Do Jornal Vanguarda
Este ano, Caruaru terá vários postulantes a uma cadeira na Assembleia Legislativa, entre eles o vereador Demóstenes Veras (Pros). Ex-líder do governo José Queiroz (PDT), ele está em um partido que apoia a eleição de Paulo Câmara (PSB) para o Governo do Estado, mas irá votar em Armando Monteiro (PTB). Veras, que é médico cardiologista, abre a série de entrevistas que faremos com todos os candidatos da cidade a deputado estadual. Ele faz uma avaliação dos governos Federal, Estadual e Municipal e fala de suas expectativas em relação ao pleito de 2014.
Jornal VANGUARDA – Como o senhor analisa sua candidatura em Caruaru, já que a cidade conta com três deputados estaduais que tentarão a reeleição apoiados por grupos fortes? O senhor acha que o município tem votos suficientes para eleger mais um?
Demóstenes Veras – Caruaru já teve no passado, em uma legislatura, seis deputados. A cidade cresceu. Tem hoje mais de 200 mil eleitores. Há, sim, espaço para mais deputados. E se você está falando em apoio de grupos fortes, não esqueça que conto com o apoio de um deles, que é o grupo do prefeito José Queiroz. Além do mais, quero colocar todo o meu passado como médico e político dessa região por mais de 20 anos, para que o povo julgue minha trajetória de seriedade, de honestidade e de compromissos. Por isso, tenho certeza do sucesso dessa candidatura.
JV – Hoje o senhor faz parte do grupo do prefeito José Queiroz ou do suplente de senador Douglas Cintra? Nesta eleição eles estarão em lados opostos.
DV – Estarão em lados opostos na disputa estadual. No âmbito municipal, estamos juntos, fazendo parte de um mesmo grupo. Sem falar que Queiroz me apoia para deputado estadual. Eu apoio Wolney para federal e Douglas apoia a mim e a Wolney. Então, de certa forma, estamos juntos.
JV – O senhor pretende se licenciar durante a campanha e abrir uma oportunidade de seu suplente atuar no Legislativo?
DV – Não. Continuarei exercendo o meu mandato na Câmara.
JV – Como o senhor analisa esses episódios que a Câmara de Vereadores foi envolvida devido às operações Ponto Final I e II?
DV – Ruim para a cidade, ruim para a Casa e ruim para a classe política, que já está tão desgastada perante a opinião pública. Mas essa é uma questão que a Justiça resolverá.
JV – Faltou diálogo do governo com os vereadores, já que, além de todos os membros da oposição, quatro da base também foram acusados nas operações?
DV – Não vejo ligação do Executivo com o caso em questão. Dos 23 vereadores, dez foram envolvidos, incluindo gente da oposição e da situação. Não é questão de diálogo. É questão de conduta.
JV – O senhor já foi candidato a deputado estadual uma vez e quase chegou. Quais serão suas estratégias para a eleição deste ano, que parece ser mais concorrida ainda?
DV – Em 2002, tive 23 mil votos, dos quais 9 mil em Caruaru, portanto menos da metade do total. Este ano vamos dedicar mais tempo e ação na cidade, que conhece o meu trabalho, sobretudo na saúde. E eu citaria a minha luta pela reabertura do Hospital São Sebastião. Como Caruaru é uma cidade polo, esse trabalho se irradia para a região, e as cidades vizinhas vão saber que posso fazer por elas, como deputado, aquilo que faço em Caruaru como vereador.
JV – O senhor está montando base em quantas cidades?
DV – Além de Caruaru, que será minha base, faremos um trabalho em 15 cidades do Agreste e no Recife, onde, em 2002, tive 5.500 votos. Também visitarei o Sertão. Lá, tenho familiares que me deram 700 votos na eleição passada.
JV – Existe algum prefeito lhe apoiando?
DV – O de Caruaru, José Queiroz, e estamos em articulação com um outro da região do Agreste, que prefiro não adiantar agora. Mas também alguns vereadores, ex-prefeitos, ex-vice-prefeitos e suplentes de vereador.
JV – Para federal, o senhor vota em Wolney Queiroz. E para o Senado?
DV – João Paulo.
JV – Como o senhor avalia o governo de Eduardo Campos?
DV – Bom. Soube aproveitar os recursos federais trazidos por Lula e Dilma e fez uma gestão que foi bem avaliada pelos pernambucanos. Um estado como Pernambuco não se administra sem a ajuda do Governo Federal.
JV – E o governo de José Queiroz?
DV – Igualmente bom. Queiroz é um gestor sério, além disso tem sabido contar com recursos estaduais, mas, principalmente, federais, pois em cada obra desta cidade tem a presença dos governos de Lula e Dilma. E eu não tenho dúvidas que, ao final do seu mandato, terá o reconhecimento da população. Claro que a cidade tem muitas demandas e não se pode fazer tudo que ela precisa. Ninguém nunca fará tudo. Acho que ele precisa olhar mais para a periferia, trabalhar mais nos bairros, e tenho certeza que ele fará isso.
JV – Na sua opinião, como tem sido a atuação de João Lyra Neto como governador?
DV – É difícil avaliar um governo com apenas três meses de gestão. Prefiro fazer um elogio a sua atuação frente à greve dos policiais militares, quando pediu ajuda ao Governo Federal. Também quero fazer, respeitosamente, uma cobrança em relação ao início do funcionamento do Hospital São Sebastião.
JV – O senhor avalia o governo de Dilma Rousseff de que forma?
DV – A presidente Dilma tem mantido os programas sociais do governo Lula e tem avançado com sua marca pessoal em ações como o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos, apesar deste último ter, na minha visão pessoal, erros que precisam ser consertados.