Opinião: Quando um ranking é maior que a ética

Por Thamiris Barbosa

É comum ver escolas com turmas especiais para alunos, digamos, mais avançados e com uma possibilidade maior de rendimento. Uma instituição bem colocada é ideal para chamar atenção dos pais que querem dar uma educação decente para os filhos. O problema é quando essa necessidade de atrair novos “clientes” é maior do que a ética na educação.

Em tudo existe ética. Trabalho, amor, convivência e na educação não seria diferente. Para você, existe ética em separar os chamados alunos top’s em uma falsa unidade de ensino para alcançar um nível elevado no ranking do Enem? Meio confuso isso.

Algumas escolas da Região Metropolitana do Recife, apesar de serem consideradas grandes referências em ensino, possuem apenas uma unidade escolar. Porém, para a montagem dessa classificação, os gestores criam uma unidade fictícia da escola que alcança um lugar maior no final.

Ora, numa escola onde apenas alunos diferenciados estudam e todos eles são “treinados” para tirar notas altas, a disputa por um lugar maior na colocação acaba sendo injusta. A divisão, além de não ser ética, é motivo de chacota entre clientes – sim, clientes, já que isso não passa de uma jogada de marketing para atrair mais dinheiro. Novamente surge o questionamento: quando um ranking é maior que a ética?

Isso é apenas um exemplo básico que acontece no Recife, mas o problema é muito maior, é nacional. As explicações – para não chamar de desculpas – são as mais estranhas. Uma delas, de uma escola do Rio de Janeiro, é de que as turmas especiais são feitas de alunos que vieram de escolas de programas de apoio. O que chamou atenção foi a falta de necessidade dessa separação elitista.

É comum a prática de divisão de turmas especiais no 3º ano, mas subiu a cabeça o fato de conseguir chamar atenção dos pais e da mídia na hora de divulgar essas colocações. Além disso, existe o problema do investimento. Se meu filho não faz parte dessa turma especial e eu pago o mesmo que os pais de um aluno de turma diferenciada, por que o meu filho não pode ter a mesma atenção? Aulas especialmente programadas para um primeiro lugar no curso de medicina do vestibular, testes e acompanhamento psicológico com um “q” a mais de atenção. Tudo isso pesa. No final das contas, a ética ficou esquecida no Ensino Fundamental.

Thamiris Barbosa é Jornalista

Coluna: Meus votos para 2015

Por Menelau Júnior

Já que esta é uma época de desejar um 2015 “maravilhoso” e “repleto de felicidades e realizações”, também tenho algo a desejar não apenas aos meus amigos do dia a dia, deste jornal e das redes sociais, mas, de uma forma geral, a todos os brasileiros. Por isso, desejo que em 2015…

1)     aprendamos a ser mais pacientes com aqueles que precisam de nós;

2)     devolvamos o troco que nos passam a mais – mesmo que sejam apenas centavos;

3)     deixemos de furar filas como se nada estivéssemos fazendo;

4)     sejamos mais honestos nas provas do colégio, da faculdade e dos cursos de idiomas;

5)     bebamos menos;

6)     não sejamos irresponsáveis dirigindo depois de ter ingerido bebida alcoólica – mesmo que “apenas um copo de cerveja”;

7)     consumamos menos e poupemos mais;

8)     respeitemos mais nossos pais e mães;

9)     sejamos mais frequentadores de livrarias do que de academias;

10)  sejamos capazes de perdoar a quem nos ofendeu, o que não significa fazer de conta que não fomos ofendidos;

11)  deixemos de usar o Facebook para nossas lamentações amorosas ou para nossas “indiretas” infantis;

12)  sejamos capazes de parar para ouvir os mais velhos;

13)  não compactuemos com a desonestidade, seja de quem for;

14)  exijamos mais responsabilidade de nossos jovens, principalmente quando o assunto é estudo;

15)  combatamos o uso de drogas a qualquer custo;

16)  deixemos de usar o nome de Deus em vão ou em nome do dinheiro e dos milagres fabricados;

17)  combatamos os maus políticos com ideias, e não com a destruição dos patrimônios públicos e privados;

18)  sejamos mais tolerantes dentro de casa, cuidando de cada palavra que sai de nossa boca;

19)  a Petrobras possa voltar a ser um orgulho nacional, e não uma vergonha surrupiada por petistas;

20)  saibamos que o mundo só muda quando nós mudamos.

É SÓ ISSO QUE DESEJO A TODOS VOCÊS EM 2015.

Menelau Júnior é professor de português 

Coluna: Deem livros de presentes

Por Menelau Júnior

A distância que separa o sucesso da mesmice chama-se leitura. O que determina a forma como enxergamos o mundo – e consequentemente o tamanho dele – também é a leitura. Voltaire resumiu em uma frase curta: “A leitura engrandece a alma”.

No mundo moderno, ler é imperativo. Não apenas porque nos ajuda a melhorar a escrita ou a argumentação que usamos em vários momentos da vida, mas porque nos permite refletir mais, pensar mais, questionar mais. Quem lê está sempre à frente.

