Você vive melhor agora ou no tempo do Lula e da Dilma?

Doutora Rosinha

Por ser uma pessoa pública, ter ideologia definida e ser do PT, ao caminhar nas ruas, sou parado, todos os dias, às vezes mais que uma vez, para um breve debate político ou para ser cobrado. A cobrança geralmente vem com alguma agressividade: “olha o que vocês fizeram?”

O “olha o que vocês fizeram” tem o sentido de afirmar que o Brasil est​á​, desculpe​m​ a palavra, uma merda, e quer​em​ jogar a culpa no PT, Lula e Dilma. Quando ouço isto, par​o,​ respiro fundo e penso: ​V​á com calma e seja didático na explicação, até porque o cidadão est​á​ agressivo e pouco disposto a ouvir. No geral​,​ quer falar, agredir e ir embora.

O ser didático é tentar fazer o cidadão ou a cidadã pensar​,​ e isto não é fácil. É difícil porque em parte é um papagaio que repete o que ouviu e não pensa. Para tentar ajudar a pessoa a pensar​,​ pergunto: “você vive melhor agora ou no tempo do Lula e da Dilma”?

Espero a resposta e dou um tempo para a pessoa responder. Depois​,​ calmamente​,​ começo a fazer a comparação entre dois períodos políticos/históricos do nosso ​país. Período antes dos governos do PT​,​ e período do PT.

Não é sempre pelo mesmo tema que começo, mas dou um exemplo do que falo: começo a comparação pela economia​,​ explicando que a riqueza do Brasil, que é chamado de Produto Interno Bruto (PIB)​,​ em 2002 era de R$​ ​1,48 trilhão. Em 2013​,​ R$ 4,84 trilh​ões​. O que significa isto?

Estes números indicam que​,​ nos governos do PT​,​ o Brasil cresceu mais que nos governos do PSDB e que este aumento da riqueza foi distribuído entre todos, o que não ​o​corria antes. A distribuição se dava a partir do cálculo do valor do salário mínimo.

O salário mínimo era calculado com a soma da inflação mais o crescimento do PIB. Esse método de cálculo fazia com que o salário mínimo fosse corrigido com valor acima da inflação. Era uma maneira de distribuir renda.

Hoje, no governo do golpista e corrupto Temer, apoiado por quase todos os partidos, principalmente pelo MDB e PSDB, o salário mínimo foi corrigido em 1,81​%​, enquanto a inflação foi de 2,95%​,​ significando que muitos perderam​. E, quando a maioria perde​,​ você perde, pois não há consumo, não há aquecimento da economia e não há geração de empregos. Esta política prejudica principalmente as pessoas aposentadas e pensionistas, cuja maioria recebe um salário mínimo.

No final de novembro do ano passado foi divulgada uma pesquisa pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostrava que metade dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil recebe por mês menos que o salário mínimo.

Em 2002​,​ o salário mínimo era de R$​ ​200, o que dava para você comprar 1,42 cesta básica. Em 2014 era R$​ ​724, que dava para comprar 2,24 cestas básicas.

Outra questão: nos oito anos do governo do Fernando Henrique Cardoso, do PSDB​,​ foram gerados em média 627 mil empregos por ano. No governo do PT (Lula e Dilma) foram gerados, na média, 1 milhão​ e​ 790 mil empregos por ano.

Hoje (2018)​,​ o Brasil tem cerca de 13 milhões de pessoas desempregadas, o que representa 12,2% dos trabalhadores e trabalhadoras sem emprego.

Em 2002​,​ quando o Lula foi eleito presidente, a taxa de desemprego, por coincidência, era a mesma de hoje, 12,2%. No final de 2013, governos do PT (Lula e Dilma), a taxa de desemprego era de 5,4%.

Poderia continuar fazendo comparações em todas as áreas (saúde, educação, economia, soberania, etc.), mas ficarei só na questão do salário mínimo, para mostrar que hoje a maioria do povo do Brasil vive pior que nos governos do PT. Vive pior porque aumentou o desemprego, diminuiu a renda e​,​ como consequência​,​ aumentou o número de pessoas vivendo e pedindo nas ruas. As esquinas estão cheias de crianças pedindo esmolas ou vendendo bugiganga​s​.

Os egoístas não se preocupam com a vida do alheio, mas a mim me incomoda muito pensar que o meu semelhante não tem casa e comida e tampouco esperanças. Este é o Brasil pós-golpe.

Este tipo de análise é importante para fazer a pessoa pensar: o que ela quer para ela e para o Brasil?

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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