A transição de líder setorial para líder da empresa é uma das etapas mais desafiadoras da carreira. E do ponto de vista das organizações, quais os primeiros passos para formar ou descobrir o líder sênior? “Na medida em que os resultados do potencial líder tornam-se evidentes, é importante oferecer ao candidato uma posição em alguma equipe de gerência sênior, pois isso ajudará na exposição a agentes externos, incluindo investidores, contato com a imprensa e clientes-chave, grandes projetos”, analisa Tomás Jafet, gerente executivo da Michael Page, consultoria especializada em cargos de média e alta gerência nas mais diversas áreas, pertence ao PageGroup Brasil.
A Michael Page preparou uma lista com cinco dicas sobre as competências mais buscadas pelo mercado quando o assunto é liderança sênior. Confira:
1 – Visão sistêmica (habilidade de enxergar o todo e as partes)
Enxergar além do funcionamento e perceber a essência e o significado de cada setor da companhia. A essa virtude damos o nome de visão sistêmica. “Um líder sênior precisará enxergar de modo claro os processos, os resultados e as pessoas dentro do negócio. Essa capacidade se aplica tanto no que se refere às propriedades tangíveis da companhia (produtos, estrutura física/tecnológica, por exemplo) quanto intangíveis (a marca, a relação da empresa com a sociedade, o valor dos talentos internos), contemplando todas as partes interessadas: acionistas, parceiros, concorrentes e formadores de opinião”, afirma Tomás Jafet.
2 – Influência (poder de produzir efeito sobre pessoas e ideias)
Talvez um talento que escape às teorias, pois é uma combinação de ação pessoal interna e percepção de oportunidades externas. “Inspirar significa despertar em alguém ou em si mesmo a vontade de criar ou realizar algo, ou seja, podemos dizer que a inspiração conduz o comportamento dos indivíduos que, na prática, significa ter peso sobre as decisões de alguém ou sobre as fases de um processo. Para não deixar dúvidas: um líder inspirador é capaz de incentivar seu time em todos os momentos, em especial nos períodos de crise. E isso se configura de modo particular em cada empresa. Mas é possível dizer que a influência é uma combinação de mensagens e atitudes”, verifica o gerente executivo da Michael Page.
3 – Tomada de decisões difíceis (decidir o futuro de indivíduos e projetos)
Tomar decisões difíceis é parte significativa da carreira dos líderes que atingiram a alta gerência. E será que existe um método para aperfeiçoar esse misto de responsabilidade e função? “Não existe método, mas existe sim o compromisso com os valores mais importantes da empresa. O líder sênior será fortemente cobrado a tomar decisões difíceis, desde o desligamento de pessoas que são queridas e respeitadas na organização, até aspectos de alto impacto orçamentário e cultural para a organização. O bom senso deve prevalecer e, ao seu lado, deve estar o compromisso incansável de respaldar cada decisão difícil em números, perspectivas, oportunidades e eventuais riscos. A liderança sênior é a morada da razão, seja em momentos de forte carga emocional ou de aparente tranquilidade de cenário”, ressalta o especialista em recrutamento.
4 – Performance em finanças (diagnosticar e cuidar da saúde financeira)
A vida financeira da empresa é como um organismo vivo: depende de cuidados incessantes e evolutivos para manter a companhia de pé e saudável. “O líder sênior precisa entender o orçamento, o planejamento estratégico, os pontos fortes e fracos da estrutura financeira da empresa. Perceba, isso vai muito além da monitoria do orçamento (budget). Mesmo que não seja oriundo dos campos de exatas, é crucial que o líder busque cursos de especialização, treinamentos e técnicas para interpretar não apenas os números, mas o real significado e o impacto dos investimentos, gastos, despesas e projeções futuras. É preciso ter a vida financeira da empresa nas mãos, é uma lição de casa, sem prazo de entrega, pois essa gestão é permanente”, explica Jafet.
5 – Senso de inovação (não é criar, mas saber quem está criando)
Fala-se muito que o alto escalão das empresas é o setor menos afeito à inovação, pois preocupa-se com a estrutura da companhia e precisa dar respostas aos problemas cotidianos, deixando a inovação para outras camadas. Será que isso faz sentido? “O alto escalão realmente tem incumbências diferentes, mas não significa que possa se dar ao luxo de não saber, minimamente, rastrear polos de inovação, seja dentro da companhia ou no mercado. O líder sênior do mundo atual deve estar integrado às mentes inovadoras da companhia, sejam elas em nível de gestão, média gerência ou até mesmo os juniores. O Steve Jobs mostrou ao mundo que um presidente de empresa, por exemplo, só pode realmente cobrar ou contribuir com o departamento de produtos/engenharia/novos negócios se entender o funcionamento técnico de seu negócio. O senso de inovação é a capacidade de perceber onde a empresa pode fazer diferente e, principalmente, como captar recursos, mobilizar pessoas e executar a cultura de mudança. O senso de inovação é o último dessa lista, pois é o passo mais complexo de ser atingido ao longo da jornada profissional, e ao mesmo, um dos mais transformadores. Talvez, hoje seja o mais importante”, Tomás Jafet.
Sobre a Michael Page
A Michael Page é um dos maiores players mundiais em recrutamento especializado. Fundada na Inglaterra em 1976, é especializada em recrutar candidatos em middle e top management, em todo o mundo, sendo a consultoria de recrutamento líder e pioneira na América Latina. Atualmente possui mais de 5.400 colaboradores em 36 países.