Ministério determina recolhimento de todas as cervejas da Backer

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento determinou que a cervejaria Backer retire de circulação todas as suas cervejas e chopes produzidos desde outubro do ano passado até hoje (13). A suspensão da venda se manterá até que fique assegurado que os outros produtos da Backer não estão contaminados. “A medida é para preservar a saúde dos consumidores”, disse o ministério, em nota.

Na semana passada, exames laboratoriais realizados pela Polícia Civil de Minas Gerais identificaram a presença da substância dietilenoglicol em amostras de ao menos dois lotes da cerveja Belorizontina, produzida pela Backer. Uma pessoa morreu e pelo menos dez pessoas foram intoxicadas após consumirem a cerveja.

Segundo a própria empresa, o dietilenoglicol não faz parte do processo de produção de suas cervejas. De acordo com o ministério, em nota, não existem evidências laboratoriais de presença da substância em outros produtos da Backer. “Estes produtos estão sendo analisados e, caso existam resultados positivos, novas medidas serão adotadas”, acrescentou a pasta.

A cervejaria foi interditada pelo ministério, e 139 mil litros de cerveja e 8,4 mil litros de chope já tinham sido apreendidos. Hoje a Polícia Civil informou que um terceiro lote da Belorizontina também está contaminado. Também foram encontrados vestígios das duas substâncias tóxicas nos equipamentos de resfriamento usados na produção da cerveja.

“Desmonte do audiovisual é marca nefasta de Bolsonaro”, denuncia Tadeu Alencar

O deputado federal Tadeu Alencar, líder do PSB na Câmara, criticou a decisão do presidente Jair Bolsonaro de vetar, integralmente o Projeto de Lei aprovado pela Câmara, em 11 de dezembro, que prorrogava até 2024 concessão de benefícios por meio do Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica, o Recine. O PL 5.815/2019, vetado na última sexta-feira (10), estendia a isenção de impostos para instalação de cinemas em pequenas cidades e investimentos em obras nacionais independentes.

“Trata-se de mais um item no pacote perverso de desmonte da cultura nacional, particularmente, em relação ao cinema, por parte do governo Bolsonaro. O que este presidente vem fazendo em termos de malefício cultural não encontra precedentes em nosso país. Esse veto é absurdo e a Câmara tem o dever de derrubá-lo”, afirmou Tadeu Alencar que preside a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Cinema e do Audiovisual Brasileiros.

Para o parlamentar, o posicionamento de Bolsonaro em relação ao nosso cinema beira o inacreditável. Ele citou as agressões à classe artísticas, como ocorreu com a atriz Fernanda Montenegro, chamada de “sórdida” por um funcionário do governo, o diretor de Artes Cênicas da Funarte, Roberto Alvim. Lembrou, também, a ordem de retirar da própria Funarte todos os cartazes de filmes nacionais. Ou ainda a frase de Bolsonaro – “nunca mais fizemos um bom filme” – ao defender a realização de filmes cívicos e de cunho evangélico. “É a atividade presidencial elevada aos píncaros da ignorância”, completou.

CASA DE RUI BARBOSA

Tadeu Alencar não poupou críticas a outra ação “nefasta” do governo de Jair Bolsonaro, que demitiu toda a diretoria dos Centros de Pesquisa da Fundação Casa de Rui Barbosa. Na semana passada a presidente da instituição, Letícia Dornelles, afastou o cientista político Charles Gomes, a jornalista Jöelle Rouchou, a ensaísta Flora Sussekind e o sociólogo e escritor José Almino Alencar. Os dois últimos foram vencedores do Prêmio Jabuti. Foi exonerado, também, o diretor do departamento onde eles todos os afastados trabalhavam, Antônio Lopes.

“A cantilena do presidente e de seus subordinados de que estaria acabando com o aparelhismo ideológico é, na verdade, uma cortina de fumada para fazer justamente isto. O governo se move pela mais insana e persecutória ideologia de direita. O que se vê em todos os setores do governo é uma política de caça às bruxas com o objetivo, justamente, de aparelhar o Estado”, denunciou o líder do PSB.

Para Tadeu, é sintomático que, uma semana depois de “guilhotinar” a diretoria da FCRB, a sua presidente anuncie uma série de exposições e palestras sobre “líderes liberais”. A série terá início com palestras sobre a ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher o ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan.

Tadeu Alencar lembrou, ainda, que o que acontece na Casa de Rui Barbosa mereceu uma Carta de Repúdio subscrita por oito associações de pós-graduação e pesquisa sobre Ciência Política, Letras e Linguística, Antropologia, História, Psicologia, Filosofia e Sociologia. Na carta é citada a “política de instrumentalização ideológica” que atinge as instituições culturais, hoje dirigidas, diz a carta, por “pessoas desqualificadas e apadrinhadas” por políticos do bolsonarismo. Um “desrespeito sistemático com o patrimônio científico e cultural brasileiro, como não ocorria na história deste País, desde a sua abertura democráticas em 1985”, assinala o texto.

Tarde dançante com ‘os veteranos’ abre reserva de mesas

Sempre com diversas atrações para agradar todos os gostos, o Polo Caruaru traz a Tarde Dançante. Será no dia 25 de janeiro, com a animação da banda Os Veteranos. O evento será a partir das 15h, na Área de Eventos 4 do Centro de Compras e Lazer. Reservas de mesas devem ser feitas pelo telefone 81 99292.7062. A Tarde Dançante será realizada em parceria com Augusto Eventos.

Quer ficar por dentro de toda a programação do Polo Caruaru? Acompanhe tudo pelo instagram do Polo @polocaruaruoficial. Para mais informações também disponibilizamos o telefone 81 3727-5000.

Férias: Operação Lei Seca amplia fiscalização nas estradas

Com as férias escolares neste mês de janeiro, a movimentação nas estradas que levam ao Litoral do Estado, principalmente nos fins de semana, é ainda mais intensa. Para garantir a segurança do motorista que circula por esses trechos e alertar sobre o perigo da combinação álcool e direção, a Operação Lei Seca (OLS) intensificou a fiscalização nas vias que levam às principais praias pernambucanas. Localidades como a ilha de Itamaracá, Tamandaré e Porto de Galinhas já estão recebendo as ações – tanto de fiscalização como as blitze educativas.

Cerca de 15 equipes atuam nesse período nas rotas com maior fluxo de veículos nas estradas que cortam o Estado. “Em janeiro, sabemos que há muitos eventos no Litoral do Estado, por isso a importância de deslocar equipes para esses roteiros. Estamos atuando intensamente com o intuito de dar mais segurança aos condutores de veículos que estão circulando nessas regiões. Além da fiscalização, nossas equipes educativas orientam os motoristas quanto ao perigo de consumir bebidas alcoólicas e partir para a direção. Há, inclusive, a participação de pessoas com deficiência, resultado de acidentes causados pelo álcool, que contam suas experiências e conscientizam a população sobre essa combinação perigosa”, pontua o coordenador executivo da Operação Lei Seca em Pernambuco, Felipe Gondim. As equipes já estão trabalhando com a nova sinalização das blitze com placas refletivas que alertam os motoristas durante os bloqueios itinerantes.

Sob a coordenação da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) e Polícia Militar (PMPE), a Operação Lei Seca completou, em 2019, oito anos de atuação em Pernambuco. Nesse período, a OLS abordou 2,8 milhões de motoristas e as infrações por alcoolemia correspondem a apenas 1,7% do total de abordagens realizadas no Estado e os crimes por embriaguez chegam a menos de 0,1% em relação às infrações.

Fim de ano

A Operação Lei Seca também intensificou as ações nas festividades de fim de ano, com fiscalização diária no Natal e Ano Novo. De 23 de dezembro de 2019 a 1º de janeiro de 2020, foram 9.163 veículos abordados. Ao todo, 195 motoristas tiveram suas CNHs (Carteira Nacional de Habilitação) recolhidas e 64 veículos foram rebocados. No total do período, 9.373 pessoas realizaram o teste de alcoolemia. Destas, 9.328 foram liberadas por não terem ingerido bebida alcoólica. Já em 45 pessoas foi constatada a ingestão de álcool ao conduzir o veículo (7 delas foram autuadas em flagrante por crime de trânsito). Um total de 149 condutores se recusaram a realizar o teste do bafômetro.

