PT continua apreensivo com Mantega

Mesmo depois da decisão do juiz federal Sérgio Moro de revogar a prisão temporária de Guido Mantega, o PT permanece apreensivo em relação ao que dirá o ex-ministro da Fazenda depois das revelações feitas na fase “Arquivo X” da Operação Lava Jato.

Petistas ouvidos pelo blog reconhecem que a situação de Mantega ficou extremamente delicada depois do conteúdo do depoimento do empresário Eike Batista relatando que pagou propina no exterior para os publicitários João Santana e Mônica Moura por determinação do próprio ex-ministro.

Segundo petistas, outros depoimentos, como da própria Mônica Moura, poderão influenciar em uma delação premiada de Mantega.

Antes da revogação da prisão, petistas já temiam que a permanência prolongada do ex-ministro da Fazenda na prisão pudesse influenciar numa eventual colaboração.

“Mas claramente Guido está em situação fragilizada tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista jurídico. E isso pode influenciar na decisão de colaboração”, disse ao Blog um integrante da cúpula petista.

Há o temor de que outros empresários também façam relatos semelhantes dentro da Lava Jato como fez Eike Batista ao se antecipar depois do relato de que ele passou recursos ao exterior para os publicitários do PT.

Mantega defende ajuste fiscal proposto por Joaquim Levy

Da Agência Brasil

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega defendeu hoje (27) o ajuste fiscal proposto pelo atual ocupante da pasta, Joaquim Levy. Em audiência pública na Comissão Parlamentar (CPI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que durou pouco mais de quatro horas, ele declarou ser necessário que o país passe por um reequilíbrio das contas públicas ao fim de um ciclo de crescimento.

“Reconheço que há necessidade de fazer um ajuste. Todos os países, depois de determinado ciclo, têm de fazer um ajuste, procurar diminuir despesas, procurar fôlego para um novo ciclo”, disse Mantega.

Para o ex-ministro, a crise econômica no Brasil, que atravessa uma fase de baixo crescimento, inflação alta e aumento do desemprego, decorre do prolongamento da crise internacional. “A crise atrapalhou tudo. A gente não esperava que ela se prolongasse. Seguindo a projeção do FMI [Fundo Monetário Internacional], o mundo já teria se recuperado em 2013”, afirmou. Mantega, no entanto, ponderou que o Brasil tem condições de superar a crise, principalmente porque mantém um grande estoque de reservas internacionais, atualmente em torno de US$ 371,5 bilhões.

O ex-ministro da Fazenda disse ainda que 2015 será o ano mais difícil dos países emergentes, marcado pela desvalorização cambial, pela queda do preço das commodities (bens primários com cotação internacional) e fuga de capitais. Para ele, a crise econômica iniciada em 2008 está na terceira fase, com impacto sobre os países emergentes, como o Brasil, a China e a Rússia. Segundo Mantega, a crise teve como epicentro os Estados Unidos, na primeira fase, e a União Europeia, na segunda.