Barraqueiros reclamam de movimento, apesar de multidões

Pedro Augusto

Mesmo com os bons públicos apontados pela Prefeitura de Caruaru – na última sexta-feira (5) foram mais de 70 mil e no sábado (6) mais de 100 mil pessoas presentes – até agora os comerciantes que estão atuando no Parque de Eventos Luiz “Lua” Gonzaga durante o São João têm registrado queda no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado. As justificativas, destacadas por eles na noite do domingo (7), vêm se referindo à diminuição no consumo provocada pela crise financeira nacional, bem como ao suposto enfraquecimento na grade de programação do evento. Para a autônoma Elisângela Ferreira, que há quatro anos está operando com barraca no local, a redução nas datas de shows no palco principal tem prejudicado o movimento.

“Na verdade é um somatório de fatores. É claro que as pessoas se encontram mais cautelosas para consumir, até porque essa crise vem afetando os bolsos de todo mundo, porém na medida em que as datas de shows vêm diminuindo, a tendência é de menos lucratividade para os comerciantes. Este já é o quarto São João que coloco barraca no Parque de Eventos e posso afirmar que cada ano o movimento tem caído.”
Com a proibição por parte da Polícia Militar na entrada de bebidas em coolers, isopores e bolsas térmicas, a expectativa é de dias melhores para os comerciantes do local. “Não só eu, mas outros colegas chegaram a comemorar a decisão da polícia, porque pagamos impostos caros e muitas pessoas vinham trazendo bebida de casa”, acrescentou Elisângela.

Em relação à cobrança de impostos para negociar no local, um comerciante, que preferiu não ter o nome revelado, disse ter gastado R$ 200 a mais para operar neste ano. “Não sei qual foi o motivo, mas houve um aumento, sim, em relação a 2014. Como geralmente neste período trabalho com duas barracas, desembolsei dinheiro em dobro. Resultado: estamos tendo de repassar essa conta para o consumidor”, pontuou. Esse repasse o qual o comerciante se referiu corresponde aos preços dos produtos que estão sendo praticados no espaço. Em várias barracas, os valores têm atingido o teto máximo estipulado pelo Procon de Caruaru.

Mas apesar das adversidades apontadas, ainda há quem mantenha o otimismo, como é o caso da comerciante Jacira Nobre. “Se o São João de Caruaru não fosse lucrativo, não sairia de Salvador (BA) para colocar barraca aqui. Desde 2008 venho atuando no local. Estamos apenas no começo da edição 2015 e, tenho certeza, que o movimento irá melhorar com a proximidade das datas importantes.”

O sentimento de Jacira foi compartilhado pela também comerciante Maria Geni. “Pelo menos para mim, até agora, esse São João tem sido o pior dos últimos 20 anos em termos de faturamento. Mas, mesmo assim, não podemos desanimar. Ainda tem muito show bom para ser realizado.”

Respostas

No que diz respeito à proibição de utilização de coolers e demais recipientes por parte dos consumidores, o assessor de imprensa da PM, capitão Edmilson Silva, afirmou que a medida visa dar mais segurança ao Parque de Eventos. Já no que se refere às críticas feitas pelos dois primeiros comerciantes citados na matéria, a PMC enviou nota afirmando que por questões de segurança e também em função da crise financeira que os municípios têm enfrentado por conta da crescente queda de repasse do FPM, precisou fazer adaptações na festa. “Optamos por elaborar uma grade de shows de qualidade, capaz de atrair um bom público todas as noites no Parque de Eventos. É uma forma de atender, gerando movimento, os comerciantes localizados no Pátio e no seu entorno”, informou o texto.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *