ARTIGO — Pecados mortais

Por Maurício Assuero

O governo Temer comete erros primários em quase todas as ações, a começar pela insegurança que o presidente tem e demonstra quando toma uma medida e volta atrás. Foi assim com o fechamento do Ministério da Cultura e tem sido assim nos atos mais banais. O piro de tudo isso é que Temer propões reformas que não ajudarão o Brasil a crescer nem no curto e nem no médio prazo porque no longo prazo “todos estaremos mortos”.

A questão do controle dos gastos é imperiosa, mas não como uma emenda constitucional. A situação do Brasil agora é delicada, muito delicada, mas uma das formas que o governo tem de incentivar a economia é exatamente através dos seus gastos. Por exemplo: se o programa Minha Casa Minha Vida, tivesse tido sustentabilidade era muito provável que a situação econômica hoje fosse um melhor ou que a gente tivesse um sofrimento mais atenuado com um nível de desemprego mais baixo. O programa parou no tempo por falta de recursos para honrar compromissos assumidos com as construtoras. Com a PEC do teto, mesmo que o governo queira não vai conseguir usar este instrumento como forma de incrementar a economia.

Agora o governo traduziu em linguagem entendível qual a proposta para a previdência. Jogou no ombro do trabalhador a responsabilidade pelo equilíbrio financeiro da previdência, mas esquece que é necessário falar de equilíbrio atuarial. Se este existir, o primeiro existirá, mas a reciproca não é verdadeira. Agora, deve-se trabalhar 49 anos para se ter direito a uma aposentadoria integral. O que é isso? Um ferrolho porque alguém ter tanto tempo de contribuição precisa ter iniciado a vida profissional aos 20 anos, mas nesse período não é plausível esperar que a população esteja estudando? Para o governo não! Quem trabalha desde cedo tem muita dificuldade em estudar, todos sabem disso. E quem estuda deve estar concluindo a graduação com, mais ou menos, 22 anos. Se começar a trabalhar imediatamente, então as 72 anos poderá se aposentar com valor integral. Vamos lembrar que a expectativa de vida dos brasileiros é 72 anos. Então, vamos dizer o que Temer não disse claramente: Trabalhem até a morte!

Nitidamente, o governo Temer deixará marcas profundas no Brasil. As propostas postas à mesa, não trazem a segurança que precisamos para ter crescimento econômico. A própria reforma previdenciária não causará efeitos imediatos. Aumentar a contribuição previdenciária para 14% até entende-se, mas não é isso que vai permitir no mês seguinte a previdência social se equilibrar. Se você acredita em milagres, comece a orar por um!

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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