Transporte público coletivo registra queda de passageiros de quase 10% no Brasil

A demanda de usuários pelo serviço de transporte público coletivo urbano registrou queda pelo quarto ano seguido: 9,5% menos passageiros em 2017 com relação ao ano anterior. O valor equivale a 3,6 milhões de pessoas a menos usando ônibus, trens e metrôs em todo o País segundo dados do anuário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Em Pernambuco, a queda no período chegou aos 6%, mas o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) espera que o declínio siga diminuindo. Os dados foram divulgados durante o Seminário Nacional da NTU 2018, que acontece em São Paulo.

“Esses usuários migraram para o deslocamento a pé, de moto, de bicicleta, e parte disso se deve mesmo à crise econômica. Mas, para trazer esse passageiro de volta, temos que melhorar o nível do serviço”, afirma o presidente da Urbana-PE, Fernando Bandeira, pressente ao evento. Nesse sentido, a “grande jogada” para o setor é atrair a classe média de volta ao transporte público coletivo de passageiros. “Para isso, é preciso melhorar a qualidade do serviço, a segurança (o índice de assaltos a ônibus caíram 50% no primeiro semestre de 2018 em relação a 2017) e o nível de emprego no País”.

De acordo com os dados apresentados pela NTU, o número de passageiros pagantes caiu mais de 35% em pouco mais de 20 anos, o que ajudaria a justificar o aumento das tarifas, uma vez que há menos usuários rateando os custos da operação.

Números oficiais

“A gratuidade na Região Metropolitana do Recife (RMR) chega a 30% das passagens, contando com os estudantes; sem eles, são 22%”, diz o presidente da Urbana-PE. A média local está acima da nacional, que passou a 20,9% do total de usuários: significa, segundo a NTU, que um em cada cinco passageiros viaja gratuitamente.

Em Pernambuco hoje têm direito à gratuidade os policiais miliares, carteiros (no exercício da função), idosos, deficientes, entre outros. Os custos são arcados pela passagem dos usuários pagantes. “Com relação aos estudantes das redes públicas estadual e municipal (do Recife), os governos (estadual e municipal) custeiam parte das passagens, o percentual que seria pago pelos alunos, mas os outros 50% continuam sendo custeados pelo sistema”, relembra Bandeira.

O presidente da Urbana-PE defende que, mesmo não havendo uma redução no número de gratuidades, é necessária a fiscalização desses benefícios e cita o “pente-fino” recentemente feito nos passes-livres concedidos aos deficientes físicos, com atuação de uma junta médica: das cerca de 90 mil gratuidades, só 35 mil permaneceram após avaliação.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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