Pope Francis gathers his thoughts during the weekly general audience on June 12, 2019 at St. Peter’s square in the Vatican. (Photo by Filippo MONTEFORTE / AFP)
O papa Francisco explicou que se atrasou para a tradicional oração dominical do Angelus porque ficou preso em um elevador do Vaticano e precisou ser resgatado pelos bombeiros.
Depois de mencionar a história de seu “resgate”, Francisco fez um anúncio surpreendente sobre a criação de novos postos de cardeais da Igreja, incluindo 10 com possibilidades de sucedê-lo como sumo pontífice.
“Tenho que pedir desculpas por chegar tarde. Fiquei preso em um elevador durante 25 minutos por um corte de energia, mas depois os bombeiros chegaram”, disse o sorridente pontífice de 82 anos.
“Um aplauso ao serviço dos bombeiros”, pediu, no que foi imediatamente atendido pela multidão.
Francisco chegou sete minutos atrasado, o que provocou inquietações nas emissoras de TV italianas que exibem o Angelus ao vivo. Os canais informaram que era um incidente quase inédito.
O pontífice parece ter energia ilimitada, apesar de sua idade, mas na juventude teve a maior parte de um pulmão extirpado. E as demonstrações de dor que escapam ocasionalmente lembram que a dor ciática é quase crônica.
“Houve um momento de grande preocupação pelo que poderia ter acontecido”, afirmou Vania De Luca, vaticanista do canal Rai News.
Possíveis futuros papas
Francisco surpreendeu ao anunciar a criação de 13 novos postos de cardeais, em 5 de outubro, 10 deles com menos de 80 anos, o que significa que estarão habilitados para sucedê-lo no trono de São Pedro, assim como para votar no conclave.
O pontífice argentino já destacou que deseja um colégio cardinalício menos europeu.
Os novos cardeais procedem da América do Norte, Central e Caribe, da África, Europa e Ásia.
“Suas origens expressam a vocação missionária da Igreja”, afirmou o papa.
Os novos “príncipes” da Igreja, que serão designados em uma cerimônia especial, o consistório, procedem de países como Cuba, República Democrática do Congo (RDC), Indonésia e Marrocos.
Além de um papel crucial, os cardeais também ocupam com frequência os cargos administrativos mais importantes da Igreja.
Entre os próximos cardeais estará o arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi, que segundo o consultor do Vaticano na secretaria de Comunicações, James Martin, é um “grande defensor dos católicos LGBT”.
O vaticanista Christopher Lamb destacou que as nomeações do papa “refletem sua prioridade de construir pontes com outras religiões (…) e de apoiar os migrantes”.
Outros religiosos importantes que serão designados cardeais são Michael Czerny SJ, diretor do departamento de migrantes e refugiados do Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, e o arcebispo inglês Michael Fitzgerald, especialista nas relações entre cristãos e muçulmanos.
‘Antes que seja muito tarde’
Durante o Angelus, o papa se declarou “preocupado” com a ecologia, em particular os incêndios que devastam a floresta da Amazônia.
“Estamos preocupados com os grandes incêndios que acontecem na Amazônia. Este pulmão florestal é vital para nosso planeta”, declarou o sumo pontífice para a multidão na Praça de São Pedro.
Ele pediu aos 1,3 bilhão de católicos do mundo que “rezem para que, graças ao compromisso de todos, os incêndios sejam extintos o mais rápido possível”.
Francisco se reuniu em maio com o líder indígena Raoni, que viajou para alertar a Europa sobre o desmatamento na Amazônia.
Na encíclica “Laudato si” (maio de 2015), texto de tom social sobre a ecologia, o papa denunciou a exploração da floresta amazônica por parte de “enormes interesses econômicos internacionais”.
Em janeiro de 2018, ele visitou Puerto Maldonado, uma localidade peruana cercada pela floresta amazônica, para onde convergiram milhares de indígenas peruanos, brasileiros e bolivianos.
O pontífice criticou na ocasião “a forte pressão dos grandes interesses econômicos que cobiçam o petróleo, o gás, a madeira, o ouro e os monocultivos agroindustriais”.
Neste domingo, o papa elogiou os jovens ativistas pelo clima, que aumentam a pressão sobre as instituições, afirmando que todos os olhos estarão voltados para a próxima Reunião de Cúpula de Ação Climática da ONU em Nova York, na última semana de setembro.
AFP