Somente no dia 1º de janeiro de 2020, nos quatro turnos de atuação das equipes (manhã, tarde, noite e madrugada), 58 pessoas foram notificadas pela OLS pela combinação de álcool e direção ou pela recusa para realizar o teste de alcoolemia.

Empresas demoram menos de dez segundos para filtrar currículos

O currículo é a porta de entrada de qualquer pessoa em uma empresa, e por isso é um dos documentos mais importantes na hora de conquistar uma vaga de emprego. Porém, muitos currículos são descartados logo no começo da avaliação. De acordo com um estudo realizado pela Catho, plataforma de recrutamento online, 30% dos recrutadores levam de 6 a 10 segundos, em média, para descartar ou decidir manter um currículo na disputa por uma vaga. Depois disso, cerca de 15 a cada 100 currículos são revistos com maior cuidado pelos profissionais.

A falta de requisitos básicos, como número de telefone e contato de e-mail, é um dos principais motivos para esse descarte rápido. Além disso, a falta de cumprimento de requisitos essenciais para a vaga, como inglês fluente ou formação específica, também estão entre os apontamentos da pesquisa.

Esses também são os principais problemas relatados pelo departamento de Recursos Humanos do Grupo A.Yoshii. Referência em construção civil há mais de 50 anos, o Grupo, que atua em todo país com obras corporativas e com obras residenciais no Paraná e São Paulo, está em processo de contratações em Campinas, onde anunciou a construção de empreendimentos de alto padrão.

Nesta primeira etapa na cidade, o Grupo vai gerar cerca de 1.200 empregos diretos e indiretos na construção do Le Rêve, um edifício residencial de alto padrão, localizado na Rua dos Alecrins, no Cambuí. Este será o prédio mais alto de Campinas – com 33 pavimentos.

O recrutamento de mão de obra para esse empreendimento começa em março, de acordo com o diretor do departamento de Recursos Humanos do Grupo A.Yoshii, Aparecido Siqueira. Segundo ele, muitos currículos que chegam até a empresa são filtrados e eliminados na fase de triagem por falta de informações básicas para atender a vaga ofertada, como escolaridade e conhecimento técnico.

“Organização e assertividade são essenciais para conquistar a vaga. Conhecer o próprio perfil e entender se você atende os requisitos e conhecimento para a vaga que está se candidatando é muito importante. Outras informações básicas, como contatos corretos e um breve relato das atividades desempenhadas nas experiências anteriores, também são pontos positivos”, afirma Aparecido.

Mercado financeiro reduz estimativa de inflação este ano para 3,58%

As instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) reduziram a estimativa para a inflação este ano. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA – a inflação oficial do país) caiu de 3,60% para 3,58%. A informação consta no boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central (BC) que traz as projeções de instituições para os principais indicadores econômicos.

Para 2021, a estimativa de inflação se mantém em 3,75%. A previsão para os anos seguintes também não teve alterações: 3,50% em 2022 e 2023.

A projeção para 2020 está abaixo do centro da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 4% em 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Selic
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, atualmente definida em 4,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

De acordo com as instituições financeiras, a Selic deve se manter em 4,5% ao ano até o fim de 2020. A manutenção da Selic, como prevê o mercado financeiro, indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação.

Para 2021, a expectativa é que a taxa básica suba para 6,25%. E para 2022 e 2023, as instituições estimam que a Selic termine os dois períodos em 6,5% ao ano.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Atividade econômica
A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – se mantém em 2,30% para 2020. As estimativas das instituições financeiras para os anos seguintes, 2021, 2022 e 2023 também continuam em 2,50%.

A previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar está em R$ 4,04 para o fim deste ano e R$ 4,00 para 2021.

