Caruaru perde última loja especializada em CDs e DVDs

Pedro Augusto

Se já estava bastante difícil sobreviver no mercado em meio à concorrência desleal da pirataria, com a intensificação da crise financeira no Brasil, se tornou praticamente inviável comercializar CDs e DVDs originais em Caruaru. Prova disso é que, a partir deste domingo (17), a Capital do Agreste passará a não contar mais com uma loja especializada nestas mídias sonoras. Após mais de duas décadas oferecendo um extenso volume de lançamentos e catálogos das indústrias fonográficas do país e do exterior, a CD e Companhia, que por sinal era única que ainda não havia entregado os pontos, agora, voltará as suas atenções para a venda de outros produtos, a exemplo, dos de informática.

O motivo, conforme o leitor já pode imaginar, teve como principal impulsionador a presença cada vez maior das duas vilãs acima. “Realmente chegamos num ponto em que ficou 100% inviável a venda de CDs e DVDs originais. Somada à pirataria, que já vem assolando o nosso mercado há mais de 10 anos, com esse agravamento da crise, que vem ocasionando diversos problemas socioeconômicos no país, não tivemos alternativa a não ser partir para outra atividade do comércio”, explicou uma das proprietárias da CD e Companhia, Fernanda Lopes. Em ritmo de queima de estoque já há mais de um mês, a loja estará comercializando as mídias sonoras, com preços a partir dos R$ 2,90, até o fim da manhã deste sábado (16).

Dono de uma coleção de CDs de dar inveja a qualquer amante da música, o aposentado Waldir Cordeiro, que também se definiu como cliente fiel da CD e Companhia, lamentou bastante a nova realidade do estabelecimento. “Fiquei muito triste com esta notícia, porque saía de Lajedo, no Agreste do Estado, especialmente para adquirir os produtos daqui. É claro que alguns magazines vão continuar vendendo os CDs originais, porém não vai ser mais a mesma coisa, porque eles costumam dar um enfoque maior para os artistas que hoje se encontram com um destaque maior na mídia. Exemplos disso são essas duplas sertanejas e esses grupos de pagode que me doem nos ouvidos”.

A lamentação de Waldir Cordeiro não foi a única registrada pelo VANGUARDA. Quando consultado a opinar sobre o fechamento da última loja especializada em mídias sonoras de Caruaru, o colecionador Ricardo Silva chamou a atenção para um detalhe importante em relação a cena musical local. “Agora, onde é que os grupos, as bandas e os cantores de Caruaru irão comercializar os seus lançamentos, já que não haverá mais um espaço específico para a exposição de seus trabalhos? Que eu saiba, as redes de varejo só vendem CDs e DVDs dos artistas de fora e os estabelecimentos que oferecem alguma coisa dos cantores daqui, só contam com os trabalhos antigos. Desta forma, ficará ainda mais difícil consumir a cena musical local. Uma pena!”, comentou.

De acordo com o comerciante Elias de Oliveira, que há mais de 15 anos deixou de investir na venda de lançamentos e catálogos fonográficos, o enfraquecimento deste tipo de mercado pode ser facilmente percebido hoje nos quatro canto do país. “A pirataria, o próprio acesso facilitado da internet e a crise estão sendo preponderantes para com a diminuição significativa na demanda por CDs e DVDs originais. Atualmente, não só Caruaru, mas também várias outras cidades do Brasil, não vêm contando com lojas especializadas destes tipos de produtos. Acredito que a CD e Companhia até que resistiu e muito ao deixar de vender estas mídias sonoras somente neste ano”.

Agora, para garantir aquele novo álbum ou até mesmo aquela coletânea do artista predileto, além de aumentar a pesquisa nas redes de varejo – uma das disponíveis é as Lojas Americanas -, o consumidor terá de recorrer ainda mais às lojas virtuais. Porém é preciso ficar atento na hora da compra. Foi o que ressaltou o diretor do Procon-Caruaru, Adenildo Batista. “É recomendável que o cliente sempre procure os serviços daquelas empresas que possuam tradição no mercado, a exemplo das Americanas e da Livraria Cultura. Entretanto, caso só encontre o produto numa de abrangência menor, é importante verificar se esta última possui contato telefônico e endereço físico”.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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