Por Maurício Assuero, professor e economista
Passado o primeiro turno da eleição temos a visão nítida do que nos espera: PT na continuidade do governo ou PSDB na volta ao poder. Sem entrar no mérito da questão temos, provavelmente, as duas piores opções em termos de política econômica. O governo Fernando Henrique foi responsável pela implantação do Plano Real que estabilizou a economia, mas causou danos ao Sistema Financeiro pela quebra de vários bancos. No que tange a política social, FHC implantou vários programas de renda mínima (bolsa escola, vale gás, etc.) que Lula, simplesmente, unificou.
A perspectiva de eleição de Lula impactou, violentamente, no mercado de câmbio, visto que o dólar, a uma semana da eleição, chegou a valer R$ 4,99. Foi preciso Lula declarar que iria manter os contratos para que as coisas se aquietassem. Em termos de política econômica, o governo Lula não mudou uma linha ao que foi adotado no governo anterior. Isto quer dizer que estamos a 20 anos patinando no gelo.
Seja Dilma, seja Aécio, precisamos ouvir neste curto espaço de tempo até o segundo turno o que governo pretende fazer com o rombo do sistema Eletrobrás que penalizará o bolso do consumidor em 2015 com aumento na conta de luz suficiente para arcar, nós consumidores, com R$ 12 bilhões. Se considerarmos que a população brasileira é de 200 milhões de habitantes, então significa que cada um de nós vai desembolsar R$ 60,00. Mas, tem aquele filho que não trabalha, então, não é mais R$ 60,00 é R$ 120,00! Enfim, mesmo que fosse R$ 1,00 estamos pagando pela demagogia de uma medida irresponsável e eleitoreira que, em fevereiro passado, fez cada um de nós acreditarmos que era possível pagarmos a conta da luz com 28% de desconto.
Seja Dilma, seja Aécio, nós precisamos saber quais são as medidas que farão o Brasil sair do estado de estagnação em que se encontra. A política adotada para redução de impostos (IPI) para alguns setores, não deve ser a tônica do próximo governo mesmo porque já se sabe do seu pouco funcionamento. Nas montadoras a ordem é demissão e férias coletivas. Por outro lado, as expectativas em relação a empregabilidade no período natalino está aquém dos anos anteriores. O otimismo da indústria e dos empresários cai a taxas exponenciais. Isso é terrorismo, pessimismo ou torcer contra? Não. É a análise do momento econômico em que vivemos.
Seja Dilma, seja Aécio é preciso discutir a reforma tributária, o envelhecimento da população (nós não temos uma previdência capaz de atender tal envelhecimento), o trabalho infantil, a educação (será que 10% do PIB resolve?), as políticas de combate às drogas (com a devida recuperação do drogado), etc. Talvez agora os candidatos encontrem tempo para dar respostas que a sociedade precisa ao invés de ficar simplesmente se acusando mutuamente.
Olhando para o estado de Pernambuco, o governador eleito tem uma tarefa árdua de manter o estado na rota do crescimento. Problemas pontuais, como a seca, devem ser discutidos imediatamente. A economia pernambucana é centralizada, ou seja, grande parte do PIB do estado está na Região Metropolitana do Recife, e seria importante dispor de um plano de expansão desse espaço econômico. Que venha 2015.