ARQUIVO — Burrocracia

Por Maurício Assuero

A gestão pública no Brasil tem se configurado como o âmago da burocracia burra que se não mata deixa cambaleante o sistema econômico. Falo precisamente dos órgãos de controle aí incluídos CGU, TCU e adjacências. Por um lado tentam parecer revestidos de uma seriedade inabalável e por outro não encontram palavras para explicar como não se percebeu o tamanho da roubalheira que imperou neste país nos últimos anos atingindo, em maior ou menor grau, todas as empresas públicas. O Banco da Amazônia foi extinto (um senador foi acusado de desviar alguns bilhões de reais); a SUDENE foi extinta, embora depois recriada, e se formos elencar todos os casos não caberia no espaço.

Uma das coisas que mais surpreende é a patinação que se faz em torno das parceiras público e privado, as chamadas PPP. Não se tem um caminho factível para isso porque há sempre um pensamento ou um cuidado (ainda que muito justo) dos órgãos de controle de que tais mecanismos seriam para beneficiar alguém. Então, ao invés de se abrir discussão sobre como deveria funcionar um modelo dessa natureza, faz-se exatamente ao contrário: propõe-se uma série de hipóteses que quando a gente debruça um olhar mais crítico tem a sensação de que o modelo está apoiado num conjunto vazio! Enquanto isso o país suporta uma carga de 12 milhões de desempregados, diga-se além, que este número é calculado com base nas pessoas que procuraram um emprego na última semana e não conseguiu.

É incrivelmente paradoxal a defesa da obrigatoriedade de contratação de pessoas via concurso, para determinados tipos de serviços, porque o momento mais salutar para qualquer economia é quando o setor privado emprega mais do que o setor público. Tomemos como exemplo um laboratório de exames de imagem. Um paciente do SUS espera dias/meses numa fila para fazer uma tomografia computadorizada que servirá de base para nortear seu tratamento clínico e quando chega o dia marcado, o tomógrafo está quebrado, não tem material ou o pessoal está em greve. Enquanto isso, aquela clínica que comprou o tomógrafo em 10 parcelas semestrais e que precisa produzir para pagá-lo se expõe à ociosidade porque não tem uma formalização que permita beneficiar pacientes do SUS.

O Brasil precisa de ações e de ideias que sirvam como alavanca do crescimento econômico. É inconcebível a quantidade de documentos que solicitados para abrir uma empresa. É inconcebível o prazo que gasta nisso, principalmente, quando tudo pode ser feito eletronicamente.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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