Do Portal UOL
Em entrevista nesta segunda-feira (26) ao “Roda Viva” da TV Cultura, o pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, fez ataques à presidente Dilma Rousseff, associando-a à “velha política”, mas poupou de críticas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Ele teve a responsabilidade de manter políticas na economia e de aprofundar mudanças que beneficiaram 40 milhões de pessoas”, disse Campos. “Tínhamos a expectativa de que a Dilma corrigisse as falhas e promovesse avanços (…) mas ela se enrolou no novelo da velha política.”
Questionado sobre recente declaração de Lula, na qual o ex-presidente o teria comparado a Fernando Collor , o socialista afirmou: “Ele desmentiu, eu aceitei o desmentido. O assessor de imprensa dele ligou para o meu e depois ele [Lula] desmentiu publicamente.”
Campos foi indagado sobre o apoio que recebe do ex-deputado Severino Cavalcanti, do PP, expoente do conservadorismo e do que o próprio socialista chama de velha política. E citou a influência do senador José Sarney (PMDB-AP) nas gestões petistas, sem, novamente, responsabilizar Lula pela aliança com o maranhense. “Fiz um governo que não teve no centro das decisões Severino Cavalcanti, como hoje o atual governo tem Sarney no centro das decisões.”
O pré-candidato do PSB acusou Dilma de não ter enfrentado a corrupção e disse que a mandatária não fez jus à imagem “durona” propagada nas eleições de 2010. “A gestora não entregou a gestão. A durona não comandou o enfrentamento à corrupção”, afirmou. “[Dilma] passou a ser madrinha da inflação, madrinha dos problemas do setor elétrico, dos problemas na Petrobras.”
Quando perguntado se retiraria a candidatura caso Lula seja escolhido para disputar a Presidência, Campos disse que sua adversária é Dilma. “A nossa disputa é com a presidenta Dilma, não é com o presidente Lula. O presidente Lula não é candidato.”
Campos disse que, se eleito, não irá fazer aliança com setores “fisiológicos” da política e espera que a população os “aposente” nas urnas. “Os que não forem aposentados pelo povo, eu acho que a gente tem que ter a coragem de colocar na oposição.”
Aécio “passa medo”
O socialista afirmou que a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB-MG) gera temor entre a parcela da população beneficiada com as políticas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A afirmação foi feita quando Campos respondia a uma pergunta sobre quais seriam as diferenças entre ele e Aécio. “A diferença é óbvia. A origem política do Aécio é mais conservadora do que a minha. Aécio participou do ciclo do Fernando Henrique, eu participei do ciclo de Lula”, afirmou. “Eu reconheço os avanços que FHC fez para o Brasil e não fico só apontado os erros. E o Aécio, os tucanos, tem uma dificuldade enorme de reconhecer os acertos. E aí passa um medo enorme para as áreas do Brasil que viram a importância do presidente Lula.”
Maconha, aborto e privatizações
O ex-governador de Pernambuco afirmou que suas posições sobre a descriminalização do aborto e da legalização da maconha já são conhecidas e que ele não irá mudar de opinião por conta das eleições.
“Não se trata de posicionamento eleitoral, porque sobre todos esses temas eu já tinha uma posição pública, não é o caso de mudar de posição”, disse. “São posições conhecidas. Acho que a legislação atual que o aborto tem é suficiente. Como cidadão, não como presidente, sou cristão, pai de cinco filhos e não sou favorável ao aborto. Tenho essa posição e não é de hoje.”
Quando à legalização da maconha, Campos afirmou este não deve ser o foco do debate sobre as drogas “num país que vive uma epidemia” de usuários de crack.
Campos afirmou que não tem “preconceito com privatizações” e concessões de rodovias, mas que não vê necessidade de privatizar qualquer estatal brasileira neste momento.
Pesquisas recentes
Na última pesquisa Ibope, divulgada na quinta-feira (22), Campos apareceu com 11% das intenções de voto , contra 40% de Dilma e 20% de Aécio. Na pesquisa anterior, divulgada em 17 de abril, o socialista tinha 6% das intenções. Já na última pesquisa Datafolha, divulgada em 9 de maio, o pernambucano também obteve 11% das intenções, contra 10% na sondagem feita no início de abril. Na mesma pesquisa, Dilma alcançou 37% da preferência, e Aécio, 20%.
Embora tenham evitado críticas mútuas e focado os ataques à Dilma, Aécio e Campos têm buscado, conforme as eleições de aproximam, tentar expor as diferenças entre as duas candidaturas. Segundo as pesquisas, apenas um dos dois deve ir ao segundo turno contra Dilma.