Agência Brasil

Carne, dólar em alta e FGTS: as causas da inflação que bateu recorde desde 2016

A liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a gripe suína na China, com reflexo no preço da carne no Brasil, em 2019, elevaram a inflação. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou dezembro em 4,31%, acima das expectativas previstas pelo mercado. Trata-se da maior inflação anual desde 2016, quando o índice ficou em 6,29%. A boa notícia é que como não haverá mais grande volume de dinheiro em circulação, como na época de fim de ano, e a tendência da China se recuperar na produção de carne, o impacto na inflação deve diminuir em 2020.

Segundo o professor de Finanças do Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (Ibmec/SP) George Sales, o aumento foi pressionado, principalmente, pelo mês de dezembro, quando as pessoas recebem o FGTS e injetam mais dinheiro no comércio, com compras de Natal e Ano Novo. Além disso, ainda segundo o especialista, a crise de produção na China obrigou o país a importar carne do Brasil. “Isso não vai acontecer de novo para os próximos meses porque a China, que fez a importação em excesso do Brasil, teve problema e teve que importar. Como é [um país] muito populoso, causou esse efeito no Brasil, mas isso não vai acontecer mais. As matrizes vão se recompor e vão voltar a produzir carne. E também não terá mais dinheiro em excesso em circulação, como teve com o FGTS. Então, a gente tende a imaginar que os preços se estabilizem”, aponta Sales.

Monitoramento feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta recuo no preço da carne bovina desde dezembro. Nos principais mercados, a queda foi de cerca de 9%. Em Mato Grosso, a arroba do boi passou de R$ 216 para R$ 197 na mesma semana. Na Bahia, caiu de R$ 225 para R$ 207 e, em Mato Grosso do Sul, a arroba, antes cotada a R$ 220, passou a custar R$ 200. Para George Sales, a carne não pode ser apontada como a única vilã do aumento do IPCA. “O item alimentação, de forma geral, teve um aumento considerável, mas também teve o disparo do dólar e isso, consequentemente, afeta produtos brasileiros porque competem nas exportações. A carne foi a vilã que mais chamou atenção, mas não foi a única”, completa.

Cesta de produtos

O IPCA é um índice que mede a variação de preços de mercado para o consumidor final no segmento de transporte, alimentação e itens de casa, por exemplo. Engloba quem consome de um a 40 salários mínimos e é medido em 11 regiões metropolitanas no Brasil, o que atinge cerca de 70% da população. Baseado no que aconteceu nesses segmentos, o governo utiliza o IPCA como registro de meta de inflação e decide se aumenta ou diminui a taxa básica de juros por meio do Banco Central.

Dólar

Em novembro do ano passado, o dólar fechou em alta e atingiu o maior valor nominal da história sobre o real. A moeda norte-americana subiu 0,5% e fechou o dia a R$ 4,21. Já o dólar turismo terminou o dia vendido perto de R$ 4,40, sem considerar os impostos. No ano todo, o avanço registrado até novembro foi de 8,74%.

Carne

A peste suína chegou à China em 2018. No ano passado, o país chegou a ficar com os estoques de carnes congeladas na reserva. Quatro cidades ou províncias chinesas – que abastecem cerca de 130 milhões de pessoas – teriam diminuído seus estoques de carne congelada para colocar mais produtos no mercado. O aumento da demanda pelo alimento nacional elevou os preços nos açougues do Brasil.

FGTS

O FGTS é uma poupança feita pela empresa em nome do trabalhador que funciona como uma garantia para protegê-lo em caso de demissão sem justa causa. O depósito é feito todo mês pela empresa e equivale a 8% do salário. A conta do FGTS rende juros e correção monetária no final do período de um ano. O governo mudou as regras de saque em 2019 e permitiu que os trabalhadores que tinham contas ativas e inativas pudessem sacar até R$ 500 no fim de ano.

Cresce o consumo de antidepressivos no Brasil

O Brasil é um dos países engajados na campanha Janeiro Branco, dedicada a colocar os temas da saúde mental em evidência no mundo, em nome da prevenção ao adoecimento emocional. A principal estratégia é sensibilizar a mídia, o governo e o setor privado sobre a importância do investimento em políticas públicas no setor. Segundo especialistas ouvidas pelo Correio, a mobilização ganha ainda mais importância diante do aumento do consumo de medicamentos indicados para tratamento psiquiátrico e psicológico por pessoas acometidas por transtorno de ansiedade e depressão.

