A saúde pública de Pernambuco está em situação de colapso, segundo denunciou na manhã desta sexta-feira (27) a Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em visita ao Hospital Otávio de Freitas, uma das principais emergências de ortopedia da rede estadual. A Oposição recebeu denúncias de falta de material, kits e próteses para cirurgias, infraestrutura precária e péssimas condições de atendimento.
Segundo o líder da Bancada de Oposição, Silvio Costa Filho (PTB), a situação no hospital é um retrato da situação do sistema de saúde pernambucano, com macas pelo corredor, atrasos de mais de 20 dias para cirurgias de urgência e filas de um ano para os procedimentos eletivos. “A situação da saúde está deixando de ser um problema administrativo e tomando ares de descaso com a população”, enfatizou.
O deputado Júlio Cavalcanti (PTB) destaca a necessidade de um plano de emergência para a área. “Há uma deficiência grande de profissionais e o Estado não vislumbra a realização de concurso para suprir a demanda”, destacou Cavalcanti, depois de ouvir relato do vice-diretor da unidade, Antônio Almeida, de que o Otávio de Freitas funciona com carência de médicos na Ortopedia para atender a demanda atual, além de um déficit de 50% na Urologia. O último para a saúde foi realizado em 2007.
A situação, já complicada, tende a se agravar no próximo mês. Segundo relato ouvido pelos parlamentares, a área de nefrologia do Estado, praticamente toda terceirizada, deve parar nas próximas semanas por causa dos atrasos no pagamento aos prestadores de serviço. “Fomos comunicados pela Uninefron, que nos presta esse serviço, que não tem como manter o atendimento por causa dos repasses atrasados desde abril”, contou Almeida. Segundo o próprio gestor, há mais de R$ 8 milhões em repasses atrasados.
Além do Otávio de Freitas, devem ser afetados também outras unidades, como o Agamenon Magalhães, o Procape e o Getúlio Vargas. “A situação é a mesma enfrentada pela Cooperativa dos Anestesiologistas, que por causa dos atrasos nos pagamentos vem solicitando a diminuição das escalas dos anestesistas, o que termina comprometendo a capacidade de cirurgias das unidades de saúde”, destacou Cavalcanti.
Para os parlamentares, o quadro encontrado no Hospital Otávio de Freitas e em outras unidades de saúde visitadas pela Oposição, como Getúlio Vargas e Hospital Geral do Agreste, só reforça a necessidade de mais recursos para a Saúde. “Se estamos nessa situação com orçamento que tivemos este ano, o que vamos enfrentar no próximo ano com R$ 170 milhões a menos. Por isso, fazemos um apelo à Base do Governo na Alepe e ao Governo do Estado que incorpore as emendas apresentadas pela Oposição na Comissão de Finanças, que reforça o orçamento da saúde para o próximo ano em R$ 120 milhões”, enfatizou Costa Filho.