Análise FIRJAN: Caruaru está entre os primeiros do Estado

O Sistema FIRJAN é hoje mais um importante referencial quanto ao fornecimento de dados e análises técnicas, inclusive em relação aos municípios brasileiros. Cinco organizações compõem o Sistema FIRJAN: Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Centro Industrial do Rio de Janeiro, SESI – Serviço Social da Indústria, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e IEL – Instituto Euvaldo Lodi.

O Índice FIRJAN de Gestão Fiscal – IFGF (Edição 2015 que toma como base o exercício de 2013) analisa dados das prefeituras, disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), e é composto por cinco indicadores: Receita Própria, Gastos com Pessoal, Investimentos, Liquidez e Custo da Dívida. O FIRJAN busca um cenário relativo a 5.243 municípios brasileiros e, desta forma, como todo indicador, deve ser analisado com critérios para que não se faça considerações precipitadas ou parciais. Nas análises do FIRJAN 2015, o índice de Caruaru aparece com indicador baixo, na média geral, devido a falta de pontuação no critério liquidez.

Nos dados e informações disponibilizados pelo FIRJAN está que no conceito do IFGF Liquidez a proporção de cidades com conceito D avançou, de 25,1% em 2012 para 26,7% em 2013. Isso significa que 1.401 cidades encerraram 2013 com mais obrigações em circulação do que recursos em caixa para cobri-las no ano seguinte e, por isso, receberam nota zero no IFGF Liquidez.

Ressalta o FIRJAN que mais da metade desses municípios (757, ou 54,0%) está no Nordeste. Numa análise técnica deve ser divulgado que até capitais estão na mesma situação de Caruaru nesse indicador, a exemplo de Belo Horizonte/MG, João Pessoa/PB e São Luís/MA. A explicação pode ser obtida com dados e fatos. Se observarmos um outro indicador que é referência nacional, o Anuário Multi Cidades (Edição 2014/Exercício 2013 – Pág. 62), temos que Caruaru recebeu FPM menor em 2013 (R$ 71.952 mil) que o de 2011(R$ 76.310 mil).

Nesse contexto também estão as capitais já citadas (Belo Horizonte/MG, João Pessoa/PB e São Luís/MA). Por outro lado é sabido que os municípios têm anualmente obrigações com reajustes salariais impostos pelo Governo Federal, e que independem ou não se relacionam com essa queda no repasse do FPM (salário mínimo, piso professores, etc.), mas que sacrificam suas receitas próprias favorecendo esse cenário de falta de liquidez e gastos com pessoal. Aqui temos ainda o agravante de Caruaru ser um município polo, suportando prestar serviços e atendimentos dos mais diversos à população de municípios vizinhosm, e isso pesa muito nas despesas, em especial com educação e saúde. A título de exemplo, nossas unidades de atendimento médico não prestam serviços apenas à população caruaruense, mas a diversos outros cidadãos pernambucanos e até de Estados vizinhos. Vale observar que o FIRJAN não cita apenas a questão da liquidez.

No outro indicador analisado, IFGF Custo da Dívida, Caruaru aparece com conceito “A”, ou seja, “Gestão de Excelência”. Esse índice avalia o comprometimento das Receitas Líquidas Reais com o pagamento de juros e amortizações de empréstimos contraídos em anos anteriores. Traz o FIRJAN que a grande maioria das prefeituras brasileira não possui acesso ao mercado de crédito, fazendo com que a dificuldade com o pagamento de juros e amortizações fique concentrada nos municípios maiores. Desta forma, assim como Caruaru, aparecem com conceito “A” as capitais nordestinas: Aracaju/SE, Fortaleza/CE, João Pessoa/PB, Natal/RN, São Luís/MA e Teresina/PI.

Capitais como Recife/PE e Rio de Janeiro/RJ estão no conceito “B”, ou seja, ainda em boa situação. Salvador/BA teve conceito “C”. Belo Horizonte/MG e São Paulo/SP registraram conceito “D”, ou seja, cenário de “Gestão Crítica”. Essa exposição pretende apenas demonstrar que os indicadores necessitam de análises mais detalhadas para que o leitor, em especial o menos especializado, não faça juízo de valor fora da realidade de seu município.

Diante do já bastante documentado e divulgado quadro de queda nos repasses do FPM aos municípios brasileiros, o cidadão caruaruense gostaria de saber quanto à situação tributária de Caruaru, que nesse cenário de crise mundial continua crescendo, com pagamento de pessoal e obrigações previdenciárias em dia, com serviços e obras prestados e entregues à população.

Interessa a receita própria desse Município que está em dia com o chamado CAUC, instrumento que exige para transferência de recursos federais a comprovação quanto à regularidade em relação a 13 itens ou critérios: regularidade quanto a tributos e contribuições previdenciárias federais e à dívida ativa da União, regularidade quanto ao FGTS, adimplência financeira em empréstimos e financiamentos pela União, regularidade no CADIN, regularidade na prestação de contas de recursos federais: SIAFI e SICONV, publicação de relatórios de gestão fiscal/SICONFI e do relatório resumido de execução orçamentária/RREO, encaminhamento de contas anuais ao STN, aplicação em recursos nas áreas da educação/SIOPE e saúde/SIOPS, regularidade previdenciária, e exercício da plena competência tributária, tratada no FIRJAN como IFGF Receita Própria.