Na semana passada, um estudo da Funcional Health Tech — empresa líder em inteligência de dados e serviços de gestão no setor de saúde — revelou que, de 2014 a 2018, o consumo de antidepressivos cresceu 23% no Brasil. Realizado junto a 327 mil clientes da companhia, de todas as regiões do país, o levantamento concluiu que o maior consumo desse tipo de medicamento está entre mulheres na faixa de 40 anos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em escala global, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4% nos últimos 10 anos. São 322 milhões de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. Na América Latina, o Brasil é o país mais ansioso e estressado. Cerca de 5,8% dos brasileiros sofrem de depressão, e 9,3%, de ansiedade.

O desemprego e as dificuldades econômicas estão entre as principais causas desses problemas de saúde. “Houve um aumento expressivo de pacientes que me procuraram com transtornos de ansiedade ou depressão. Foram cerca de 150 pacientes em 2019, a maioria com esta demanda, o triplo do verificado em 2017”, disse ao Correio a psicóloga e mestre em psicologia Karyne Mariano Lira Correia, de Joinville (SC).

Terapeuta cognitivo-comportamental, ela observa que o aumento da procura por atendimento vem sendo registrado desde 2014, ano em que a economia do país começou a mergulhar em uma grave crise econômica. A psicóloga, no entanto, atribui a elevação também a uma maior conscientização da sociedade sobre a importância dos cuidados com a saúde mental.

“Ainda há muito preconceito; as pessoas costumam não levar a sério quem diz que está com depressão. Dizem que é coisa de quem não tem o que fazer. Fazem brincadeiras”, afirmou a especialista. “Uma prova disso é que a campanha Janeiro Branco é bem menos conhecida do que a do Outubro Rosa, voltada à prevenção ao câncer de mama, e a do Novembro Azul, que busca conscientizar os homens sobre a importância da prevenção do câncer de próstata.”

Karyne Correia explicou que costuma receber pacientes que já usam medicamentos indicados por psiquiatras. Sobre os resultados da pesquisa da Funcional Health Tech, ela frisou que o aumento do uso de antidepressivos no país pode ser atribuído, ao mesmo tempo, a um maior número de pessoas que buscam atendimento e também a pacientes que se automedicam, sem orientação médica.

“A automedicação é altamente perigosa, porque é um caminho para a dependência química e para efeitos colaterais que podem gerar outros problemas de saúde”, alertou a psicóloga. “De nada adianta a pessoa se automedicar, porque ela acaba se tornando refém da medicação e deixa ainda mais distante a possibilidade de solução para o sofrimento mental.”

Conscientização
Já a psiquiatra Helena Moura, de Brasília, afirmou que a campanha Janeiro Branco é altamente necessária para a conscientização não só das pessoas, mas também dos governos, sobre a importância da saúde mental. “Principalmente nos países mais pobres, onde apenas 10% da população, em média, têm acesso a atendimento nessa área da medicina, enquanto, nos países desenvolvidos, esse percentual é de 70%”, ressaltou a especialista, que é preceptora de residência psiquiátrica do Instituto Hospital de Base. Segundo ela, por trás dessa defasagem, estão fatores como falta de informação e preconceito.

Quanto à prevenção, Helena Moura aconselhou que as pessoas procurem, além do atendimento médico, uma dieta adequada, a exemplo da mediterrânea, fundamental, segundo destacou, para evitar doenças que podem abrir caminho para problemas como transtorno de ansiedade e depressão. “Enfermidades como hipertensão e diabetes podem ter relação com esses problemas de ordem mental”, afirmou a psiquiatra, acrescentando que noites bem-dormidas também são importantes.

Década passada foi a pior para PIB no Brasil

A economia brasileira bateu no fundo poço e registrou a menor taxa de crescimento desde 1900 na última década encerrada em 2019. Entre os anos de 2010 e 2019, o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas no País, cresceu a um ritmo de 1,39% ao ano.

