77% dos brasileiros dizem que excesso de burocracia prejudica o crescimento econômico

Os brasileiros acreditam que o excesso de burocracia aumenta os gastos
públicos, estimula a corrupção e a informalidade e é um dos principais
entraves ao crescimento econômico. Por isso, a redução da burocracia deve
ser uma das prioridades do governo.  As conclusões são da pesquisa Retratos
da Sociedade Brasileira – Burocracia, feita pela Confederação Nacional da
Indústria (CNI), em parceria com o Ibope, com 2.002 pessoas em 142
municípios.

De acordo com a pesquisa, 77% dos entrevistados consideram o Brasil um país
muito burocrático ou burocrático, e 62% dizem que a redução da burocracia
deve ser uma das prioridades do governo. Entre os entrevistados, 74%
concordam total ou parcialmente que o excesso de burocracia desestimula os
negócios, incentiva a corrupção e a informalidade e faz o governo a gastar
mais do que o necessário. A pesquisa indica que 77% acreditam que o excesso
de burocracia é uma das principais dificuldades para o crescimento da
economia brasileira. Entre as pessoas com renda familiar acima de cinco
salários mínimos, esse número sobe para 82%.

A pesquisa mostra ainda que 60% das pessoas concordam totalmente ou em
parte que a burocracia afeta mais as empresas do que os cidadãos. Além
disso, 75% afirmam que o excesso de burocracia eleva os preços dos produtos
e serviços. Na região Sul, esse número aumenta para 84% e, no Sudeste,
alcança 80%.

Baseados na própria experiência ou no que já ouviram falar, os brasileiros
acreditam que os serviços ou procedimentos mais complicados são: em
primeiro lugar, encerrar uma empresa, em segundo, abrir ou constituir uma
empresa, em terceiro, comprar um imóvel, em quarto, fazer um inventário e,
em quinto lugar, requerer aposentadoria ou pensão. Na sequência, vem tirar
passaporte, conseguir licenças para construção ou reforma da casa e alugar
um imóvel.  Os procedimentos considerados menos difíceis são: tirar o CPF,
tirar a carteira de identidade, tirar carteira de trabalho, fazer o
registro de nascimento e o de casamento.

*AJUDA DE ESPECIALISTAS *- Na opinião da população, fazer a declaração do
Imposto de Renda é o procedimento que mais requer ajuda especializada: 29%
das pessoas contrataram um profissional ou empresa especializada para
prestar contas à Receita Federal, e 12% pediram ajuda de parentes ou
amigos. Em seguida, aparece o encerramento de empresa, procedimento para o
qual 27% contrataram empresa especializada. O mesmo ocorreu com as pessoas
que abriram uma empresa.

Entre os procedimentos em que os entrevistados menos precisaram de ajuda
estão limpar o nome na Serasa ou no Serviço de Proteção ao Crédito, pedir o
desligamento de serviços de água e luz, e receber direitos trabalhistas,
como FGTS e seguro desemprego. Nesses três casos, mais de 90% das pessoas
afirmaram terem feito o trabalho sozinhas.

Na avaliação de 77% dos brasileiros, os documentos de identificação, como
carteira de identidade, CPF, carteira de motorista, título de eleitor e
cartão do PIS-Pasep deveriam ser unificados. “A medida reduziria o excesso
de documentos exigidos para que os cidadãos possam exercer seus direitos e
deveres”, diz a pesquisa da CNI. Entre as pessoas com renda familiar
superior a cinco salários mínimos, 81% defendem a unificação dos documentos
de identificação. O número cai para 70% entre os que têm renda familiar de
até um salário mínimo, informa a pesquisa feita entre 5 e 8 de dezembro de
2014.

Obesidade estabiliza no Brasil, mas excesso de peso aumenta

O índice de obesidade está estável no país, mas o número de brasileiros acima do peso é cada vez maior. Pesquisa do Ministério da Saúde, Vigitel 2014, alerta que o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta do país. Essa taxa, nove anos atrás, era de 43% – o que representa um crescimento de 23% no período. Também preocupa a proporção de pessoas com mais de 18 anos com obesidade, 17,9%, embora este percentual não tenha sofrido alteração nos últimos anos. Os quilos a mais na balança são fatores de risco para doenças crônicas, como as do coração, hipertensão e diabetes, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil.

Entre os homens e as mulheres brasileiros, são eles que registram os maiores percentuais. O índice de excesso de peso na população masculina chega a 56,5% contra 49,1% entre elas, embora não exista uma diferença significativa entre os dois sexos quando o assunto é obesidade. Em relação à idade, os jovens (18 a 24 anos) são os que registram as melhores taxas, com 38% pesando acima do ideal, enquanto as pessoas de 45 a 64 anos ultrapassam 61%.

A pesquisa demonstra ainda que as pessoas com menor escolaridade, 0 a 8 anos de estudo, registram a maior índice, 58,9%, enquanto 45% do grupo que estudou 12 anos ou mais está acima do peso. O impacto da escolaridade é ainda maior entre as mulheres, em que o índice estre os mais escolarizados é ainda menor, 36,1%. As mesmas diferenças se repetem com os dados de obesidade. O índice é maior entre os que estudaram por até 8 anos (22,7%) e menor entre os que estudaram 12 anos ou mais (12,3%).

O Vigitel 2014 entrevistou, por inquérito telefônico, entre fevereiro e dezembro de 2014, 40.853 pessoas com mais de 18 anos que vivem nas capitais de todos os estados do país e do Distrito Federal. Realizada desde 2006 pelo Ministério da Saúde, a pesquisa, ao medir a prevalência de fatores de risco e proteção para doenças não transmissíveis na população brasileira, serve para subsidiar as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças.

Além do avanço do excesso de peso e da obesidade, outros indicadores levantados pelo Vigitel também apontam para o maior risco de doenças crônicas entre os brasileiros. Do total de entrevistados em todo o país, 20% disseram ter diagnóstico médico de colesterol alto. Nesse caso, são as mulheres que registram percentual acima da média nacional, de 22,2%, contra 17,6% entre os homens. Em ambos os sexos, a doença se torna mais comum com o avanço da idade e entre as pessoas de menor escolaridade. Entre os que tem mais de 55 anos o índice ultrapassa 35%.