Aperto financeiro continua grande

Pedro Augusto

Passados três meses do governo de Jair Bolsonaro, avanços em termos de economia acabaram sendo irrelevantes, quando comparados às expectativas de tempos melhores para o país, criadas pela maioria da população ainda na época da última eleição presidencial – em outubro do ano passado. Obviamente, que quando o assunto se refere a finanças, o cenário não consegue ser modificado com tamanha rapidez, ou seja, como num “toque de mágica”, mas já está mais do que na hora para os brasileiros começarem a sentir “novos ventos” no ano que já vivenciou o seu primeiro trimestre. Isso porque, pelo menos até agora, o mercado brasileiro ainda tem se caracterizado por apresentar resquícios de uma economia frágil, estagnada e inflacionária.

Conhecendo ou não esses termos da linguagem financeira, quem está podendo falar com propriedade sobre o momento ainda nada propenso da economia nacional é o próprio consumidor. Exigido a se tornar um verdadeiro “PHD” em cálculos para conseguir encaixar no seu orçamento os débitos “sagrados” de cada mês, ele tem sido obrigado a ter de dar conta dos constantes aumentos que vêm ocorrendo em relação a serviços e produtos básicos. Combustível, alimentação, gás de cozinha e, agora, medicamentos, são apenas alguns dos exemplos que têm sofrido reajustes.

No que diz respeito ao primeiro produto citado, de acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço da gasolina acumula uma alta de 3,5% ao mês com o valor médio do litro sendo comercializado a R$ 3,19. Já o óleo diesel, comercializado em média a R$ 3,54 por litro, registrou, na semana passada, sua quinta alta consecutiva e acumulou, no período, aumento de preços de 2,8%. Quanto ao etanol, ele subiu pela quinta vez consecutiva, acumulando alta de 8,2% no período de cinco semanas. Em contrapartida, o valor do GNV (Gás Natural Veicular) sofreu pela terceira semana, fechando em média a R$ 3,169 o metro cúbico, uma alta de 1% no período.

Para exemplificar o acréscimo considerável no valor da alimentação, a reportagem VANGUARDA tomou como parâmetro a recente pesquisa realizada e divulgada pelo Departamento de Ciências Contábeis e Gestão Financeira do Centro Universitário Unifavip/Wyden. De acordo com o levantamento, no mês de fevereiro, houve o maior aumento dos últimos três anos em relação ao valor da cesta básica comercializada em Caruaru. Os produtos campeões em termos de reajustes salgados ficaram por conta do tomate e do feijão, respectivamente, com uma alta de 71,41% e 44,46%. No mercado local, o preço da cesta saltou de R$ 255 para R$ 298, 08.

Embora num patamar menor em relação aos combustíveis e aos itens alimentícios, o gás de cozinha, o GLP residencial de 13 kg, também sofreu reajuste neste primeiro trimestre, mais precisamente em fevereiro. O produto, que até então estava sendo vendido a R$ 25,07 na Petrobras, passou a ser comercializado a R$ 25,33. Na época, o presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (ASMIRG-BR), Alexandre Borjaili, criticou bastante o aumento oscilante na casa dos 0,5% e 1,4%. “O gás já se tornou um produto de luxo no Brasil. Em algumas cidades, ele não vai sair por menos de R$ 100, um absurdo!”.

Apesar de poupados no primeiro trimestre, a partir desta segunda-feira (1º), os preços dos medicamentos também passarão a pesar um pouco mais nos bolsos dos consumidores. De acordo com a Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrapar), o reajuste anual foi de 4,33%, uma média da inflação mais a produtividade do setor farmacêutico. O cálculo foi baseado no Fator de Ajuste de Preços Relativos Entre Setores (Fator Y), fixado em 0, 443% pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, do Ministério da Saúde, e publicado no Diário Oficial da União (DOU), da semana passada.

Consumidores

Diante de tantos acréscimos, os consumidores estão tendo de rebolar para dar conta dos débitos básicos. A professora Carolina Sampaio, por exemplo, vem tentando economizar ao máximo. “Só estou utilizando o carro para trabalhar e, mesmo assim, os gastos com a gasolina permanecem altos. Precisei cortar alguns itens alimentícios para poder garantir a feira. Até agora, não senti nenhuma melhora com o governo de Jair Bolsonaro”, criticou. “É claro que no Brasil sempre há aumentos a cada ano, e o governo dele só está começando, ou seja, ainda pode surpreender, mas até o presente momento vem só decepcionando!”, emendou o taxista Walter Silva.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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