ARTIGO — Acabou

Por Maurício Assuero

Impressionante como perdemos tempo com esta definição sobre o impeachment de Dilma. Enquanto o Congresso trabalhou para satisfazer a vaidade de “suas excelências” o desemprego atingiu 11,8 milhões de brasileiros. Paralelamente, a expectativa de inflação para 2016 está acima dos 7,31% cogitados e, o pior, a previsão para 2017 também está fora da meta almejada. Falar de crescimento econômico, nem pensar!

Nada disso pareceu importante para o governo e para o congresso. A imagem que fica é como a cena de um navio que vai a pique e todos correm para os botes salva-vidas tentando escapar e sem pensar em mulheres, crianças e idosos que estão a bordo. É como aceitar o desemprego numa boa; é como se o desempregado fosse, absolutamente, importante agora porque estamos próximos de uma eleição e há que se ter promessa para acabar com o desemprego. É como se os fins justificassem os meios.

É importante lembrar que o encerramento do processo de impeachment é uma ponta no contexto do que é o Brasil. Nós vamos continuar com problemas graves em diversas frentes e o governo não tem alternativa de aumentar arrecadação sem que corte gastos em proporções maiores ao que se fez; sem que o governo adote uma política de privatização de empresas públicas onerosas e instrumentos de corrupção; não tem como o governo aumentar arrecadação sem que haja aumento de impostos. Por exemplo: há uma proposta de se recolher $ 0,10 por litro de combustível para criar um fundo de recursos destinado a melhoria do transporte público. A ideia é louvável, no entanto, em 1994 criou-se a CPMF que tinha por objetivo gerar recursos para a saúde. Todos nós sabemos o destino que a CPMF teve e não deve deferir muito desse imposto sobre o consumo. Vai acabar numa vala comum onde se despejam os sonhos da população como reles dejetos.

O ideal para o Brasil, neste instante, seriafazer uma varredura em todos os programas, incluindo os sociais, e alargar o que está funcionando bem. No âmbito social não sabemos o que vai acontecer ainda com a pressão de sindicatos na reforma previdenciária, nem tampouco com o MST em relação a política agrária. Pelo lado dos empresários, toda semana a gente vê pesquisas que indicam melhoras no “otimismo”, mas a gente não vê isso se revertendo em aumento de produção (tanto que o desemprego chegou a 11,8 milhões de pessoas). Num fundo, nós vamos ter que esperar 2018 para perceber o lado para o qual vai a nação.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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