Lula lamenta “grande farsa” que o tornou réu e recebe apoio de correligionários nos EUA

Agora réu da Operação Lava Jato, o ex-presidente Lula disse nesta terça-feira (20) estar “triste” com a decisão do juiz Sérgio Moro de acatar denúncia formulada por membros do Ministério Público Federal.

Para o petista, trata-se de uma “mentira” contada pelos investigadores em “grande show de pirotecnia” – referência à apresentação encabeçada pelo procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa que investiga o esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras; na ocasião, Lula foi classificado como “grande general do petrolão”, mas a postura de Dallagnol e seus colegas foi criticada e acabou virando piada na internet.

“Obviamente que eu estou triste, porque fiquei sabendo agora que o juiz Moro aceitou a denúncia contra mim. Mesmo a denúncia sendo uma farsa, uma grande mentira contada, um grande show de pirotecnia nesse país”, disse o petista, rodeado por apoiadores em São Paulo.

Lula vira réu e será julgado por Sérgio Moro

Moro acatou denúncia do MPF menos de uma semana depois da apresentação

O juiz Sérgio Moro aceitou neste terça-feira (20) a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, Lula se torna réu e será julgado pelos crimes de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

Além do petista, Moro acatou também as denúncias contra a esposa de Lula, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empresário Léo Pinheiro e o ex-diretor Paulo Gordilho, da OAS, além de Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine, Roberto Moreira Ferreira, funcionários da empreiteira.

Leia a íntegra da denúncia acatada por Moro

A denúncia foi feita pelo MPF na semana passada em uma apresentação que Lula avaliou como “pirotecnia”. Segundo os procuradores,  o ex-presidente é “o grande general que determinou a realização e a continuidade da prática dos crimes”. As investigações, encabeçadas por Deltan Dallagnol, que comanda a força-tarefa da Lava Jato, chegaram à conclusão que Lula era o “comandante máximo do esquema de corrupção identificado no petrolão”.

A denúncia sustenta que Lula , ao todo, recebeu R$ 3,7 milhões em propina da empreiteira OAS. Deste montante, segundo o MPF, R$ 1,1 milhão são do tríplex no Edifícil Solaris, no Guarujá (SP), outros R$ 926 mil referente a reformas no imóvel, R$ 342 mil para instalação de cozinha e outros móveis personalizados, além de R$ 8 mil para a compra de fogão, micro-ondas e geladeira. Ainda são somados a este valor, R$ 1,3 milhão pago pela OAS ao ex-presidente para armazenar bens em um depósito.

Na decisão, Moro diz que “certamente, tais elementos probatórios são questionáveis, mas, nessa fase preliminar, não se exige conclusão quanto à presença da responsabilidade criminal, mas apenas justa causa”. O ex-presidente, segundo Moro, “seria beneficiário direto das vantagens concedidas pelo Grupo OAS e, segundo a denúncia, teria conhecimento de sua origem no esquema criminoso que vitimou a Petrobras”.

O juiz pondera que “nessa fase processual, não cabe exame aprofundado das provas, algo só viável após a instrução e especialmente o exercício do direito de defesa”. E ainda lembra que “entre os acusados, encontra-se ex-Presidente da República, com o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de toda a espécie”.

Esta é a segunda denúncia aceita contra o ex-presidente. Em julho, Justiça Federal aceitou outra denúncia do Ministério Público Federal do Distrito Federal contra Lula, o ex-senador Delcídio do Amaral e outros cinco acusados por tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato.