premiada, Pessoa disse que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras. O montante foi doado legalmente. Em seus depoimentos, ele teria mencionado ainda doações ilegais de R$ 15,7 milhões a ex-tesoureiros do PT e da campanha de Dilma.

“Não tenho esse tipo de prática. Não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro, porque não houve. Segundo, porque, se insinuam, alguns têm interesses políticos”, disse Dilma.

“Na mesma época em que recebi os recursos, no segundo turno, o candidato que concorreu comigo recebeu também, com uma diferença muito pequena de valores, o Aécio Neves [PSDB]”, afirmou a presidente.

Dilma disse que aprendeu na escola a não gostar de Joaquim Silvério dos Reis, o delator da Inconfidência Mineira (primeira tentativa de emancipação do Brasil de Portugal).

“Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que resistir, porque se não você entrega seus presos.”

Ainda assim, a presidente defendeu que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem a delação de Pessoa. E afirmou que tomará providências se o empresário a citar nos depoimentos.

Dilma afirmou que não recebeu o executivo em todo o seu primeiro mandato e disse que “não respeita nenhuma fala” dele.

SEMINÁRIO

Minutos antes, em palestra a empresários americanos e brasileiros em um seminário, Dilma falou que os Estados Unidos “eram parceiros fundamentais” do Brasil e que ambos os países tinham muitas semelhanças. “Somos uma economia de mercado, respeitamos contratos, temos tradição de transparência e segurança jurídica”.

“[Brasil e EUA] são sociedades democráticas com instituições sólidas e valores civilizatórias”, discursou.

Acrescentou que 3.000 empresas americanas atuam no Brasil e que, durante a visita que fará à Califórnia na quarta (1º), priorizará três áreas: tecnologia de informação, biotecnologia e defesa, sobretudo aeroespacial.

Armando e Dilma se reúnem com empresários nos Estados Unidos

Encontro discutiu os principais aspectos da relação bilateral em temas como o comércio (Foto: Divulgação)

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, esteve neste domingo (28) no primeiro compromisso da agenda de visita oficial da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos. Em uma reunião, no Hotel St. Regis, com 24 empresários e dirigentes de entidades brasileiras, foram discutidos os principais aspectos da relação bilateral nos temas de comércio, inovação e investimentos. Também participaram do encontro os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Renato Janine Ribeiro (Educação) e o presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Davi Barioni.

Representantes do setor produtivo das áreas de máquinas e equipamentos, químico e farmacêutico, petroquímico, eletroeletrônico, têxtil, biotecnologia, energia renovável, metalurgia, serviços de informação e agronegócios foram unânimes no reconhecimento da importância da visita para o relançamento e aprofundamento da relação comercial entre Brasil e EUA.

Foram discutidos temas ligados à agenda de convergência regulatória e harmonização de normas – considerada fundamental para a indústria têxtil, por exemplo –; a necessidade de ampliar o mercado americano para o etanol e o açúcar brasileiros; e as grandes oportunidades na área de inovação.

Armando Monteiro lembrou que a visita foi precedida de ampla consulta ao setor privado: “Conversamos com muitos setores e construímos esta agenda conjuntamente. O engajamento do setor privado é essencial para o sucesso do adensamento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos”, disse.

Na avaliação do ministro, o primeiro compromisso foi um sucesso. “Fizemos uma reunião muito construtiva e houve muita concordância entre os empresários sobre a importância da visita e a agenda que estamos construindo, em especial de convergência regulatória. Temos a perspectiva clara de dobrar a corrente de comercio com os EUA nos próximos dez anos – e esta visita é um passo importante para alcançar esse objetivo”, afirmou.

Apesar de crise, Dilma quer ter imagem humana

Por ANDRÉIA SADI, VALDO CRUZ e NATUZA NERY
Da Folha de S. Paulo

Apesar dos 10% de popularidade, inflação de quase 9% e rusgas com o padrinho Lula, a presidente Dilma Rousseff tem esbanjado sorriso em solenidades, passeia quase diariamente de bicicleta e surpreende com frases como a que saudou a mandioca.

Os mais próximos tentam blindar a presidente, afirmando que mesmo em meio ao turbilhão político e econômico, ela ainda “tranquila” e que a nova silhueta tem ajudado, após dieta que a fez enxugar mais de 10 quilos.

A nova imagem, um esforço para “humanizar” o figurino de mandatária turrona, combina pouco com os bastidores que ministros narram reservadamente.

Há alguns dias, ela tirou uma assessora do controle de um Power Point e começou a mudá-lo durante uma reunião de trabalho sobre previdência. “Sai daí, deixa isso comigo”, disse ela, tomando o assento da auxiliar.

Além dos problemas da vez, agravados pela Lava Jato, Dilma trava batalhas para tentar reaver algum patamar de popularidade e evitar que um Congresso hostil imponha mais perdas.

Recentemente, queixou-se de críticas feitas pelo antecessor à sua gestão. Algo raro. Pouquíssimos auxiliares viram cena assim. Ficou “pasma”, disse um deles.

Para resolver as animosidades, ela mandou um emissário ao Instituto Lula. Coube ao ministro Edinho Silva (Comunicação Social) conversar com o líder do PT.

Petistas com trânsito junto aos dois contam que a relação nunca foi tão ruim. “Ele está de saco cheio de falar e não ser ouvido”.

Mas ninguém aposta em rompimento. As dificuldades transformam criador e criatura em personagens dependentes entre si. O fracasso de um levaria outro, dizem.

Lula ouviu apelos para que contenha as críticas e assuma o papel de liderança em meio à crise. Ele teria prometido pensar em um jeito para defender o governo.

Mercadante: Dilma deve se pronunciar sobre denúncias de doação ilegal

Do Blog de Jamildo
Com informações de agências

A presidente Dilma Rousseff escalou, neste sábado (27), os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Edinho Silva (Comunicação Social) para rebater as acusações sobre dinheiro ilegal para a sua campanha presidencial em 2014. A acusação foi feita em delação premiada pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, no âmbito da Operação Lava Jato, e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na quinta-feira (25). A última edição da revista “Veja” traz uma reportagem na qual o empreiteiro teria delatado 18 políticos ou campanhas que supostamente teriam sido beneficiados com o dinheiro do esquema oriundo da corrupção da Petrobras. Mercadante e Edinho, que foi coordenador da campanha presidencial de Dilma, são citados.

Os dois ministros deram entrevista coletiva nesta tarde, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, que embarcou logo depois para os Estados Unidos. O ministro da Comunicação Social criticou o que chamou de “vazamento seletivo” de conteúdo de delação premiada. Já Mercadante disse que a presidente deve falar em breve com a imprensa sobre dinheiro de origem duvidosa que sua campanha eleitoral de 2014 teria recebido, de acordo com a mesma reportagem.

Na reportagem, Ricardo Pessoa afirmou que doou oficialmente R$ 7,5 milhões à campanha de reeleição da presidente no ano passado por temer prejuízos em seus negócios com a Petrobras, caso não ajudasse o PT. A doação foi feita legalmente e ele disse que tratou da contribuição diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secom, Edinho Silva.

VIAGEM

Após a reunião, a presidente embarcou para os EUA em viagem para atrair investidores para o Plano de Investimento em Logística, lançado este mês. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, iria acompanhar a presidente na viagem, mas cancelou sua participação na comitiva.

Em entrevista coletiva concedida na tarde deste sábado, o ministro admitiu que desistiu de acompanhar a presidente Dilma para defender o governo das acusações. “Eu queria estar aqui, eu queria explicar todas as vezes que fosse necessário. Tenho como homem público obrigação de prestar esclarecimentos. Quem não deve não teme. Por isso também eu fiquei”, disse.