A família e a escola têm um papel importantíssimo na formação de novos leitores. Se quisermos jovens longe da violência e dos vícios, ofereçamos-lhes livros, jornais e revistas. Se quisermos adolescentes que pensam mais e que estarão mais aptos a enfrentar os desafios do mercado de trabalho, estimulemos sua leitura! É ela que permite o crescimento intelectual de um povo. É ela que nos faz viajar sem sair do quarto.

Não tenhamos, pois, medo de oferecer livros às crianças e aos jovens. Levá-los a uma livraria pode ser uma experiência fascinante de descobertas e aprendizados. Contar historinhas para os menores estimula o raciocínio e estreita laços afetivos. Não importa se o leitor gosta de romances adocicados, aventuras improváveis ou de planetas que só existem por causa das palavras. No mundo da leitura, seja ficcional, jornalística, biográfica, informativa, cabe ao leitor descobrir caminhos e se descobrir. Isso porque os livros falam e nosso espírito responde. Lendo, descobrimo-nos. Nesta semana de Natal, seria muito bom que as crianças pudessem ir a uma das várias livrarias da cidade e passar alguns momentos olhando os livros. Tenho certeza de que pediriam para levar algum para casa. É tarefa dos pais fazê-las apaixonarem-se por esse mundo.

Enfim, que cada adulto seja exemplo às crianças de como é bom ler e que se sinta comprometido com a leitura e com o estímulo a ela. Mário Quintana escreveu que “o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado”. É essa magia que precisa ser estimulada sempre. Sem ela, a vida será sempre feita de mesmices. Sem ela, o mundo será sempre bem menor do que poderia ser.

A você, que nos acompanha semanalmente, um forte abraço e um Natal abençoado ao lado de sua família e de seus amigos.

Menelau Júnior é professor de português

Coluna: Deem livros de presentes

Por Menelau Júnior

A distância que separa o sucesso da mesmice chama-se leitura. O que determina a forma como enxergamos o mundo – e consequentemente o tamanho dele – também é a leitura. Voltaire resumiu em uma frase curta: “A leitura engrandece a alma”.

No mundo moderno, ler é imperativo. Não apenas porque nos ajuda a melhorar a escrita ou a argumentação que usamos em vários momentos da vida, mas porque nos permite refletir mais, pensar mais, questionar mais. Quem lê está sempre à frente.

A família e a escola têm um papel importantíssimo na formação de novos leitores. Se quisermos jovens longe da violência e dos vícios, ofereçamos-lhes livros, jornais e revistas. Se quisermos adolescentes que pensam mais e que estarão mais aptos a enfrentar os desafios do mercado de trabalho, estimulemos sua leitura! É ela que permite o crescimento intelectual de um povo. É ela que nos faz viajar sem sair do quarto.

Não tenhamos, pois, medo de oferecer livros às crianças e aos jovens. Levá-los a uma livraria pode ser uma experiência fascinante de descobertas e aprendizados. Contar historinhas para os menores estimula o raciocínio e estreita laços afetivos. Não importa se o leitor gosta de romances adocicados, aventuras improváveis ou de planetas que só existem por causa das palavras. No mundo da leitura, seja ficcional, jornalística, biográfica, informativa, cabe ao leitor descobrir caminhos e se descobrir. Isso porque os livros falam e nosso espírito responde. Lendo, descobrimo-nos. Nesta semana de Natal, seria muito bom que as crianças pudessem ir a uma das várias livrarias da cidade e passar alguns momentos olhando os livros. Tenho certeza de que pediriam para levar algum para casa. É tarefa dos pais fazê-las apaixonarem-se por esse mundo.

Enfim, que cada adulto seja exemplo às crianças de como é bom ler e que se sinta comprometido com a leitura e com o estímulo a ela. Mário Quintana escreveu que “o livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado”. É essa magia que precisa ser estimulada sempre. Sem ela, a vida será sempre feita de mesmices. Sem ela, o mundo será sempre bem menor do que poderia ser.

A você, que nos acompanha semanalmente, um forte abraço e um Natal abençoado ao lado de sua família e de seus amigos.

Menelau Júnior é professor de português

Coluna: Entre o brega e o chique

Por Menelau Júnior

Época de fim de ano chega e quase todo o mundo começa a se preocupar com a roupa com a qual participará das festas natalinas. Para alguns, o prazer das comprar torna-se um martírio: são tantas comemorações e confraternizações que é quase impossível não repetir peças (ou, pior ainda, não encontrar ninguém com uma peça igual). Como, então, evitar o “brega” e ficar “chiquérrima”?

Primeiramente, o que é “brega”? Segundo o Houaiss, “brega” é algo “de mau gosto, sem refinamento, inferior segundo o ponto de vista de quem julga”. Por exemplo: chapéu de caubói em festa de casamento é brega. Usar vestido com estampa de oncinha ou zebrinha é extremamente brega. Excesso de cores na indumentária também é brega. Ouvir Pablo e elogiar as letras é muito, muito brega.

