Aposentadoria aos 65 anos não se adapta à realidade brasileira, diz procurador

Mariana Branco – Repórter da Agência Brasil

Ao participar de debate hoje (16) na Comissão Especial de Reforma da Previdência, na Câmara dos Deputados, o procurador da República José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), disse que a reforma previdenciária é necessária, mas a idade mínima para a aposentadoria precisa ser discutida “com equilíbrio” para não provocar “grandes injustiças”.

Robalinho afirmou que, apesar da idade proposta pelo governo ser adotada em países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil tem uma realidade diferente do grupo, que reúne os mais desenvolvidos. “Esses países têm expectativa de vida acima dos 80 anos. O Brasil ainda não está nos 74 anos”, afirmou.

“Saltar para 65 anos, com 49 anos de contribuição para chegar ao benefício integral, me parece quase absurdo.”

Desde ontem (14), a comissão discute a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que trata da reforma da Previdência. O tema desta quinta-feira é a aposentadoria dos servidores públicos.

O procurador também pediu tratamento diferenciado para as aposentadorias de trabalhadores rurais. “A aposentadoria rural não pode ser considerada aposentadoria. Tem que ser encarada como transferência de renda. Ela não tem arrecadação para se sustentar, nunca teve. É um programa de benefício de renda que tem um altíssimo nível de importância”, afirmou.

Dólar fecha em leve alta e encerra o dia a R$ 3,08

A cotação do dólar encerrou o dia a R$ 3,08 em um momento de expectativa pela desvalorização da moeda, que ontem (15) alcançou a menor cotação desde 18 de junho de 2015, fechando em R$ 3,06. A moeda chegou a operar em queda hoje, mas terminou em alta após dois dias de desvalorização.

O professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV), Emerson Marçal, disse que há uma tendência de valorização do real atrelada a uma onda de otimismo que está se formando no mercado.

“As pessoas estão otimistas com o que pode vir ao longo deste ano”, disse Marçal. “A percepção de risco do país está caindo no exterior. Está se formando uma ondinha de otimismo com relação ao futuro próximo da economia brasileira, então tudo isso está fazendo com que a moeda [dólar] seja pressionada para baixo”.

Apesar de acreditar na tendência de apreciação do real, Marçal diz que há elementos que podem interferir nessa trajetória. “O que pode alterar isso um pouco é quando tiver a reunião do Comitê de Política Monetária [Copom] e, de repente, se ele fizer um corte mais agressivo na taxa de juros, aí talvez isso afete o câmbio e barre essa tendência de apreciação. Ou se o Banco Central começar a comprar reservas sistematicamente ou intervir no mercado para evitar a valorização [do real]”.

TSE marca depoimentos de donos de gráficas investigadas na chapa Dilma-Teme

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para 20 de fevereiro o depoimento do proprietários de duas gráficas suspeitas de receber pagamentos irregulares por serviços prestados à chapa Dilma-Temer, vencedora das eleições presidenciais de 2014. As oitivas fazem parte do processo no qual o PSDB pediu a cassação da chapa.

De acordo com despacho do juiz auxiliar do relator, ministro Herman Benjamim, serão ouvidos na sede da Justiça Eleitoral de São Paulo os empresários Rodrigo Zanardo e Rogério Zanardo, da Rede Seg Gráfica, e Carlos Cortegoso, ligado à Focal Comunicação Visual.

De acordo com relatório elaborado pela Polícia Federal (PF), há suspeitas de pagamentos irregulares a três gráficas que prestaram serviços à campanha presidencial: VTPB Serviços Gráficos e Mídia, a Focal Confecção e Comunicação Visual e a Rede Seg Gráfica Eireli.

No fim de dezembro, a PF cumpriu diligências em 20 endereços ligados às gráficas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina, com o objetivo de obter possíveis provas.

A campanha de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. No início do mês, a defesa do presidente Michel Temer sustentou no TSE que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. De acordo com os advogados, não se tem conhecimento de qualquer irregularidade no pagamento dos serviços.

Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então presidenta Dilma Rousseff e seu vice e companheiro de chapa, Michel Temer, foram aprovadas com ressalvas, por unanimidade, no TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação, por entender que há irregularidades nas prestações de contas apresentadas por Dilma. Conforme entendimento atual do TSE, a prestação contábil do presidente e do vice é julgada em conjunto.

Governo Federal vai distribuir repelentes para gestantes

Um ano após a epidemia de zika e o crescimento expressivo dos casos de microcefalia em recém-nascido relacionada ao vírus, além de o temor de um novo surto das outras doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti – como a dengue e a febre chikungunya – , o governo federal decidiu distribuir repelentes para gestantes beneficiárias do Bolsa Família em todo o Brasil.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a partir de março, mais de 484 mil gestantes do programa receberam os repelentes. Ao todo, serão distribuídos 15,9 milhões de frascos. Serão sete lotes, sendo que o último será distribuído em dezembro.

“Na primeira etapa, serão entregues quase 1 milhão de unidades. As prefeituras ficarão responsáveis por escolher a melhor forma de distribuição – ou no Centro de Referência de Assistência Social [Cras] ou na unidade de saúde”, diz nota divulgada pelo ministério.

Em 2015 e 2016 foram notificados 10,2 mil casos de crianças nascidas com alterações no crescimento e desenvolvimento relacionadas à infecção pelo vírus zika no Brasil, sendo 2,2 mil confirmados. Neste período, foram concedidos 1,9 mil Benefícios de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com microcefalia.

Pernambuco registra maior número de assassinatos em janeiro dos últimos dez anos

Sumaia Villela – Correspondente da Agência Brasil

O número de homicídios no estado de Pernambuco em janeiro de 2017 é o maior dos últimos dez anos. Dados da Secretaria de Defesa Social do estado mostram que 479 pessoas morreram assassinadas nesse período. Há uma década, em janeiro de 2007, foram contabilizadas 459 mortes violentas – vinte a menos.

A Região Metropolitana do Recife (RMR) responde por 43% desse total. A cidade onde mais pessoas foram assassinadas é a capital, com 70 mortes. Jaboatão dos Guararapes, Paulista, Cabo de Santo Agostinho, Olinda e Ipojuca registram mais de dez homicídios. Já no interior do estado, o município com mais ocorrências é Caruaru, com 21 vítimas. Dos 184 municípios de Pernambuco, 68 não tiveram homicídios no mês de janeiro.

Os dados divulgados ontem (15) interromperam a tendência de queda no número de homicídios, registrada depois da criação do programa Pacto pela Vida, em 2007. O programa foi lançado pelo governo do estado com o objetivo de reduzir a violência por meio de políticas públicas integradas entre áreas do Executivo e também entre os diferentes poderes.

O objetivo foi cumprido até 2014, quando o número de mortes violentas em janeiro foi quase a metade (256) do registrado no primeiro mês deste ano.

Em meio a críticas de que o Pacto pela Vida teria sido deixado de lado, o governador Paulo Câmara cobrou na segunda feira (13), durante reunião com prefeitos da Região Metropolitana do Recife, que as administrações municipais cumpram o papel que lhes cabe em ações que, para o governo estadual, podem ajudar a reduzir a criminalidade, tais como iluminação pública e a fiscalização de trânsito e bares.

Em texto divulgado pela Secretaria de Defesa Social sobre as estatísticas de janeiro, o órgão informou que “vem ajustando a atuação das polícias de modo a aumentar o policiamento ostensivo, como também aumentar a resolutividade dos inquéritos” para combater os homicídios.

Outros crimes

A Secretaria de Defesa Social divulgou também o número de Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP) – roubo, extorsão mediante sequestro e roubo com restrição de liberdade da vítima. Em janeiro foram 10.691 ocorrências em todo o estado. Recife é responsável por cerca de 35% do total (3.796 casos).

Um dos setores que mais faz críticas à política de segurança pública do Estado é o rodoviário. Diariamente a cidade registra assaltos em ônibus, inclusive com mortes de passageiros e assaltantes. De acordo com dados do Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco, desde o início de 2017 até ontem foram registradas 513 ocorrências, uma média de 11,4 por dia.