PRESSÃO DO PT

O relato da delação de Pessoa diz que ele fez repasses ilegais à campanha de Mercadante, ao governo de São Paulo em 2010. De acordo com a prestação de contas apresentada pelo PT à Justiça Eleitoral em 2010, a UTC doou R$ 250 mil para a campanha do petista. O ministro da Casa Civil afirmou que todas as contribuições para sua campanha em 2010 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral e estão registradas na prestação de contas entregue ao TSE.

“De fato as empresas contribuíram com R$ 500 mil. R$ 250 mil foram doados no dia 29/7/2010 pela Constran e a outra metade pela UTC no dia 27/8/2010. É só entrar [na Justiça Eleitoral] e estão lá as duas doações, o que mostra que as duas contribuições foram legais, estão oficializadas, portanto não procede essa suspeição”, disse Mercadante.

“INDIGNADO”

Também em entrevista coletiva, o ministro Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social) reagiu à delação de Ricardo Pessoa e disse que causa “indignação” a tentativa de criminalizar doações legais. Ele disse que não se calará diante de ataques sobre sua conduta como tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014.

“Faço questão de ser ouvido nos autos. Caso se confirme as mentiras divulgadas pela imprensa eu tomarei as medidas judiciais em defesa da minha honra.” Questionado se o governo teme que as denúncias reacendam o debate de um impeachment, Silva respondeu: “Não há fundamento legal para isso. O que estamos enfrentando neste momento é o vazamento seletivo de uma delação premiada. Algo que precisa ser provado”. Ele disse que seu cargo está à disposição. “Quem contrata e quem exonera é a presidente Dilma.” Silva voltou a dizer que as contas da campanha de Dilma foram auditadas e aprovadas pelo TSE.

IMPEACHMENT

Partidos de oposição pediram, neste sábado (27), o afastamento da presidente Dilma Rousseff devido ao vazamento do conteúdo da delação premiada do empreiteiro. O Planalto e o PT negam ter recebido dinheiro de forma irregular. “Se ela (Dilma) não pedir o afastamento e as apurações, estará, com seu silêncio e inércia, dando veracidade ao conteúdo da delação”, disse Rubens Bueno (PPS-PR).

Já o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que as afirmações de Pessoa, dono da UTC, devem levar à abertura de um processo de impeachment contra Dilma. “Esse depoimento de Ricardo Pessoa é a prova que as campanhas de Dilma foram irrigadas com dinheiro roubado da Petrobras. Isso é motivo mais que suficiente para Dilma perder o mandato e para convocarmos novas eleições”, afirmou.

Se Dilma sofrer um impeachment, quem assume é o vice, Michel Temer (PMDB-SP). Novas eleições só ocorrem se ambos, Dilma e Temer, forem impedidos. Se isso acontecer nos dois primeiros anos de mandato, há um novo pleito direto. Nos dois últimos, uma eleição indireta no Congresso. Em ambos os casos, o país é comandado interinamente pelo presidente da Câmara.

PETROBRAS

Ricardo Pessoa disse em sua delação, de acordo com reportagem da revista “Veja”, que negociou o pagamento de R$ 5 milhões ao então senador Gim Argello (PTB-DF) para enterrar a CPI mista da Petrobras no ano passado.

Argello foi vice-presidente da CPI e, segundo a revista, foi o porta-voz da negociação porque exercia influência sobre o presidente da CPI, então senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e o relator, deputado Marco Maia (PT-RS).

Ainda de acordo com a “Veja”, os recursos foram distribuídos entre eles por meio de doações oficiais. A CPI terminou sem ter convocado empreiteiros nem pedido o indiciamento deles. Gim Argello não retornou aos contatos da reportagem na manhã deste sábado (27). Na sexta (26), ele havia afirmado que as doações recebidas da UTC foram legais.

Outro senador denunciado por Pessoa em sua delação foi o ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL). Segundo a “Veja”, Collor usou sua influência na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, para pedir propina ao dono da UTC.

Pessoa relatou ter pagado R$ 20 milhões ao senador, por intermédio do seu ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos. Eles já são investigados em inquérito no Supremo Tribunal Federal no caso Lava Jato. A assessoria de Collor não atendeu aos contatos da reportagem.

Reprovação ao governo Dilma chega a 65% do eleitorado, diz Datafolha

Da Reuters

A presidente Dilma Rousseff é avaliada como ruim ou péssima por 65 por cento do eleitorado, informou pesquisa do Datafolha, segundo publicou o jornal Folha de S.Paulo em seu site neste sábado.

De acordo com o levantamento, no histórico de pesquisas nacionais de avaliação presidencial do instituto, essa taxa de reprovação só não é pior que os 68 por cento de ruim e péssimo alcançados pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em setembro de 1992, poucos dias antes de seu impeachment.

Considerando a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, trata-se praticamente de um empate, segundo o instituto.

A maior reprovação ao governo ocorre em meio a eventos como o risco de rejeição das contas públicas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União e a nova fase da Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras.

O levantamento foi feito na quarta e quinta-feira. Somente 10 por cento dos brasileiros entrevistados classificam o governo Dilma como bom ou ótimo.

Em relação à pesquisa de abril, a reprovação de Dilma subiu cinco pontos, enquanto a aprovação oscilou três para baixo.

Brasil enfrenta ‘dificuldade momentânea’, afirma Dilma

asaasasa

Presidente concede entrevista ao “Programa do Jô”, exibido na TV Globo (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

Da Folhapress

Em entrevista ao “Programa do Jô”, a presidente Dilma Rousseff defendeu o ajuste fiscal e reforçou o discurso de que o cenário de dificuldade econômica no país é “momentâneo”.

Na conversa, Dilma prometeu fazer “o possível e o impossível” para o país “voltar a ter uma inflação bem estável, dentro da meta” e avaliou que a situação econômica do país deve melhorar no final deste ano. “O Brasil tem uma estrutura forte. Nós estamos enfrentando uma dificuldade momentânea. Vamos superar essa dificuldade”, disse.

A entrevista foi gravada na tarde de sexta-feira no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, e foi ao ar na madrugada deste sábado (13). Ao longo dos três blocos do programa, Dilma comentou temas como saúde, educação, crise na Petrobras e, principalmente, a economia do país.

“O Brasil não passa por uma situação em que ele é estruturalmente doente. Pelo contrário, ele está momentaneamente com problemas e dificuldades. Por isso que é importante fazer logo o ajuste pra gente sair o mais rápido possível dessa situação”, disse na entrevista.

Ela reconheceu que o aumento do preço dos alimentos “é uma das coisas que mais me preocupam”. “Sei que é passageiro, mas sei também que mesmo sendo passageiro, afeta o dia a dia das pessoas.”

Questionada sobre a taxação de grandes fortunas, a presidente respondeu: “É uma ideia que deve ser avaliada, como todas as boas ideias”.

INVESTIMENTOS

Dilma destacou que, ao mesmo tempo em que é feito o ajuste fiscal, o governo vem mantendo investimentos e citou como exemplo o lançamento recente de pacote de concessões em obras de infraestrutura.

Ela mencionou que, em agosto, será lançado uma nova etapa do programa Minha Casa Minha Vida, com mais 3 milhões de moradias disponíveis e fez elogios ao legado deixado pela Copa do Mundo no Brasil. “Nós até podemos ter perdido de 7 a 1 dentro do campo, mas ganhamos fora do campo.”

PETROBRAS
Questionada sobre o que a motivou a trocar a diretoria da Petrobras em 2012, Dilma justificou que tomou decisão porque “não eram pessoas da minha confiança”. Entre os que deixaram a empresa, estava Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.

“A Petrobras não é um barquinho que você vira rapidamente. Passou um ano e eu troquei a diretoria toda e coloquei uma diretoria da minha confiança. Foi isso o que eu fiz.” Ela voltou a afirmar que a empresa “virou a página” e “está no caminho certo”. “Pode ter certeza: [a Petrobras] será uma das empresas mais lucrativas do mundo nessa área.”

POLÍTICA

Na conversa, Dilma fez afagos ao vice-presidente Michel Temer, articulador político do Planalto, e minimizou protestos contra sua gestão. “Eu acho o Temer um grande parlamentar, com muita experiência. É extremamente hábil”, disse sobre o peemedebista.

Sobre manifestações contrárias ao seu governo, disse que “diante de radicais, o melhor remédio é a democracia”. “O Brasil não pode achar estranho as manifestações. Elas têm de ser vistas como algo normal. Sempre defenderei o direito e liberdade de expressão de quem quer que seja.”

Mais tarde, ela ponderou, no entanto, que a sociedade brasileira muitas vezes é excessivamente crítica. “No Brasil tem uma coisa que não vejo em outros países: eu acho que nós somos mais críticos conosco do que nós merecemos”.

Esta foi a segunda entrevista de Dilma a Jô Soares. Em 2008, ela participou do “Programa do Jô” ainda na condição de ministra da Casa Civil. A gravação durou cerca de 70 minutos.

“NINGUÉM É DE FERRO”

O apresentador questionou a presidente se, diante das críticas recorrentes na imprensa, ela ainda lê jornal. “Eu leio. Presidente tem de conviver com isso, todo dia. Tem hora…eles exageram um pouco, pegam pesado. É da atividade pública. () Eu não levo no pessoal. Agora, se quer saber se fico triste? Fico sim. Algumas horas, bastante triste. Porque é aquele negócio: ninguém é de ferro”, resumiu Dilma.

Em seguida, ponderou ter “imensa capacidade de resistir”. “Aprendi ao longo da vida. Me prenderam, me botaram na cadeia, aprendi a resistir. Tem que ter tranquilidade para aguentar sabendo que uma hora, passa”.

Dilma pede união para ajudar Brasil a superar crise e voltar a crescer

Depois de dizer que o novo plano de concessões de infraestrutura representa uma “virada de página” do governo para a retomada do crescimento da economia, a presidenta Dilma Rousseff pediu hoje (9) união para que o país possa superar obstáculos e voltar a se desenvolver.

“Todos nós devemos nos juntar para realizar um trabalho conjunto em favor dos interesses nacionais. O verdadeiro exercício da democracia, sobretudo o verdadeiro exercício da relação construtiva do país, de uma nação, é tarefa de todos nós, cada um fazendo a sua parte”, disse ela, em discurso durante o lançamento da nova etapa do Programa de Investimentos em Logística.

Dilma defendeu “a tolerância do convívio” e destacou a necessidade de parcerias como a que o governo terá com os estados e a iniciativa privada para levar adiante os investimentos em concessões de infraestrutura. “Isso não significa que tenhamos todos o mesmo entendimento, a mesma compreensão, os mesmos posicionamentos, mas significa que temos todos a tolerância do convívio, e, sem exceção, a consciência de que construir um país e uma nação é tarefa de todos, não é tarefa de poucos.”

A presidenta destacou que a sua condução política é uma “fonte” e uma “ponte” de diálogo. “Quanto mais rápidos nos unirmos, mais rápido vamos vencer os obstáculos.”

A nova etapa do Programa de Investimento em Logística prevê a aplicação de R$ 198,4 bilhões, com o objetivo de destravar a economia nos próximos anos. Para as rodovias, serão destinados R$ 66,1 bilhões. As ferrovias receberão R$ 86,4 bilhões. Já os investimentos nos portos somam R$ 37,4 bilhões e aos aeroportos serão destinados R$ 8,5 bilhões.

Do total de recursos previstos, R$ 69,2 bilhões serão investidos entre 2015 e 2018. A partir de 2019, o programa prevê investimentos de R$ 129,2 bilhões.

