ARTIGO — Comportamento pós eleição

Maurício Assuero

Certamente que qualquer nação deve considerar, além do seu desempenho econômico, outros fatores. Crescimento econômico significa que o produto está crescendo, mas isso, necessariamente, não é a meta que se almeja. Se a população, por exemplo, crescer a uma taxa maior do que a taxa de crescimento econômico, isso não vai trazer muitos benefícios. O país precisa atingir o estágio de desenvolvimento econômico. A diferença entre ambos é que o segundo não existe sem o primeiro e só existe quando há crescimento na renda per capta de modo que a população possa voltar os olhos para questões sociais, isto é, o individuo possa investir em si mesmo e saber que ainda terá saldo para outros fins.

Estamos desde 2012 em crise. Fomos suficientemente irresponsáveis com nossas contas internas e chegamos a produzir um déficit que não vai sumir da contabilidade por, apenas, interesses governamentais. É preciso se mover e dar sinais ao mercado de como vai ser o comportamento do governo para que investidores voltem a falar sobre investimentos no país. o pós eleição trouxe indicações fortes do mercado. Por exemplo: anunciado o resultado das urnas, o dólar caiu e a Bolsa subiu. No dia 29/10, voltou a subir, não mais pela incerteza anterior, mas pelo excesso de demanda.

Esta semana, outro fato que o Brasil há muito não via. O anúncio de Sérgio Moro como Ministro da Justiça fez a Bolsa atingir 89,5 mil pontos. Agências de avaliação de risco, já orientam investimentos e as estimativas de um PIB decadente, já estão sendo substituídas por um crescimento de 3% para 2019. Note que nada disso vai se configurar se não houver vontade do governo em agir com decência. Se não tratar as reformas como prioridades absolutas nós vamos ter a credibilidade, ora concedida, de volta ao lamaçal que ela se encontra e nada do que se fez foi válido.

A relação com o Mercosul, tão duramente criticada por uns, precisa ser, realmente revista, porque o bloco se apoia basicamente nas economias brasileira e argentina e nós somos 5 vezes maiores do que a Argentina. Ao longo tempo, a Argentina fez tudo contrário a orientação do bloco, taxando produtos brasileiros (linha branca) e não houve qualquer reação por parte dos governos. Assim, procurar o Chile para negociar é uma boa alternativa. Basta ver que o Chile não pertence ao Mercosul e negocia direto com a União Europeia e Estados Unidos. Tem uma economia mais ajustada do que a nossa, na atualidade. Vamos esperar que as propostas colocadas não sejam apenas instrumentos de captação de votos. O Brasil precisa voltar a ser reconhecido pelos seus feitos e não pelo seu índice de corrupção.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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