É quase impossível pensar em São João e não associar a fogueiras e fogos de artifício, sobre na região Nordeste. Incorporados à tradição junina há séculos, estes símbolos podem causar sérios danos para quem não os utiliza da maneira correta. Alergias, queimaduras e até mesmo amputação estão entre os perigos mais graves.
Somente no feriado de Santo Antônio deste ano, o Hospital da Restauração (HR), referência no atendimento de queimados, no Centro do Recife, recebeu cinco adultos e quatro crianças que sofreram queimaduras por fogos e fogueiras. Quatro destes pacientes precisaram ficar internados devido a gravidade dos ferimentos.
Para evitar acidentes e garantir o arrasta pé seguro dos matutos de plantão, o major Anderson Barros do Corpo de Bombeiros alerta que se deve comprar fogos industrializados e em locais devidamente autorizados, assim há a garantia de segurança.
Na hora de comprar os fogos é importante ler as orientações do fabricante que vem nas caixas. “Há informações específicas por idade, além de cuidados e forma correta de como soltar os artefatos. À medida que se lê você fica informado sobre os perigos e as formas de evitá-los. É muito importante também ficar atento à validade dos fogos”, comenta.
Barros lembra ainda que as crianças nunca devem usar os artefatos sem a supervisão de adultos. O major ressalta que nunca se deve jogar fogos nas fogueiras, pois na hora da explosão as brasas podem ser jogadas para cima das pessoas. “Os lançadores e foguetes devem ser soltos sempre em locais abertos e longe de postos de combustíveis e residências”, orienta.
O major fala que as mãos e rostos são as partes mais sensíveis do corpo e costumam ter as queimaduras mais graves. “Nestes locais podem ser afetados sentidos importantes, como visão e olfato. Nas mãos, além da queimadura, dependendo do poder explosivo, ocorrem lesões de amputação”, detalha.
O médico veterinário Gustavo Campos, de 43 anos, conta que todo ano compra fogos para as filhas Vitória e Júlia, de 8 e 12 anos respectivamente. Mas ele garante que sempre toma os devidos cuidados para evitar acidentes. “É uma tradição que faz parte da nossa cultura que devemos incentivar e preservar. O importante é ficar atento e não deixar os artefatos ao alcance das crianças para que elas acabem manuseando sozinhas”, diz. Já o supervisor de vendas Thiago Abreu, 32 anos, afirma que a família dele nunca teve o hábito de soltar fogos nas festas juninas, mas neste ano, pela primeira vez, ele resolveu comprar para o filho Henrique, 3. “Vou levar algum mais inofensivo que tem efeito luminoso, para evitar risco de queimaduras”, fala.
Contudo, o chefe da unidade de queimados do HR, Marcos Barretto, alerta que não existe fogos menos ou mais perigosos. Todos oferecem riscos se forem manuseados de forma inapropriada. “Todos os artefatos são inocentes enquanto estão dentro de suas caixas, estocados em prateleiras, sem ninguém tocar. Na hora que passa para a mão do ser humano se tornam perigosos”, avalia.
O chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração, médico Marcos Barreto, fala sobre os riscos de fogos e fogueiras, principais causas dos acidentes, nesta época do ano.
O médico orienta que em casos de queimaduras não se deve colocar nenhum produto para aliviar a dor, como creme dental ou manteiga. A única recomendação é colocar a área afetada em água limpa e corrente por 15 a 20 minutos e, se preciso, procurar a unidade de saúde mais próxima. Em casos graves deve-se ir a um hospital de grande porte.
Sobre as fogueiras a recomendação dos Bombeiros é que elas não sejam muito altas, devendo ter no máximo um metro. Elas devem ser montadas em locais amplos e abertos, longe de postos de combustíveis e residências. “Importante colocar sempre os troncos mais grossos na base, para evitar que ela desmonte e caia em cima de alguém. No acendimento, momento mais perigoso, nunca usar líquidos combustíveis, como gasolina e álcool. Deve-se utilizar óleo de cozinha em papel absorvente, dentro de copo descartável. O óleo vai queimando lentamente, aquecendo a fogueira até acender. O fogo deve ser colocado de cima para baixo para evitar que a base seja consumida primeiro e não tenha estrutura para suportar a parte de cima”, diz o major Barros.
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