ARTIGO — Privatizações

Por Maurício Assuero

O anúncio do governo que iria privatizar algumas empresas causou euforia no mercado e preocupação no funcionalismo público. A privatização é uma forma adequada de diminuir a participação de estado na economia, de acabar com a corrupção que encarece sobremaneira obras e serviços públicos. As teles foram vendidas no governo FHC e desde então andam com suas próprias pernas. Que não se cometa o erro de FHC: liberar empréstimo do BNDES para os compradores usarem na aquisição. Ficaria mais decente acordar uma forma de pagamento direto, porque os recursos do BNDES precisam ser alocados no sistema produtivo e a taxa de juros dessas operações é pequena. Aécio Neves, preocupado com o destino da CEMIG e de quatros subsidiárias, tem forçado este presidente marionete a emprestar dinheiro do BNDES para a CEMIG adquirir as subsidiárias. Tudo por amor.

A questão do sistema Eletrobrás, do qual CEMIG, Furnas e CHESF fazem partem é mais delicado. O sistema está quebrado desde as medidas adotadas por Dilma Roussef em 2014 que afetaram o faturamento dessas empresas. A CHESF, por exemplo, vendeu energia por R$ 38,00 o MWhenquanto outras empresas que não entraram nesta imbecilidade ganhavam R$ 150,00 pela mesma oferta. A CHESF teve dificuldades para pagar até mesmo os funcionários. Fez empréstimos bancários para isso.

O que assusta nessa questão não é a privatização em si. Essa história de que as águas do São Francisco serão “privatizadas” e que se destinarão a interesses particulares é coisa de quem não tem conhecimento. O problema está no processo e nos mecanismos que envolvem a privatização de empresas desse porte. Primeiro, porque o governo aparenta querer se livrar do sistema e não privatizar. Segundo não está claro a forma de participação dos pretensos compradores nessa aquisição. Precisa deixar claro quem pode ou não pode participar; de que forma será levada a privatização; como ficaria a questão dos trabalhadores, enfim, há uma série de coisas importantes que precisamde esclarecimento, até mesmo para quem desejar comprar não se sentir enganado posteriormente.

O processo merece ser discutido, mas não por esse governo. Daqui a um ano teremos eleições presidenciais e este tempo é insuficiente para definir a privatização de um sistema de vital importância para o país. Temos um velho ditado que diz “quando a esmola é grande o cego desconfia”. Este é exatamente o caso: de longe a gente sente o mau cheiro.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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