Casa do Idoso também é afetada pela crise

Abrigo (36)

Pedro Augusto

Se a situação já está ruim para quem possui os seus próprios empreendimentos, imagine para quem exerce atividades sem fins lucrativos. Desde o último mês de janeiro que a Casa do Idoso Nossa Senhora do Rosário, em Encruzilhada de São João, em Bezerros, na região Agreste, vem operando com bastante dificuldades devido à queda brusca no volume de doações realizadas pela população. De acordo com o frei Lourinaldo, que vem mantendo a duras penas a unidade há mais de nove anos, atualmente a entidade está funcionando com 40% de contribuições a menos em relação ao mesmo período do ano passado. A motivação seria justamente o acirramento da crise que ainda vem fazendo vários estragos em todos os setores da economia local.

Em entrevista ao VANGUARDA, na manhã da última quarta-feira (03), frei Lourinaldo confirmou a queda avolumada no quantitativo de doações. “Infelizmente com essa crise, muitos benfeitores que vinham ajudando a nossa unidade há vários anos tiveram de interromper as suas contribuições, pois, simplesmente, encerraram as suas atividades. Diversos tiveram de fechar as suas lojas, os seus mercadinhos, os seus postos de combustíveis, o que, consequentemente, afetou e muito o nosso estoque de alimentos e demais produtos. Até o Natal do ano passado, os auxílios vinham sendo constantes, mas, agora, tem sido cada vez mais raros. Como o comércio caiu bastante de movimento, a nossa situação também piorou consideravelmente.”

Hoje a Casa Nossa Senhora do Rosário vem prestando serviços para 91 idosos, sendo que seis, até o fechamento desta matéria, encontravam-se internados em unidades hospitalares de Bezerros. Com tantos moradores para dar conta e recursos cada vez mais escassos, frei Lourinaldo não perdeu a oportunidade de fazer um apelo para os leitores do VANGUARDA. “Quem está lendo esta matéria e quer fazer uma boa ação para a nossa unidade, estamos precisando bastante da doação de leite em pó, trigo, açúcar e café. Quanto aos materiais de higiene pessoal, nossa maior preocupação tem se referido à escassez de xampus, sabonetes líquidos, hidratantes e fraldas geriátricas tamanho G. Já em relação aos materiais de limpeza, sabões em pó, detergentes e papéis higiênicos têm sido muito bem-vindos.”

Mesmo com a injeção mensal das aposentadorias dos idosos, a Casa não tem conseguido se manter financeiramente devido às altas despesas. “Isso porque grande parte dos valores das aposentadorias deles tem sido repassadas não de forma integral, haja vista que a maioria possui empréstimos consignados por orientação de seus familiares. Quando conseguem os valores desejados, estes últimos não querem mais conviver com os seus parentes e a Justiça acaba os mandando para cá. Apesar dessas pessoas simplesmente abandonarem os seus idosos, aqui tentamos oferecer a melhor prestação de serviços possível. Além de alimentação e assistência médica, na Casa do Idoso também há espaço para atividades religiosas e de entretenimento”, acrescentou frei Lourinaldo.

Por conta da diminuição no volume de contribuições, atualmente o espaço não se encontra com vagas abertas para comportar novos idosos. Um dos poucos ainda lúcidos dentre os atendidos da Casa, o casal Severino Guilhermino de Souza, de 77 anos, e Marilurdes Alves de Souza, de 77, destacou a importância da manutenção da unidade. “Aqui é ótimo e maravilhoso. Não temos filhos e, se não fosse este lugar, não sei o que seria de nós, até porque já estamos bastante cansados para exercer qualquer atividade”, disse Marilurdes. “Graças a Deus tenho a companhia da minha esposa e de outros amigos que fiz por aqui. Esse local precisa continuar firme e forte”, afirmou Severino.

Esse também é o pensamento de frei Lourinaldo. Em paralelo à busca incessante por novas doações, o religioso ainda vem tocando já há dois anos as obras de construção de um novo espaço para abrigar o público alvo da unidade. “Se Deus quiser, conseguiremos inaugurar esse novo abrigo no final de 2018. Estamos precisando de tijolo, ferro 3/8, areia e brita. Nesse novo espaço, ofereceremos uma qualidade de vida ainda melhor para os nossos idosos, haja vista que contaremos com uma estrutura física mais completa. Deus abençoe o coração de todos!”, finalizou o frei.
Contribuições podem ser feitas pelo Banco do Brasil através da agência 1643-8 e da conta-corrente 17489-0. Mais informações pelos telefones: (81) 3728-8442 e 99260-3316.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *