ARTIGO: Começar de Novo

Por Maurício Assuero

Acabou 2015, mas isso não basta para sermos felizes. Não há como, simplesmente, esquecer o sufoco que passamos com os desmandos de uns, tentando ajudar alguns em detrimento a milhares. Fechamos o ano com um cenário tétrico: crescimento negativo, desemprego em alta e inflação acima de 10%. Esta é a realidade que teremos a partir de janeiro e que vai nos acompanhar por muito tempo se os sinais emitidos pelo governo forem os mesmos.

Mudou o ministro, mas não muda as necessidades. Nelson Barbosa tem um bom currículo, mas, ao meu ver, um alcance inferior a Levy. Ele sabe que o país não avançará um milímetro sem que as medidas amargas do ajuste fiscal sejam aprovadas. Ao assumir o ministério da fazenda ele já declarou a intenção de promover o ajuste, inclusive tratando da previdência que trará danos no longo prazo. Janeiro é mês de reajuste de salário mínimo que deverá ser R$ 871,00. Num momento de queda de arrecadação, de redução de repasses para municípios, de queda da atividade econômica, etc… como as prefeituras, principalmente de cidades pequenas, irão suportar?
Adicionalmente, vamos levar em conta que janeiro é o mês preferido de várias taxas, inclusive, reajuste nas mensalidades escolares. Considere a sangria e inoperância do governo até fevereiro sem que a população saiba o que vai acontecer com o deputado Eduardo Cunha e com Dilma Rousseff. Sabe que o isso significa? A atividade econômica vai piorar até março/abril e quando o orçamento for aprovado, não haverá dinheiro em caixa para bancar o funcionamento da máquina. Enquanto o governo gastar mais do que arrecada, não teremos capacidade econômica.

Chega o final do ano e o sentimento que nos cerca é de um calote oficial, ou seja, o governo vai jogar muita coisa em Restos a Pagar (devo não nego, pago quando puder) e os fornecedores que prestam serviços (da empresa que cuida da limpeza a empreiteira que faz a transposição do Velho Chico) precisarão se ajustar ao mercado e para isso, terão que demitir. O pior: demitir sem pagar a indenização aos funcionários e já pedindo que eles procurem a justiça (o processo se arrasta por anos e sem emprego, sem renda o funcionário procura um acordo recebendo menos do que teria direito). É o jogo do mundo capitalista!

Tudo é contra nossas expectativas, mas a gente tem por obrigação se sustentar em pé e continuar insistindo mesmo que o governo não faça o seu papel. Descobrir nossos talentos e utilizá-los a contendo. As vezes uma ação cooperada, um consórcio de empresas, pode superar uma crise grave. Que venha 2016 e que a fé nos mantenha firmes.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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