Nesse indicador, Caruaru tem índice “B”, ou seja, “Boa Gestão”. Vale ressaltar e o FIRJAN traz que dos 5.243 municípios analisados somente 203 prefeituras brasileiras conseguiram esse índice. Para se ter uma ideia do que isso representa, apenas Natal/RN, Recife/PE e Salvador/BA foram as capitais nordestinas que obtiveram conceito “A”. Ao lado de Caruaru, no IFGF Receita Própria, conceito “B” estão Aracaju/SE, Fortaleza/CE, João Pessoa/PB, Maceió/AL, São Luís/MA, e Terezina/PI. Em Pernambuco, Caruaru aparece como o quarto município no ranking do IFGF Receita Própria, superado apenas pelo Recife, que detém estrutura tributária bem mais antiga e complexa; Ipojuca, que recebe a maior parte dos benefícios tributários proporcionados pelo Complexo SUAPE e, por Palmares, certamente em decorrência dos tributos oriundos dos diversos investimentos realizados pelos Governos Federal e Estadual, para recuperação da região diante da tragédia provocada pelas enchentes.

Tratamento como prevenção da Aids apresenta primeiros resultados

O Brasil chega este ano com 29% a mais de pessoas em tratamento com antirretrovirais pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na comparação com 2013. De Janeiro a Outubro do ano passado, 47.506 pessoas entraram em uso de medicação antirretroviral, sendo que neste mesmo período de 2014 foram 61.221 pacientes.

No total acumulado, quase 400 mil pessoas já estão em terapia com estes medicamentos, neste ano. Os dados são do Boletim Epidemiológico de HIV e Aids 2014, divulgados pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, nesta segunda-feira, em Brasília, por ocasião do Dia Mundial de Luta contra a aids (1º de dezembro).

O crescimento no número de pessoas em terapia com antirretrovirais é um dos impactos do Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids, lançado em 1º de dezembro do ano passado. O protocolo garantiu acesso aos antirretrovirais a todas as pessoas com testes positivos de HIV, mesmo aquelas que não apresentem comprometimento do sistema imunológico.

Outro resultado positivo do protocolo, lançado há um ano, é o aumento expressivo de pessoas que iniciam o tratamento com CD4 acima de 500, ou seja, pessoas soropositivas com imunidade normal. Os dados do novo boletim indicam que 37% dos pacientes que entraram em tratamento em 2014 tinham CD4 acima de 500. Isso demostra que protocolo está funcionando: os médicos estão prescrevendo de acordo com a diretriz do Ministério da Saúde e os pacientes estão tomando corretamente os medicamentos prescritos.

Ao comentar os dados do novo boletim, o ministro Arthur Chioro, ressaltou que estes resultados mostram um importante avanço na política brasileira de enfrentamento ao HIV e aids. “Com relação ao tratamento, sem dúvida estamos obtendo um resultado promissor. No entanto, ainda temos como desafio incluir uma parcela significativa de pessoas na terapia com antirretrovirais. Isso ajuda a romper a cadeia de transmissão, além de proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas vivendo com HIV/aids”, observou o ministro.

O ministro também chamou a atenção para a importância do boletim, que é divulgado todos os anos no dia 1º de dezembro. “É um instrumento fundamental de planejamento para a definição das políticas nesta área”, afirmou. Segundo Chioro, o Ministério da Saúde está atento ao crescimento da doença entre a população jovem e, por isso, direcionou a campanha à juventude. Em 2004, a taxa de detecção, que era de 9,6 por 100 mil habitantes, passou para 12,7 por 100 mil habitantes em 2013.

AVANÇOS – O Brasil tem adotado, nos últimos meses, uma série de medidas para controle da transmissão, entre elas a ampliação da testagem de HIV em populações chaves (gays e homens que fazem sexo com homens, transexuais e travestis, pessoas que usam drogas e profissionais do sexo), além da facilitação do acesso de medicamentos, com a incorporação de novas formulações mais fáceis de serem usadas pelas pessoas vivendo com HIV/aids. Em 2014 o Ministério incorporou o 3 em 1 no Rio Grande do Sul e no Amazonas e já estendeu a compra para todo país. Além disso, incorporou o 2 em 1 e o Ritonavir termoestável, que dispensa a conservação em geladeira, dentre outras novidades. Todas essas medidas irão proporcionar que um grande número de pessoas possam se beneficiar do início precoce da terapia.

