ARTIGO — Insanidade

Por Maurício Assuero

A ideia inicial era aproveitar este espaço para um balanço da economia brasileira este ano, mas diante da insanidade do governo com a Medida Provisória ? 764, publicada no dia 27/12/2016 no Diário Oficial, a gente vê que o governo realmente se supera no exercício supremo da burrice. O que mais espanta é a concordância do presidente do Banco Central e do ministro da Fazenda. Que Temer não entenda o que está fazendo, até se aceita porque ele não tem afinidades com números, mas os outros, não.

A medida visa diferençar preços para pagamento à vista, ou seja, se um produto custa R$ 100,00, vc pode pagar, à vista e em dinheiro, digamos, R$ 90,00. Se for pagar com o cartão então o preço seria R$ 100,00. Lindo, não? Até parece que é isso que irá ocorrer na prática! Na verdade, a tendência é funcionar assim: o preço à vista é R$ 100,00, mas se você pagar com o cartão, então você paga R$ 110,00, ou mais. A medida além de não contribuir para redução dos juros cobrados pelas administradoras, não considera que a renda do trabalhador está em declínio. As pessoas, não irão de dispor de recursos para pagamento à vista (é por essa razão que toda economia tem as linhas de créditos disponíveis).

Dentre as razões para que a taxa praticada pelas administradoras seja alta vamos destacar duas: a primeira é que as administradoras usam empréstimos de conta corrente garantida como lastro de suas operações, ou seja, elas tomam dinheiro emprestado aos bancos e com isso a taxa praticada pelos bancos é base de custo para elas. Assim, se diminuir esta taxa, obviamente haverá impacto na taxa para o cliente. Adicionalmente, isso iria favorecer a redução nos encargos financeiros aplicados sobre o saldo devedor e sobre as possíveis renegociações. A segunda questão é uma lei do mercado: a taxa é alta porque o risco de inadimplência e de perdas é alto. E tudo isso remonta a uma única coisa: renda em declínio.

O mais interessante é que o presidente do Banco do Brasil disse, em alto e bom tom, que os bancos públicos não puxarão juros para baixo. Devemos nos lembrarmos que Dilma impôs ao BB e a CEF, redução de juros e esperou ser seguido pelos bancos privados. Isso afetou o valor de mercado dos bancos porque as ações caíram. Agora, o BB diz não e diz de forma muito coerente.

Lamentável o que faz este governo perdido. Nenhuma das ações propostas por Temer tem impacto positivo na economia, no curto prazo. A retomada do emprego é ponto decisivo para a economia voltar a crescer. Temer faz, exatamente, o contrário.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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