Da Agência Brasil

Reprovação do governo Dilma no DF chega a 84%

Levantamento realizado pelo instituto Paraná Pesquisas aponta que 84% dos moradores do Distrito Federal (DF) reprovam o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). O instituto ouviu 1.280 eleitores entre os dias 25 e 28 de maio. A pesquisa tem grau de confiança de 95% e margem de erro de três pontos percentuais.

De acordo com o levantamento, apenas 12,2% dos brasilienses aprovam o segundo mandato da presidente Dilma, enquanto 3,8%  disseram não saber opinar ou não responderam aos questionamentos. Os dados do instituto Paraná Pesquisas também indicam que o maior índice de reprovação está entre as mulheres. Ao todo, 85,1% das eleitoras rejeitam a administração da presidenta. O índice de reprovação entre os homens é de 82,8%.

Por faixa etária, o maior percentual de rejeição ao governo Dilma está entre as pessoas de 35 a 44 anos de idade: 87%. E por escolaridade, a maior taxa de desaprovação está entre os eleitores que têm apenas o ensino médio: 85,7%.

De acordo com o diretor do Paraná Pesquisa, Murilo Hidalgo, a queda de popularidade da presidente Dilma é fruto de uma combinação da crise econômica com o anúncio de várias medidas impopulares inclusas no pacote do ajuste fiscal, somados aos sucessivos casos de corrupção deflagrados pela Operação Lava Jato.

“Na época do ex-presidente Lula, ele passou incólume por vários escândalos, como o mensalão, porque a economia era pujante”, disse Hidalgo. “A crise econômica sem dúvida é o fator que mais pesa na queda de popularidade da Dilma. Mas, do outro lado, se a economia melhorar, ela deve recuperar parte deste prestígio”, complementou.

Voo tucano

Além disso, o instituto Paraná Pesquisas também fez uma simulação de eleição presidencial utilizando os nomes do senador Aécio Neves (PSDB), da ex-ministra Marina Silva (PSB), do ex-presidente Lula (PT) e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Entre estes quatro, Aécio dispara na preferência do eleitor candango.

Ao todo, 40,3% dos eleitores disseram que votariam no tucano em novo pleito para escolha de presidente. Marina Silva aparece em segundo lugar, com 24,7% da preferência do eleitorado. Lula figura apenas na terceira colocação, com 17,6%. Cunha teria hoje apenas 3,4% de preferência dos eleitores. “Esses dados indicam que a queda da popularidade da Dilma já atinge o ex-presidente Lula”, ressalta Hidalgo.

Congresso em Foco

Dilma Rousseff reúne ministros para definir corte no Orçamento

Do Último Segundo

O corte no Orçamento deste ano será anunciado até o dia 22 de maio e, para isso, a presidente Dilma Rousseff reunirá o núcleo do governo no final da tarde de domingo (17) para definir o valor a ser contingenciado. O objetivo é cumprir a meta de superávit primário, de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).

Foram convocados para a reunião, que ocorrerá no Palácio da Alvorada, os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante; do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Fazenda, Joaquim Levy.

Inicialmente, o governo iria esperar a aprovação no Congresso das medidas do pacote fiscal para definir o valor do corte. No entanto, já se sabe que a tramitação das duas medidas, agora no Senado, não será vencida antes de findar o prazo legal para o anúncio do contingenciamento, que é de um mês após a aprovação do Orçamento, que ocorreu no dia 22 de abril.

O próprio vice-presidente Michel Temer disse que o governo iria fazer um contingenciamento mais “radical” caso o Congresso não aprovasse as medidas. A expectativa é que o corte neste ano supere em muito os contingenciamentos feitos em anos anteriores.

A expectativa no Planalto é de que o corte seja bem superior aos feitos no primeiro mandato de Dilma. A presidente chegou a declarar que será “significativo” o valor a ser economizado.

Em 2011, primeiro ano de Dilma, o bloqueio foi de R$ 50 bilhões. Em 2012, esse valor subiu para R$ 55 bilhões. Já em 2013, o corte foi de R$ 38 bilhões e em 2014, R$ 44 bilhões.