Negócios de impacto social já foram pouco atraentes como investimento, mas essa realidade vem mudando e a importância desse tipo de empreendimento ganha destaque a cada dia. São negócios que se configuram como agentes de transformação em um segmento que, em sua maioria, visa lucro. Um negócio desse tipo existe para buscar solução a um problema social, ambiental ou pela ampliação de um impacto socioambiental já produzido. A novidade é que esta solução é desenvolvida considerando a viabilidade econômica da intervenção, com base em estratégias e modelos de negócios. Ou seja, são soluções de negócios para problemas socioambientais. Uma importante diferença dos negócios de impacto social para os tradicionais é que esta iniciativa não é desenvolvida para um ganho pessoal, e sim, para benefício de um grupo de pessoas, desenvolvimento econômico e bem-estar de comunidades.
Um negócio que vem impactando socialmente o estado de Pernambuco é o da empresa Robolivre. Criada, em 2016, por sócios da área de tecnologia, a empresa oferece cursos de robótica, palestras e eventos para comunidades, escolas públicas e institutos, com a intenção de promover a transformação social e desmitificar a noção de que a tecnologia é algo difícil de fazer. “A gente dá o ensino básico para que os alunos aprendam a desenvolver a tecnologia a partir da montagem. E a nossa metodologia é mais aberta, indo além de brinquedos com peças de encaixe. Aprofundamos a programação e ensinamos a utilizar material reciclável para construir robôs”, explica Henrique Foresti, coordenador da Robolivre.
Esse empreendimento já conta com parcerias como o Instituto JCPM, o Instituto Shopping Recife, o projeto MeMaker, o Instituto Conceição Moura, Softex, CESAR, Fab Lab Recife, Robótica Livre e a Associação de Software Livre, atendendo cerca de mil estudantes no Recife e em Belo Jardim, no Agreste do estado. Ao todo, 5 mil pessoas já foram capacitadas pela Robolivre.
Para Alexandre Ferreira, analista do Sebrae-PE responsável por um dos projetos da instituição relacionado a negócios de impacto social, esse tipo de empreendimento ainda não pode ser considerado uma tendência, mas vem crescendo no Brasil e em Pernambuco. “Os negócios de impacto social estão tomando espaço. Não é fácil e vamos ter que lutar bastante para chegar numa situação ideal, porque muitos não querem empreender nessas áreas. Mas, aos poucos, é um segmento que vem crescendo e se destacando, pelos impactos que geram em comunidades e mudanças que causa na vida de muitas pessoas”, afirma.
Causar um impacto positivo em uma comunidade, ampliando as perspectivas de pessoas marginalizadas e criando possibilidades de geração de renda e autonomia financeira é o que vem sendo feito também por alguns negócios de
impacto social na Ilha de Deus, que fica na zona sul do Recife. A ONG Saber Viver, que atua há mais de trinta e cinco anos na localidade, criou projetos de economia compartilhada na região com esses objetivos. Hoje, são desenvolvidos paralelamente um programa de culinária, com oficinas para jovens; um outro de turismo pedagógico para estudantes da rede privada de ensino, desmistificando a ilha e a vulnerabilidade social do lugar; outro de intercâmbio internacional, no qual jovens estudantes internacionais podem se hospedar no hostel da ilha, qualificado e mantido pelos moradores; um programa de incentivo à preservação do mangue. Todos eles com capacidade de subsistência individualmente.
Os negócios de impacto social serão um dos principais temas trabalhados na 12ª Feira do Empreendedor, que acontece de 29 de agosto a 1º de setembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. Com um espaço de 192 m2 voltado para a temática, o propósito do Sebrae-PE é desmitificar e difundir o conceito desses negócios, contemplando discussões e experiências. O evento é aberto ao público mediante inscrições no site www.feiradoempreendedorpe.com.br
A Feira do Empreendedor – maior evento de empreendedorismo do estado de Pernambuco, a feira foi elaborada para atender novas demandas do mercado. Possibilita aos micro e pequenos empresários interação e networking, oportunidades de negócios e investimento, aprendizado e contato com as novas tecnologias e técnicas inovadoras. Em um único ambiente, os visitantes têm acesso a informações sobre abertura e gestão de empresas, linhas de crédito, franquias, impacto social, além de palestras e oficinas direcionadas ao desenvolvimento da cultura empreendedora em diversos segmentos. Promovida pelo Sebrae-PE, a feira acontece a cada dois anos, sempre trabalhando questões pertinentes ao contexto econômico, à realidade social, tendências e aos novos rumos do empreendedorismo em Pernambuco e em todo o Brasil.