Até o ano passado, os dados mensais disponiblizados pela Secretaria de Segurança eram mais completos e continham gráficos comparativos por período; taxa de mortes por 100 mil habitantes; além de comparações entre regiões, municípios e população. Este ano, no entanto, o documento contém apenas uma lista simples do número de mortes por município ou região.

 

Novo ensino médio deve ser implementado a partir de 2019, diz ministro Mendonça Filho

O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse hoje (16) que o novo ensino médio estará implementado em todo o país a partir de 2019. “Há prazos para os estados se adequarem a essa realidade. A base [Base Nacional Comum Curricular] só estará concluída até o final de 2017. Não poderíamos exigir a implementação plena pelos estados em 2018. Então, isso será feito com mais profundidade só em 2019.”

A reforma do ensino médio foi sancionada na manhã de hoje pelo presidente Michel Temer. Entre as principais mudanças estão a flexibilização curricular, a ampliação da carga horária e a formação técnica dentro da grade do ensino médio. O próximo passo é implantar a Base Nacional Comum Curricular que, atualmente, está sendo elaborada por um comitê presidido pelo Ministério da Educação (MEC).

Segundo o ministro, o ensino médio é diferenciado em cada unidade da Federação e, por isso, a implementação da reforma será discutida com os conselhos e secretarias estaduais, para que cada um faça as adequações necessárias. “A lógica é preservar as peculiaridades e valorizar o protagonismo dos sistemas estaduais”, disse Mendonça, ao falar sobre a distribuição dos conteúdos da base durante os três anos do ensino médio.

Segundo a secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, a tendência é que o primeiro ano seja concentrado na base e que, a partir do segundo ano, as escolas comecem a flexibilizar e diversificar o currículo com os chamados itinerários formativos, em que o estudante poderá escolher entre cinco áreas de estudo: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profissional. O projeto prevê que os alunos escolham a área na qual vão se aprofundar já no início do ensino médio.

Mendonça Filho esclareceu ainda que os estados terão suporte técnico e financeiro para implementação do novo currículo e do tempo integral. Segundo o ministro, R$ 1,5 bilhão já foram disponibilizados para este ano e o próximo para aumentar as matrículas no ensino integral. Hoje, 6% das matrículas do ensino médio são para o ensino integral, e a meta é dobrar esse número em três anos.

Artigo:Antônios e Marias Saberes e Sabores da Inclusão

Por Hérlon Cavalcanti 

Espaço ANTÔNIOS E MARIAS – Saberes e Sabores da Inclusão (AMSSI)

 

Na manhã de 21 de dezembro de 2016, se lançava um sonho de duas guerreiras para a criação de um espaço em que as questões da inclusão ganhava força. O AMSSI, que tem sua idealização nas figuras das professoras Tânia Bazante e Hélida Nogueira, traz a vida como centralidade ética e ecológica. Este momento de celebração apresentou um projeto promissor para a cidade de Caruaru e Região. No debate dos Direitos Humanos em sua dimensão mais voltada ao convívio das pessoas com deficiência, encontraremos o princípio do reconhecimento das diferenças de forma a assegurar o direito da pessoa com deficiência e seus familiares as práticas inclusivas em âmbito social e educativo (tanto no âmbito da Gestão pública, quanto das organizações privadas).

Em suas ações inicias, o espaço tem por intenção realizar um Mapeamento da realidade de Caruaru e sua caracterização em relação a pluralidade de aspectos psíquicos e motores que cercam as pessoas com deficiência, para assim compreender melhor o que esse território tem como demanda, identidade e identificação adequada e sistematizada.

Esse trabalho será realizado seguindo cronograma já estruturado de atividades encadeadas para que até o segundo semestre de 2017 o AMSSI possa desenvolver pautas que correspondam aos desafios que emergir da realidade das pessoas com deficiência em Caruaru, inicialmente.

O AMSSI possuíra personalidade jurídica própria e será vivenciado de maneira Colegiada e processual, com trabalho compartilhado e uma Equipe dotada de pessoas das mais diversificadas e especializadas áreas do conhecimento humano, estabelecendo parcerias, colaborações e convênios públicos e privados. Com emoção era lançada a semente desse desafio que fora prontamente acolhido por um grupo de sonhadores. Brindaram juntos, juntas, essa busca, cada vez maior, da consolidação de uma sociedade mais justa e inclusiva para todos os seres humanos em nossa amada Terra de Vitalino e região.

