Pedro Augusto
Esta semana aconteceu uma tragédia em Caruaru, dessas que fica até difícil de se noticiar. De acordo com a Polícia Civil, a menina Ester Suely Cabral Santos, de 10 anos, encontrava-se estudando em casa juntamente com o seu irmão de 8 anos, na manhã da última segunda-feira (03), na Rua Adalgisa Maria da Silva, no Conjunto Habitacional Adalgisa Nunes, quando acabou sendo atingida acidentalmente por um disparo de espingarda calibre 12. As primeiras informações levantadas pela Polícia Civil deram conta que a criança teria sido baleada no peito pelo próprio irmão. Eles estariam sozinhos fazendo tarefa da escola num dos quartos enquanto a sua mãe e o irmão de 12 anos estavam na cozinha.
Assim que ouviram o disparo, os dois últimos chegaram a correr para o local, onde presenciaram a menina toda ensanguentada. Desesperados, a mãe e os dois irmãos de Ester ainda pediram socorro na rua, entretanto a vítima já se encontrava morta. “Estava fazendo um serviço numa casa vizinha, quando eles saíram pedindo socorro. Quando me dirigi para área interna acabei me deparando com aquela cena triste. Infelizmente, a menina encontrava-se ensanguentada com um tiro no peito. Ainda verifiquei a sua pulsação, mas ela já havia falecido. Em paralelo, a arma estava ao lado do corpo”, relatou o sargento reformado da PM, Ailton Soares.
Segundo informações repassadas pelo titular da 3ª Delegacia de Caruaru, Luiz Bernardo, Ester bem como a sua família haviam se mudado há poucos meses para o imóvel, onde ocorreu a tragédia. Eles estavam residindo na casa do tio dela, um policial militar, que seria o proprietário da espingarda e encontrava-se trabalhando, quando o tiro acidental atingiu a menina. “Por conta do desemprego, esta família tinha deixado o estado de São Paulo havia pouco tempo e se deslocado para Caruaru, onde recebeu o amparo do policial, que é irmão da mãe de Ester. Eles iriam ficar no local até conseguirem estabilidade”, explicou Luiz Bernardo.
De acordo ainda com o delegado, o PM poderá ser indiciado pelos crimes de posse ilegal de armas e negligência de arma de fogo para menores de 18 anos. “Iremos ouvi-lo novamente bem como os demais familiares da vítima haja vista que eles se encontravam bastante traumatizados com tudo que aconteceu. Entretanto, de antemão, poderíamos adiantar que não restam dúvidas que houve a prática dos dois crimes. Até porque, a arma não possui registro bem como estava num local de fácil acesso para as crianças. Na primeira oitiva, o policial afirmou que a espingarda encontrava-se em cima do armário já as crianças disseram que a mesma estava entre o armário e a parede ao lado da cama. Ou seja, ficou configurada a negligência”.
Apesar de o crime estar praticamente esclarecido, a Polícia Civil ainda está aguardando os resultados das perícias realizadas pelo Instituto de Criminalística para fazer a conclusão do inquérito. Responsável pelo trabalho de coleta, o perito criminal, Carlos Henrique, informou que seriam feitos os exames residuográfico e tanatoscópico no IC do Recife para determinar a dinâmica do ocorrido. Bastante chocados com a tragédia, nenhum familiar de Ester Suely quis falar com a imprensa. O corpo da menina foi sepultado no decorrer desta semana em um cemitério da Capital do Agreste.