Com a adoção destas medidas, o Ministério da Saúde pretende cumprir a meta estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e pela Organização Mundial da Saúde, conhecida como 90-90-90, até 2020. A meta é testar 90% da população brasileira e, das pessoas que apresentarem resultado positivo, tratar 90%. Como resultado, conseguir que 90% das pessoas tratadas apresentem carga viral indetectável.

O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, também destacou a vantagem da oferta do tratamento a todas as pessoas soropositivas. “Além do benefício para a própria pessoa – que apresenta uma melhora na qualidade de vida, retardando problemas associados à infecção do HIV – esta medida é importante para a redução da epidemia. Estudos indicam que, pelo menos, 90% das pessoas em tratamento, apresentam – a partir de seis meses – carga viral indetectável”, observou o secretário, lembrando que essas pessoas não transmitem o HIV nesta situação.

CAMPANHA – Pela primeira vez o Ministério da Saúde apresenta em uma campanha a estratégia de prevenir, testar e tratar. A campanha, lançada neste dia 1º de dezembro, tem como público alvo os jovens. Haverá também material segmentado para a população jovem gay e travestis. A estratégia deste ano prevê a continuidade da campanha, com adaptações, para festas populares, como carnaval e outros eventos, durante todo o próximo ano.

A nova campanha apresenta jovens experimentando a vida com a palavra “testar”. O teste reforça o slogan final usando a gíria “# partiu teste”, linguagem típica desta faixa etária prioritária. O mensagem geral da campanha é informar o jovem para se prevenir contra o vírus da aids, usar camisinha, fazer o teste e, se der positivo, começar logo o tratamento, reforçando o conceito “camisinha + teste + medicamento” de prevenção combinada.

NOVOS NÚMEROS – De acordo com o novo boletim epidemiológico, cerca de 734 mil pessoas vivem com HIV e aids hoje no país. Deste total, 80% (589 mil) foram diagnosticadas. Desde os anos 80, foram notificados 757 mil casos de aids no país. A epidemia no Brasil está estabilizada, com taxa de detecção em torno de 20,4 casos, a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 39 mil casos de aids novos ao ano.

O coeficiente de mortalidade por aids caiu 13% nos últimos 10 anos, passando de 6,1 caso de mortes por 100 mil habitantes em 2004, para 5,7 casos em 2013. Do total de óbitos por aids ocorridos no país até o ano passado, 198.534 (71,3%) ocorreram entre homens e 79.655 (28,6%) entre mulheres.

Em julho deste ano, a revista britânica The Lancet, uma das mais importantes publicações científicas da área médica, divulgou um estudo mostrando que o tratamento para aids no Brasil é mais eficiente que a média global. Segundo o estudo, as mortes em decorrência do vírus HIV no país caíram a uma taxa anual de 2,3% entre 2000 e 2013, maior do que os 1,5% registrados globalmente.

FUNDO POSITHIVO – No Dia Mundial de Luta contra a Aids, o Ministério da Saúde também anunciou o lançamento do Fundo Nacional de Sustentabilidade às Organizações da Sociedade Civil (Fundo Posithivo) que trabalham no campo das DST/AIDS e Hepatites Virais. O fundo tem como meta arrecadar recursos da iniciativa privada para financiar projetos sociais de Organizações da Sociedade Civil (OSCs).

O fundo irá mobilizar recursos adicionais para as OSC, proporcionando a sustentabilidade e o aprimoramento das respostas sociais e políticas a estas enfermidades no Brasil. A Fundação de Amparo à Pesquisa e à Extensão Universitária (FAPEU) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) ficará responsável pelo seu gerenciamento nos 3 primeiros anos. O fomento à criação do Fundo tem como objetivo contribuir para uma fonte adicional de recursos à luta contra a AIDS no país, que tem na Sociedade Civil Organizada um aliado estratégico.

Atualmente, trabalham com o tema DST, Aids e hepatites Virais no país cerca de 350 organizações da sociedade civil (OSCs). Além da mobilização de recursos financeiros, o fundo pretende contribuir com a prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, ao HIV/aids, às hepatites virais e à promoção da saúde, especialmente entre jovens.

PERÍCIA – Durante o evento, também será apresentado o Manual de Diretrizes para concessão de benefícios por incapacidade laborativa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O documento é fruto do esforço conjunto dos ministérios da Saúde e da Previdência e irá subsidiar os peritos do INSS na avaliação de incapacidade laborativa de pessoas vivendo com HIV/AIDS.

O documento contém as inovações do tratamento com antirretrovirais, considerando, além do bem-estar físico, outros aspectos relevantes para a análise médico-pericial, como as condições psíquicas e sociais, decorrentes de doença. O manual também dá atenção especial à questão do estigma e da discriminação, ressaltando os aspectos sociais, psíquicos e comportamentais da pessoa que vive com aids.

Outra novidade no documento é a ampliação do conceito de indivíduo sintomático que pode envolver, não só a síndrome e doenças associadas à aids, como também as complicações crônico-degenerativas, sequelas, efeitos adversos dos medicamentos para outras doenças e também aos antirretrovirais.