Na próxima segunda-feira, dia 20 de fevereiro, dia mundial da justiça social, o AMSSI, será anunciado a cidade. Com a parceria do Laboratório do Programa de Mestrado em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM/UFPE/CAA) e do Laboratório de Pesquisa em Políticas, Currículo e Docência (LAPPUC/UFPE/CNPq).

Para as professoras e esse grupo maravilhoso pode-se dizer “você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui…os mais belos montes escalei…”

Hérlon Cavalcanti é jornalista e colunista do blog 

Planos médicos são responsáveis pelos custos de tratamento de fertilidade

Um levantamento feito pelo advogado Elton Fernandes*, especialista em Direito da Saúde e professor da Escola Paulista de Direito, mostrou que o Tribunal de Justiça de São Paulo, analisou mais de 65 pedidos de condenação dos planos de saúde em fornecer tratamento para engravidar tal como fertilização in vitro. Isso, somente em 2016.

Os dados mostram, inclusive, que esses casos dobraram, já em 2015 foram analisados 34 processos desta natureza. Segundo o especialista, a crise econômica e o desejo de engravidar geraram o aumento pela procura na justiça por este tipo de tratamento.

Fernandes critica neste sentido a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que entende que os planos de saúde devem custear as ações que evitam gravidez, como vasectomia e laqueadura, mas não os procedimentos para engravidar.

“A ANS exorbita de suas funções e contraria a lei ao querer atribuir à norma sentido diverso daquele que conferiu o Congresso Nacional. O problema é que a Agência quer restringir o alcance da norma e, com isso, ela contraria o Congresso Nacional. A norma da ANS que exime a cobertura da fertilização in vitro pelos planos de saúde é ilegal”, afirma.

Elton Fernandes é enfático ao dizer que cabe ao plano custear tratamentos para engravidar, sobretudo desde 2009 quando o Congresso aprovou lei garantindo o “planejamento familiar” no rol de cobertura obrigatória, este passou a ser um dever dos planos de saúde. Vale ressaltar, ainda, conta o advogado, que embora o Sistema Único de Saúde também possua tal obrigação, e inclusive oferte o serviço em alguns hospitais da rede pública, o tempo de espera e os critérios sócio econômicos impedem que muitos pacientes façam uso do sistema público.

64% dos jornalistas latino-americanos desaprovam Michel Temer, mostra pesquisa Ipsos

Em pesquisa da Ipsos, formadores de opinião da América Latina foram questionados sobre como enxergam a atuação de 11 chefes de Estado da região. Os líderes com maior aprovação entre os entrevistados são Juan Manuel Santos, da Colômbia, com 74%; seguido pelo uruguaio Tabaré Vázquez com 70%, e em terceiro lugar Mauricio Macri, da Argentina, com 64%. O presidente brasileiro ficou em nono lugar com aprovação de somente 30%.

Do outro lado, os nomes com maior desaprovação são Nicolás Maduro, da Venezuela (91%); Enrique Peña Nieto, do México (67%); Michel Temer, do Brasil (64%), e o cubano Raúl Castro (64%).

A maior aprovação de Temer está entre os participantes brasileiros, com 41%, enquanto os jornalistas argentinos são os que mais o desaprovam (72%). Já os entrevistados brasileiros acreditam que a chilena Michelle Bachelet é a melhor presidente, com 73% de aprovação, e o pior líder é  Nicolás Maduro, da Venezuela, com 94% de desaprovação.

A pesquisa também comparou os resultados desta edição com a de 2015, levando em conta apenas os países que continuam com o mesmo presidente nesse intervalo de tempo.  Enquanto o colombiano Juan Manuel Santos lidera nesse ano com 74% de aprovação, há dois anos ele era o vice-líder, com 62% de acordo com seu governo. Em 2015, Tabaré Vázquez do Uruguai tinha o maior índice de aprovação (63%).

