ARTIGO — Financiamento de Veículos

Maurício Assuero

Recentemente os bancos anunciaram que vão ampliar crédito para financiamento de veículos e isso serviu como um grande incentivo ao setor. Ponto positivo para a economia porque o setor automobilístico, ao lado da construção civil, são partes expressivas da nossa economia. Naindústria automobilística tem uma cadeia produtiva interessante envolvendo diversos outros setores com nível de tecnologia diferenciado.

Essa boa vontade pode ser afetada pelo baixo nível de renda da economia e, principalmente, pela incerteza. Financiamentos dessa natureza são formalizados no longo prazo (60 meses, por exemplo) e a inquietação com o Brasil ainda causa desconfiança. Adicionalmente, a recuperação da economia ocorre num ritmo mais lento do que a derrocada e com isso o nível de emprego tende a ter um crescimento lento também. Acrescente-se, ainda, que entre a retomada do emprego e o consumo de longo prazo, há um hiato usado para adaptação do consumidor e do produtor. Por exemplo: é quase impossível para um banco financiar um veículo para uma pessoa que acabou de conseguir um emprego. Essa estabilidade é necessária para ambas as partes.

O cuidado que se deve ter são com as propostas de financiamento. Um tipo de proposta trata da não cobrança de juros e o consumidor pode ser levado a pensar que pode financiar o veículo em 60 parcelas iguais. Esse tipo de financiamento exige uma entrada de, aproximadamente, 60% do preço do veículo e com isso o saldo remanescente pode ser pago em 24 ou 36 meses sem juros. Mas o gargalo é exatamente a entrada exigida que dificilmente poderá ser assumida por alguém que acabou de conseguir um emprego.

Uma forma alternativa de oferta de financiamento é colocar uma entrada pequena (R$ 5 mil, por exemplo) e parcelas baixas, no entanto, a última parcela é elevada em relação as demais. Se o consumidor não ficar atento pode ter problemas com isso. Os mecanismos de operação são muito comuns entre bancos, por isso o que deve ser visto com todo cuidado é o custo financeiro representado pela taxa de juros.
A taxa de básica da economia está em 7,5% ao ano, então se um banco faz uma operação cobrando taxa de 20% ao ano, a rentabilidade dele na operação será 11,89% ao ano. É muito? Para o Brasil, não, mas para outras economias é absurdo. Um fato decorrente dessa possível expansão do crédito é que ele pode ser estendido para o setor produtivo. Aí, sim. Teremos um impacto mais expressivo na economia.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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