O dado consta de estudo do economista Roberto Macedo, da Universidade de São Paulo, ex-secretário de Política Econômica e que foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O levantamento considera que cada década se inicia nos anos terminados em zero e vai até os anos que terminam em nove.

“A década de 2010 foi a pior para o crescimento do PIB entre as 12 analisadas”, afirma Macedo. O desempenho médio anual do período foi menos da metade do registrado na década anterior, iniciada em 2000 (3,39%). Até então, o pior resultado anual era de 1,75% nos anos 90 – época marcada por crises externas e planos fracassados de estabilização.

A crise fiscal, segundo Macedo, foi o principal fator que levou o País à recessão, que começou no segundo trimestre de 2014 e terminou no quarto trimestre de 2016. Desde então, a recuperação tem sido a passos lentos, com avanços do PIB que não saem da casa de 1%.

O fraco desempenho da economia brasileira nos anos 2010 – bem abaixo do crescimento médio do PIB de 155 economias emergentes e em desenvolvimento, que avançaram 5,11% ao ano no mesmo período de acordo com o estudo – mostra sua face mais cruel no número de desempregados e subempregados.

No trimestre encerrado em novembro, a taxa de desocupação era de 11,2%, ou de 11,9 milhões de pessoas, segundo a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

“O aumento do número de moradores de rua é uma consequência esperada, com a situação da economia se agravando e o desemprego altíssimo”, observa Macedo. Esse é o caso de Francisco Eduardo Lopes, de 28 anos, que veio do Ceará e há dois anos vive nas ruas da capital paulista. Ele, que cursou até a 7.ª série do ensino fundamental, prestava serviços de pedreiro e pintura e tirava R$ 2 mil por mês com as reformas. Mas desde 2018 não consegue serviço e acabou indo parar num albergue. “Existe preconceito contra quem vive em albergue e é complicado se recolocar, por não ter um endereço fixo.”

Michel Lopes Kiill, 52 anos, ex-bancário que cursou faculdade de Comunicação e não concluiu, enfrenta problema semelhante. Hoje, ele deve R$ 38 mil para bancos e financeiras e vive num centro que acolhe moradores de rua. “Quando você diz que mora em abrigo dificilmente alguém te dá emprego.” Em 2015, último censo da Prefeitura apontou que eram 15,9 mil pessoas na rua.

Na última quinta-feira, dia 9, Kiill e Lopes eram dois dos cerca de 50 moradores em situação de rua em um café da manhã comunitário oferecido na Paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro paulistano da Mooca, na zona leste. Há mais de 30 anos oferecendo a primeira refeição do dia para quem vive na rua, o padre Júlio Lancellotti, vigário da paróquia e da pastoral de rua da Arquidiocese de São Paulo, diz que a maior parte deles é jovem e busca trabalho.

Sem ascensão

“Essa estagnação prejudicou muito as gerações recentes. Percebi que nas gerações passadas havia muita ascensão social, ou seja, o status social dos filhos superava o dos pais. Hoje, isso se inverteu, com os filhos tendo dificuldade de até mesmo manter o status social dos pais”, diz Macedo.

Para o coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV, Armando Castelar, a retomada de investimentos do País ainda depende da criação de “um ambiente de negócios favorável, no qual os empresários tenham confiança em colocar dinheiro no País”. “O problema maior é a insegurança jurídica, a estrutura tributária muito custosa e incerta. Também a infraestrutura é ruim, do ponto de vista do investidor privado”, afirma.

Colega de Castelar no Ibre/FGV, o economista Samuel Pessôa afirma que, após anos marcados pelo intervencionismo do governo, o País “tomou o caminho certo”. “Hoje, estamos infinitamente melhor do que em 2014. Só que o caminho certo é doloroso. Por isso, a lentidão para ganharmos velocidade no crescimento”, diz ele. “Estamos arrumando a casa sem destruir a macroeconomia. Isso é muito saudável e dá mais solidez.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Estadão Conteúdo