Já, Venezuela e México continuaram no fim da lista, apesar de o presidente mexicano ter crescido na avaliação, de 20 para 25%, não alterou sua posição com a de 2015. O líder venezuelano caiu de 12 para 6 % e continua com um índice alto de reprovação.

Realizada entre 11 novembro de 2016 a 23 de janeiro de 2017, a pesquisa aconteceu em em 14 países da América Latina e entrevistou 295 formadores de opinião e jornalistas de destaque.

Sobre a Ipsos

A Ipsos é uma empresa independente global na área de pesquisa de mercado presente em 88 países. A companhia tem mais de 5 mil clientes e ocupa a terceira posição na indústria de pesquisa. Maior empresa de pesquisa eleitoral do mundo, a Ipsos atua ainda nas áreas de publicidade, fidelização de clientes, marketing, mídia, opinião pública e coleta de dados. Os pesquisadores da Ipsos avaliam o potencial do mercado e interpretam as tendências. Desenvolvem e constroem marcas, ajudam os clientes a construírem relacionamento de longo prazo com seus parceiros, testam publicidade e analisam audiência, medem a opinião pública ao redor do mundo. Para mais informações, acesse: www.ipsos.com.brwww.ipsos.comhttps://youtu.be/QpajPPwN4oEhttps://youtu.be/EWda5jAElZ0 e   https://youtu.be/2KgINZxhTAU.

 

Nos últimos cinco anos, 355 ações na Justiça tentaram censurar conteúdo jornalístico

Levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), por meio do projeto Control-X, revela que, nos últimos cinco anos, 355 processos tramitam na Justiça com intuito de retirar algum conteúdo jornalístico do ar. As ações pediam a censura de informações divulgadas por meio do rádio, jornais e sites. O mais dos casos aconteceu na última sexta-feira (13), quando os jornais O Globo e Folha de S. Paulo foram obrigados a retirar do ar reportagens sobre ação que tramitou na Justiça paulista e impedidos de divulgar novas notícias sobre o assunto. As informações dos jornais revelavam que um hacker teria pedido R$ 300 mil à primeira-dama Marcela Temer, mulher do presidente Michel Temer, para não divulgar áudio extraído de conversa do whatsApp do celular de Marcela.

No diálogo, o hacker Silvonei de Jesus Souza, já condenado no processo, ameaçou jogar o nome do então vice-presidente “na lama”. O caso correu em segredo de Justiça. No mesmo dia em que as reportagens foram veiculadas, a primeira-dama entrou com ação na Justiça de Brasília pedindo a censura do material. O juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21ª Vara Cível de Brasília, deferiu o pedido e aplicou censura prévia aos jornais.

Apesar de a censura ter chocado e levantado diversas reações de repulsas ao ato, o caso é mais comum do que se imagina. Dos 355 processos, 92 foram deferidos. Só em 2016, tramitaram na Justiça 116 ações. Dessas, 24 foram aceitas pelos juízes que analisaram os pedidos. Vinte delas pretendiam suspender programas específicos de rádios locais. Políticos do Nordeste foram os campeões nesse tipo de pedido – 18 vieram da região. Três pedidos foram concedidos.

Durante as eleições municipais de 2016, a plataforma CTRL-X identificou 88 ações judiciais movidas por candidatos com pedido de recolhimento de jornais locais. Das ações, 41% tiveram pedido deferido pela Justiça.

A plataforma revelou que, durante as eleições do último ano, a lista dos candidatos que mais ingressaram com ações na Justiça é liderada pelo prefeito reeleito de Niterói, Rodrigo Neves Barreto (PV). Por não ter gostado das informações divulgadas contra ele, o político pediu a retirada do ar de 10 perfis diferentes do Facebook. De acordo com suas alegações, ele estava sofrendo difamações.

Ao Congresso em Foco, a plataforma CTRL-X informou que o foco são casos relacionados a matérias jornalísticas. No entanto, aparecem muitos casos, por exemplo, de pedidos de retirada de postagens incômodas no Facebook ou vídeos do Youtube de comunicadores que não necessariamente são jornalistas. Os casos também estão dentro dos cadastrados, pois estão dentro do escopo do projeto de medir as ações que tentam cercear a liberdade de expressão.