Vacinação contra pólio e sarampo deve imunizar 11,2 milhões de crianças

Em meio a uma queda nos índices de cobertura vacinal, o Ministério da Saúde inicia na próxima segunda-feira (6) uma campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite. Ao todo, 11,2 milhões de crianças entre um ano e menores de cinco anos devem ser vacinadas contra as duas doenças, independente da situação vacinal. Com isso, até mesmo aquelas que já receberam as doses no passado devem ser vacinadas novamente.

A medida serve para evitar uma reintrodução da pólio no país e para evitar um avanço do sarampo, doença que já leva a surtos em Roraima e Amazonas. O objetivo também é reforçar a proteção e facilitar a aplicação das doses, afirma a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues.

“A ideia é que haja um cordão de isolamento e proteção dessas crianças para que não haja um retorno do sarampo”, afirma o ministro Gilberto Occhi.

O país registrou os índices mais baixos de vacinação de crianças em 2017. Além disso, uma em cada quatro cidades do país apresentam cobertura abaixo da meta para todas as dez principais vacinas obrigatórias a bebês e crianças.

Diante dessa queda nas coberturas, o Ministério da Saúde decidiu mudar o foco das campanhas de vacinação realizadas a cada ano. Até então, havia apenas campanhas anuais de atualização da caderneta vacinal.

Agora, a pasta retoma a estratégia de realizar campanhas focadas contra algumas doenças, como o sarampo e a poliomielite. A expectativa é vacinar até 95% do público-alvo até o dia 31 de agosto, data prevista para o fim da campanha.

O esquema de vacinação mudará conforme a faixa etária. Crianças que nunca tiverem recebido doses durante a vida contra a pólio devem receber a VIP (vacina injetável). Já aquelas que já tomaram uma ou mais doses receberão a VOP (vacina oral), a “gotinha”.

Para o sarampo, todas as crianças devem receber uma dose da vacina tríplice viral, que protege contra a doença e também contra caxumba e rubéola. A exceção são aquelas que já foram vacinadas contra a doença nos últimos 30 dias.

Ao todo, foram adquiridas 28,3 milhões de doses para serem aplicadas nos postos de saúde, com gasto equivalente a R$ 160 milhões. Na TV, a estratégia terá a apresentadora Xuxa como madrinha. No vídeo, ela aparece junto de outros personagens infantis, como a Galinha Pintadinha e o Zé Gotinha.

Cenário de risco
Registrada de forma crescente nos últimos dois anos, queda nos índices de vacinação tem preocupado especialistas no país diante do risco de retorno de doenças já eliminadas.

Em 2016, o país recebeu um certificado de eliminação do sarampo. Atualmente, porém, o Brasil já registra 822 casos confirmados da doença, com cinco mortes. Já a pólio não é registrada no país desde 1989, mas apresenta índices baixos, o que acendeu um alerta no Ministério da Saúde. “Não temos sinais de pólio no Brasil nesse momento, porém temos baixos índices de vacinação em todo o país”, diz Occhi.

O ministério atribui a redução a vários fatores, como uma falsa sensação de segurança dos pais diante da redução de doenças, o horário limitado das salas de vacinação e o avanço de informações falsas nas redes sociais.

“A queda é multicausal e temos que tratá-la como tal. Os pais começam a achar que não precisa mais vacinar”, afirma Domingues, do PNI.

Para a coordenadora, queixas das prefeituras sobre problemas no sistema de registro não são capazes de explicar a queda nos índices vacinais. Ela afirma que a pasta costuma enviar dados aos estados e municípios a cada quatro meses para checagem.

“Quero deixar claro que esse não é o principal problema. Muitos municípios que dizem ter problema nos dados também não estão com a cobertura vacinal de 95%. Isso é botar para debaixo do tapete o problema que temos hoje. Se não tivéssemos baixas coberturas vacinais, não teríamos 800 casos de sarampo”, afirma.

Segundo Occhi, a pasta estuda medidas para tentar elevar os índices vacinais, como a extensão do horário de funcionamento das salas de vacinação no país.

“Se alguém está trabalhando e não tem tempo de vacinar, percebemos que temos que ter algum tipo de ajuste. Estamos construindo soluções para que tenhamos um horário diferenciado”, afirma.

“Também precisamos ter alguma ação mais proativa na vacinação com creches e escolas. E manter o sistema de vacinações atualizado”, diz.

Folhape

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *