A temporada junina está se despedindo do calendário 2019, neste fim de semana, em Caruaru, mas permanece movimentando setores de produtos e serviços voltados para suprir a demanda da época. São os chamados negócios sazonais. Áreas como as de vestuário, alimentação e eventos encontram oportunidade de produção específica para o mês festivo e conseguem aquecer, além do próprio negócio, a economia local. Para se ter ideia, em 2018, mais de dois milhões de pessoas foram atraídas pela festa e mais de R$ 200 milhões foram movimentados na economia local, com mais de 6 mil empregos diretos e indiretos gerados. Os dados são da Fundação de Cultura e Turismo de Caruaru.
O analista de Atendimento do Sebrae-PE, Danilo López, aponta que o quesito inovação é essencial, na hora de investir em negócios sazonais. Conversar com equipes de produção e atendimento, para definir produtos e serviços que agreguem valor ao cliente é indispensável. Gentilezas de abrir a porta para o cliente ou levar as compras até o veículo, um “bom dia” caloroso e chamar o cliente pelo nome podem ser diferenciais. Outra ferramenta de relacionamento com a clientela é “organizar degustação dos produtos de época em loja que também atraem público, assim como estimular a equipe de produção a caprichar no sabor e apresentação dos produtos, pensando inclusive em versões de tamanho menor para dar a chance de o cliente provar o produto sem grandes investimentos iniciais. Neste período, as encomendas podem ser um forte para atender revendedores, confraternizações e eventos familiares”, explica o especialista.
Pensando nisso, os empresários Gustavo Patriota e Camila Ribeiro resolveram investir, desde o início, em produtos típicos da época, a exemplo da pamonha, da canjica e dos diversos tipos de bolo. A saída desse tipo de iguaria leva ao aquecimento das vendas de outros produtos da casa, o que fortalece a movimentação econômica das lojas. “Como nossa primeira loja é localizada em bairro mais distante do centro comercial, o perfil é de produção constante desse tipo de alimento. Vendemos durante todo o ano. Mas, nesse período, aumenta muito o consumo. Se, nos demais meses do ano, usamos 10 quilos de castanha na produção, no mês de junho chegamos a usar de 20 a 25 quilos. As semanas que pegam os feriados de São João e de São Pedro são as que mais vendem”, pontua Gustavo Patriota.
A cara do negócio também atrai o público, de acordo com o analista do Sebrae. “Pode-se aproveitar o período para se criar um ambiente lúdico, que remeta ao São João, através de elementos decorativos. Uma mesa bem adornada com bandeirolas, toalha de chita ou xadrez, em local de fluxo e com produtos alimentícios típicos da época podem também incentivar o consumo por impulso”, orienta López.
Os empresários do ramo de bar, Janaína Lima e Mário Lima, pensaram justamente no fluxo de turistas quando levaram o negócio, temporariamente, para o bairro Alto do Moura – onde se concentra um dos polos oficiais do São João de Caruaru. Em 2016, eles abriram o Farreiro Bar e Petiscaria, no bairro Panorama, mas perceberam uma queda brusca no movimento habitual, durante o mês de junho. Foi então que, em 2017, decidiram levar a estrutura e a equipe de trabalho para o Pátio de Eventos e obtiveram resultado satisfatório. Desde 2018, passaram a montar o espaço no Alto do Moura, o que pretendem repetir por muitos anos. Para atrair a clientela, quem vai à casa aos sábados e aos domingos conta com atrações de trio de forró pé de serra e banda de forró local. “Há um grande fluxo de turistas. Cerca de 80% a 90% da clientela, este mês, é de fora”, garante Janaína Lima.
No entanto, em qualquer setor, divulgação é fundamental. O consultor do Sebrae-PE diz que “organizar estratégias de marketing e de divulgação, antecipando o período e criando expectativas para os clientes que já frequentam o estabelecimento, não esquecendo de alinhar os canais de comunicação com o tipo de cliente que se quer atingir precisa ser ponderado. Clientes mais tradicionais exigem ferramentas de comunicação mais clássicas como panfletos, ‘boca a boca’, banner e faixas em loja, já o cliente mais jovem está atrelado às mídias sociais e internet em geral”, comenta López.
O mercado de eventos é outro que encontra espaço na temporada e pode adotar as orientações. O empresário do ramo de pizzaria e eventos, João Pizza, encontrou na temporada e nas extintas ‘drilhas’ a aposta para juntar 2, 5 mil pessoas, na edição de 2018, e 15 mil, na edição de 2019, da JPZ Drilha. “Quando criei esse evento, ninguém apostou que daria certo, mas vi que em outros lugares, além da festa pública, também existiam as privadas e que faziam sucesso. Foi então que, focando principalmente no volume de turista da época, resolvi dar start”, conta. Ele se destaca pela forma como conduz as redes sociais dos empreendimentos, com irreverência e aproximação do público. Também possui empreendimento no Bairro Maurício de Nassau.