Pedro Augusto
As pessoas podem até duvidar, mas o nome diz muito das características de cada um. Escolhida para ser chamada com uma das mais várias denominações de Nossa Senhora – a mãe de Jesus – Maria de Lourdes fez jus ao nome o qual carregava ao os 50 anos praticar um dos atos mais nobres qualquer ser humano tem a liberdade de fazer: a adoção. Quando soube em meados da década de 90, que uma menina havia sido encontrada ainda com um cordão umbilical, num local não informado no Recife, ela não pensou duas vezes e acabou dando início a um novo ciclo de sua vida dotado de muita alegria, doação e amor ao próximo.
A responsável por incentivar todos esses sentimentos atende por Anny Vieira, hoje, com 22 anos. Mesmo com a morte de Maria, em 2015, o belo exemplo de vida dela, não ficou no passado apenas na memória de quem a conhecia, mas a partir de, agora, também será descrito pela principal personagem de sua trajetória. A máquina do tempo nos leva até 1995, quando a até então professora Maria de Lourdes se dirigiu para a capital pernambucana para conseguir obter a aposentadoria. Mal sabia ela que, em meio à burocracia habitual do INSS que teria ter de encarar, ela também voltaria nesta época as suas atenções para modificar o destino de uma criança.
“Minha mãe nunca soube quem me colocou no mundo. Ela chegou até a mim, porque fui encontrada e levada para um lar adotivo. Ela sempre quis ser mãe, mas após a morte de seu noivo, decidiu apenas dedicar-se ao bem estar da minha avó. Entretanto, quando viu a possibilidade de me adotar enfrentou os trâmites burocráticos e após um ano conseguiu obter a minha guarda. Desde que me entendo por gente a tenho como a minha mãe. Fui educada, amada, respeitada, orientada, estimulada tudo por ela e pela minha querida avó, que também já faleceu. Graças a Deus soube o que é o amor de uma família por causa da adoção”, relembrou Anny.
Atualmente dotada de opiniões firmes e coerentes, em decorrência da boa criação que teve e das participações nas aulas de jornalismo, ela fez questão de chamar a atenção para a importância de se praticar a adoção. “Sou morena do cabelo preto e minha mãe era loira dos olhos verdes. Quando criança, ela me disse que não havia nascido da barriga dela e, desde então, passei a amá-la ainda mais, porque só uma verdadeira mãe tem a coragem de praticar um ato tão grande como é a adoção. Se sou alguma coisa hoje, fazendo jornalismo e com vários projetos em mente, devo tudo a ela. Assim como ocorreu comigo, a adoção costuma modificar para melhor as vidas das pessoas e necessita ser mais praticada”.
Prestas a morar em São Paulo, onde planeja exercer a profissão de web designer, Anny revelou que pretende um dia praticar o mesmo ato de sua mãe. “Nunca senti falta de amor, porque graças a Deus tive uma mãe maravilhosa. Quando casar, quero ter um filho de forma natural bem como adotar uma criança, seja recém-nascida, um pouco mais velha, sem qualquer distinção. O problema é que ainda nos dias de hoje é muito difícil se adotar no Brasil, porque a burocracia permanece grande. Acredito que se o processo fosse um pouco mais facilitado, a vida de muita gente se transformaria mais rápida, porque na adoção, não só quem ganha é o adotado, mas principalmente quem adota”.
Apesar da saudade que carrega consigo de Maria de Lourdes, nesta época de Natal, Anny Vieira prefere deixar a tristeza de lado para estufar o peito de muito amor e esperança. “Hoje, apesar de órfã, tenho mais motivos para sorrir do que chorar, porque conto com o apoio irrestrito da minha madrinha que é um alicerce na minha vida. Sem falar nos meus amigos que preenchem o meu coração com muito amor, carinho e reciprocidade. Nesta época de Natal em que todos se voltam para os ensinamentos deixados por Jesus é importante refletirmos para o papel determinante que a adoção costuma provocar nas trajetórias de milhares de pessoas. Através de apenas este ato, uma boa dose de caridade e de amor ao próximo acaba sendo injetada no mundo, no qual precisamos ter a consciência de melhorá-lo”, finalizou Anny.