Veículos novos devem ficar mais caros em 2016

Robson Meriéverton

Depois de uma maré positiva de boas vendas e preços atrativos nos anos anteriores, para 2016 o preço dos veículos novos deve ficar mais salgado. Essa é uma avaliação da consultoria Tendência, que aponta ainda que os valores subirão margeados pelo ritmo da inflação medida pelo IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Como reação, o mercado deve seguir embalado pela situação que começou a se desenrolar com mais ênfase em 2015, com a queda na venda dos veículos novos e tímido crescimento dos usados.

Na previsão da consultoria, os veículos novos deverão ter aumento de 5,8% em 2016, a mesma estimativa para o IPC. Sendo assim, a expectativa é de que os preços dos carros subam 5,4%, abaixo dos 8,4% previstos para o índice geral.

A última vez em que houve queda no preço dos veículos foi em 2012, de 5%. Na época, as montadoras ainda contavam com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), usado pelo governo em 2011 para estimular o consumo. A extinção, em 31 de outubro de 2014, que contribuiu para que os preços subissem em 2015, deve continuar pressionando o mercado no ano que vem.

No mercado de Caruaru e região, a recessão na economia foi apontada como um dos motivos para que a venda de veículos novos sofresse decréscimo. Para se ter uma ideia, só no mês de janeiro de 2015 o número de emplacamentos na região foi de 800, contrastando com 500 em novembro último. Só nos dez meses recorrentes, a queda foi de 37%. “A partir de agora, a tendência do mercado é estabilizar o índice de vendas de carros novos. Para se ter uma base do quanto as vendas vem caindo, deveremos fechar 2015 com queda de 28%, comparada a 2014”, destaca o gerente de concessionária, Rodrigo Conrado.

Contrariando qualquer previsão otimista em relação ao próximo ano, Rodrigo é taxativo ao prever que, perante o cenário atual, a queda nas vendas pode ser ainda pior. “A estimativa é que todo o volume que vendemos entre os meses de outubro, novembro e dezembro deste ano de 2015 represente o total estimado em vendas de veículos novos para o primeiro semestre de 2016”. Ainda segundo ele, toda essa resposta do mercado vem em decorrência do estímulo dado pelo governo, com a redução do IPI. “Houve uma antecipação de consumo. Agora quem comprou carro novo até 2014, a previsão é que não volte a comprar pelos próximos anos”, reitera.

Segundo a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no geral o volume de veículos novos vendidos em 2015 deve cair 27% em comparação com 2014 para cerca de 2,53 milhões de unidades. A retração esperada para 2016 é de 5% para algo em torno de 2,4 milhões. Uma parte do reajuste que precisava ter sido feito em 2015 não aconteceu porque as montadoras não queriam perder volume de venda. Agora, para 2016, as montadoras terão mais espaço para subir os preços, prevê os economistas, referindo-se à expectativa do setor de que as vendas tenham uma queda mais tímida no ano que vem.

Seminovos e usados

Se por um lado a venda de veículo novos está tombando de ladeira abaixo, os seminovos e usados vêm apresentando tímido crescimento. “Tomando como base o número de carros usados que vendemos em 2014, agora em 2015 devemos fechar o ano com ligeiro acréscimo. Isso se deve a incentivos internos, com condições de vendas diferenciadas, perante a concorrência”, destaca Rodrigo Conrado. Esse resultado positivo é aplicado aos veículos com valores até R$ 20 mil. “Quanto aos que apresentam valor superior a R$ 30 mil, a queda na comercialização foi sentida com grande impacto”, completa.

Todo esse cenário tem uma explicação bem prática. A maioria das pessoas que procuram carros novos – cerca de 80%, segundo estimativa do gerente da concessionária – quer vender seus antigos para ajudar na compra. Como para os veículos mais caros, na maior parte dos casos, não há interessados, há uma queda nas vendas de ambas as modalidades. “Hoje em dia, com a recessão econômica, o dinheiro vem custando caro. Por isso acreditamos que o mercado passe por uma readequação para que tudo isso seja absorvido e volte a dar sinais positivos. Isso também inclui a parte das empresas, que deve incluir no seu planejamento redução no quadro de funcionário”, finaliza Rodrigo.

 

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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