ARTIGO — O fundo do poço

Por Maurício Assuero

Semana passada pedimos, de uma forma ampla, pela salvação da economia. Agora, constato de que não tem a quem pedir. O país chegou ao fundo do poço e as razões são tantas que fica até difícil escolher uma. Ninguém fala mais sobre o problema econômico e é fácil entender: a proximidade do impeachment de Dilma (prevista para a primeira quinzena de abril) levam a negociações muito dispares do cenário econômico. As negociações atuais no Congresso tratam da contabilização dos votos para garantir o impedimento e se isso acontecer o imbróglio será maior do que se imagina. Primeiro, os petistas que ocupam cargos não irão permanecer no governo, alguns perderão o foro privilegiado e irão se abraçar com a primeira instância (leia-se: Sérgio Moro).
O ministro Barbosa faz pose de sábio, mas desde que arquitetou a queda de Levy, não conseguiu implementar nenhuma política econômica, em nenhuma área, mesmo porque tudo depende de ajustes que o Congresso não está interessado em votar.

Ocorrendo o afastamento de Dilma, será instalado um novo governo com o Michel Temer, no entanto, tramita no Tribunal Superior Eleitoral uma ação que pode cassar a chapa e com isso, Temer também estaria fora. Cairemos, assim, nas mãos salvadoras de Eduardo Cunha. Presidente do Brasil pelo período de 90 dias suficiente para convocar uma nova eleição. No entanto, se prosperar a ação contra ele no STF, então ele poderá ser preso e com isso, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, será presidente. Se levarmos em conta que contra ele pesa também graves denúncias e que ele corre o risco de ser preso a qualquer momento, então, salve-nos Ricardo Lewandowski.

Este é o cenário de terror que a economia brasileira vive na atualidade e eu duvido que se encontre outro momento no qual haja registro de algo tão tenebroso. A década de 1980 ficou conhecida como a “Década Perdida”. Era fim do governo militar, o presidente João Figueiredo mesmo internado não permitia que o vice (Aureliano Chaves, civil) comandasse o país, havia emissão desenfreada de moeda elevando o nível de inflação para patamares absurdos. Em 1986 e até 1990, foram implantados 6 planos de estabilidade econômica e nenhum deles se sustentou. Na prática era como se este período, simplesmente, não existisse.

O Plano Real estabilizou a moeda, fez a economia crescer e foi sustentação para os ganhos sociais implementados no governo Lula. Houve migração entre classes sociais e estas pessoas que conseguiram aumentar o poder aquisitivo, agora estão voltando, como grandes devedores, com emprego ameaçado. Sofrerão este ano e ano que vem. Se tudo correr bem, talvez em 2020 voltemos a falar em crescimento econômico.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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