Atraso para abertura de unidade é alvo de críticas

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Por Pedro Augusto

O São João acabou deixando saudades para uns e para outros nem tanto e agora o foco da população retornará a ser direcionado para os problemas habituais do dia a dia. Um deles, que costuma tirar o sono de muita gente também no período junino, ainda parece estar longe de ser ao menos amenizado em Caruaru. Quem pensou na saúde do município acertou em cheio. Embora este setor tenha colhido alguns avanços na última década, permanece sem suprir todas as necessidades dos caruaruenses. Um espaço que deveria absorver uma gama desta elevada demanda local, mas que ainda não foi inaugurado vem se referindo ao Hospital da Mulher, no Bairro Rosanópolis.

Prevista para ser aberta em julho de 2014, a unidade, na teoria, deveria estar prestando já há quase dois anos serviços de saúde para as mulheres da Capital do Agreste e de mais 31 municípios da região. Porém hoje e na prática, o que se tem visto em relação ao local nem distante lembra, o que havia sido determinado para a sua finalidade. A estrutura física, conforme todo mundo está cansado de saber, até que já se encontra erguida, com ressalvas, é claro, entretanto continua sem ser utilizada e sem prazo para entrar efetivamente em operação.

Como ainda não há a presença física de responsáveis ou porta-vozes do hospital, ficou para um dos vigilantes a tarefa de descrever a atual situação do espaço. “Não posso abrir a porta para o senhor ver como está o local, mas posso afirmar que alguns setores já se encontram desgastados por causa dessa não inauguração. Inclusive, já podemos perceber algumas rachaduras nas paredes e no teto. Infelizmente, as obras daqui estão paradas desde novembro do ano passado. Um engenheiro até que de vez em quando realiza algumas visitas, mas nada, além disso. Uma pena, porque sei que muitas mulheres necessitam de um espaço como este para serem atendidas.” Se o vigilante, que é do sexo masculino, lamentou a não abertura do hospital, o que falar a respeito da demanda específica que aguarda pelo funcionamento da unidade.

Com a palavra, a agricultora Silvânia Cândido da Silva: “Não precisa ser nenhum especialista no assunto para saber que as mulheres necessitam de mais cuidados em relação à saúde. Tanto é que o poder público prometeu esta unidade totalmente voltada para o público feminino. Gostaria de saber o que está faltando para esse hospital ser aberto. Quando vejo um espaço como este inacabado e ainda sem prazo para funcionar, me dá um aperto no coração. Quando é que a saúde deixará de ser problema em Caruaru?”, questionou. A placa referente ao empreendimento, que inclusive já se encontra desgastada, ressalta que o Hospital da Mulher contará com maternidade de alto risco, casa da gestante, além de 160 leitos.

Serviços estes que para a estudante Stefany Gomes são de extrema importância para a demanda feminina. “Existem algumas urgências referentes à saúde da mulher que só podem ser tratadas em hospitais especializados. Na medida em que uma unidade como essa passa do prazo para ser inaugurada, todas nós mulheres que necessitam do SUS (Sistema Único de Saúde) acabamos ficando prejudicadas. Deixo aqui o meu apelo em nome de todas as mulheres para que esse espaço seja aberto o mais rápido possível.”

Tão logo o Hospital da Mulher seja aberto, a expectativa é de que ele passe a absorver a alta demanda hoje observada no Hospital Jesus Nazareno (Fusam), responsável pelo atendimento de 90 municípios do Interior.

Resposta

Em nota, o Governo do Estado – responsável pela obra – respondeu aos questionamentos feitos pela população. “A Secretaria Estadual de Saúde esclarece que os trabalhos de construção do Hospital da Mulher, em Caruaru, já atingiram mais de 65% da obra. Toda a parte estrutural foi finalizada e está sendo realizado o trabalho de acabamento interno, revestimento, pintura e instalação da rede elétrica e hidráulica. É importante ressaltar, no entanto, que diante do cenário de grave dificuldade econômica que atinge todo o país, qualquer ação que tenha impacto orçamentário deve ser analisada com muita cautela durante este ano. E, nesse sentido, a inauguração de novos serviços de saúde precisa de uma pactuação com o Ministério da Saúde sobre o custeio das unidades.”

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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