Jaciara Fernandes
A arte cênica pernambucana está em festa, especialmente os artistas de Caruaru. O Teatro Experimental de Arte completou 57 anos de atividades ininterruptas na última terça-feira (16), mas as comemorações acontecem neste sábado (20), com programação, a partir das 20h, no Teatro Lício Neves. Ao longo dessas quase seis décadas, o hoje reconhecido Ponte de Cultura, desenvolveu um papel fundamental, no que se refere a revelar talentos e aperfeiçoando atores e técnicos, mantendo viva o amor pela arte teatral na cidade, considerada um celeiro de artistas.
A programação de aniversário terá início às 20h, no Teatro Lício Neves, sede do Tea, palco por onde passaram inúmeros atores que compõem atualmente a cena artística de Caruaru. O evento contará com a apresentação dos alunos que participaram do 1º módulo da oficina do Curso de Iniciação Teatral (CIT), que acontece todos os anos, durante o período letivo. A iniciativa é mantida de forma ininterrupta e gratuita, tendo como público alvo os jovens. A coordenação é de Fábio Pascoal e de Arary Marrocos, sendo ministrado pelos ex-alunos José Carlos, Pedro Henrique e Jackson Freire. Inclusive, as oficinas acontecem desde a fundação do Tea, surgindo a ideia da criação do Festival de Teatro do Agreste (Feteag).
Foi com a perspectiva do aprendizado constante que surgiu, em 16 de julho de 1962, o Tea reunindo amigos, quase todos egressos do Teatro de Amadores de Caruaru (Tac). “A proposta era modernizar o fazer teatral em sintonia com o desenvolvimento da arte cênica no Brasil e no mundo, pois, até então, o teatro praticado na cidade era quase que restrito a decorar textos, algumas marcas e a subir ao palco”, lembrou Arary Marrocos, uma das fundadoras e atual diretora do Tea.
Ainda, segundo ela, era preciso mais e, principalmente, aproveitar a sede de aprendizado da juventude naquele momento, seguindo os ares de renovação que trouxe à cidade, o Festival Universitário Nacional.
Com a colaboração do crítico, ator e pesquisador teatral caruaruense, Joel Pontes, foi estabelecido o vínculo entre o Agreste e o Recife e, através dele, professores da Capital passaram a ministrar oficinas gratuitas para os membros do Tea. “Eram aulas de interpretação, teoria vocal, maquiagem e história do teatro. Essa iniciativa possibilitou com que o grupo tivesse contato com artistas já reconhecidos, a exemplo de Heleno Lopes, Clênio Wanderley, Isaac Gondim Filho e o próprio Joel Pontes”, contou Arary. Foram necessários dois anos e meio para que os fundadores do Tea pudessem se preparar para, em seguida, começarem, eles mesmos, a passar o conhecimento aos novos integrantes.
HISTÓRIA
Com mais de 50 espetáculos já produzidos, o grupo já contou com a participação de artistas de destaque no Estado, a exemplo do poeta Dila e o ceramista Manoel Galdino, além de presença constante em diversos festivais e mostras de teatro de várias cidades pernambucanas e em outros estados do Nordeste. Entre os anos de 1967 a 1979, o elenco do teatro teve destaque na participação do espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus. O grande nome do Tea foi o teatrólogo Argemiro Pascoal, falecido em agosto de 2012, deixando bastante saudades em toda categoria.