Chique, palavra emprestada pelos franceses, serve para designar, entre outros, “quem se destaca pela elegância”. O problema é quando alguém está “muito chique”. É inevitável que alguém use a palavra “chiquérrimo”. Há os que arriscam “chiquésimo”. E lá se vai a elegância de nosso inculto e belo idioma. Leia qualquer revista social e você vai encontrar inúmeras palavras terminadas em “-érrimo”. É “bacanérrimo” elogiar gente “chiquérrima”.

Ensina-nos a tradição da língua que o sufixo “-érrimo” deve ser usado quando a forma latina apresenta consoante explosiva surda mais “r”. Em outras palavras, fazemos o superlativo dessa maneira quando o adjetivo termina, normalmente, em “-ro” ou “-re”. Pobre (paupérrimo), negro (nigérrimo), magro (macérrimo) exemplificam-nos bem isso.

Portanto, não existe nada que justifique o superlativo “chiquérrimo” ou “chiquésimo” na língua portuguesa. Aliás, pela lógica, o superlativo de “chique” seria feito da forma mais comum na língua: acrescentando-se o sufixo “-íssimo”. “Chiquíssimo” seria o caso. Mas, convenhamos, é uma forma bem esquisita. Por que não ficar com “elegantíssimo” ou “elegantíssima”? São formas que obedecem aos processos de formação lógicos de nosso idioma.

É bom lembrar, entretanto, que o uso abusivo de superlativos pode tornar a linguagem pedante e retórica. Por outro lado, existem formas bem engraçadas usadas pela população e que equivalem a superlativos. Por exemplo: quando alguém quer dizer que um amigo está muito magro, muitas vezes faz isso chamando o amigo de “macarrão”. É bem mais criativo que “macérrimo”. Obviamente, há contextos para isso, e a liberdade popular não deve ser desprezada. No caso do “chiquérrimo”, não é liberdade. É frescura mesmo.

Menelau Júnior é professor de português

Artigo: A Carta do Silêncio nas Cidades

Por Marcelo Rodrigues

Não é fácil, e cada dia torna-se um dos grandes desafios viver nas cidades, onde o excesso de barulho proveniente de várias circunstâncias do cotidiano atingem a sadia qualidade de vida e o sossego das pessoas. Locais silenciosos em cidades de médio e grande porte são cada vez mais raros.

Na verdade, o excesso de automóveis, os sons cada vez mais potentes; os ruídos advindos da construção civil; a cultura da ignorância das pessoas onde todo mundo ouve mais alto, e em compensação fala mais alto, ou vice versa; a ausência da aplicação da lei pelos gestores, e em todos os seus seguimentos de poluição sonora, gera um problema de saúde pública, porque todos são atingidos, não importa a classe social, além de ser uma questão de controle e fiscalização pública, é também de educação.

Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 120 milhões de pessoas no mundo está exposta a níveis de pressão sonora, e, por conseguinte, têm a audição afetada pelo ruído. Além disso, o ruído em excesso, acima de 55 dBA, também causa doenças tais como stress, insônia, irritabilidade, pressão alta, problemas cardiovasculares e nas cordas vocais, interferindo diretamente no funcionamento do organismo e na qualidade de vida.

O Dia Internacional da Conscientização sobre Ruído, International Noise Awareness Day (Inad) foi criado há 17 anos, nos Estados Unidos, pela Center for Hearing and Comunication. Ela teve e tem a finalidade de divulgar o evento mundial de conscientização, que consistiu e consiste em 60 segundos de silêncio, a fim de demonstrar o impacto do ruído na vida cotidiana.

A União Europeia, desde de 2002, obrigou as cidades com mais de 200 mil habitantes a fazer suas “cartas acústicas”, ou também denominadas mapas de ruídos. Foi estipulado um prazo de cinco anos para a elaboração, e depois mais cinco para implementar os mencionados mapas de ações julgadas necessárias para corrigir problemas e manter a tranquilidade de espaços considerados “ilhas” de silêncio.

No Brasil, foi a cidade de Fortaleza quem deu o primeiro passo, e concluiu pela primeira vez essa ferramenta de planejamento urbano, denominada de Carta Acústica, com o fito de melhorar a qualidade de vida das pessoas e da cidade.

A finalidade precípua da Carta Acústica é um diagnóstico dos indicadores do ambiente sonoro vivenciados no meio urbano, servindo para definir estratégias de controle e redução da poluição sonora em todos os seus seguimentos, e que serve como um termômetro para estabelecer os limites da lei, dando uma grande contribuição para o desenvolvimento sustentável rumo a melhoria da sadia qualidade de vida da sociedade em todos os seguimentos.

As Cartas de Ruído identificam a distribuição espacial dos ruídos e as emissões das fontes sonoras mais significantes nos ambientes em toda a área de um Município como por exemplo: Ruído do trânsito rodoviário, ruído ferroviário; ruído aéreo; ruído industrial; ruído comercial; ruído de locais de entretenimento; ruído em escolas; ruídos residenciais, etc.

É de extrema importância que as informações constantes nas aludidas Cartas de Ruído prestem para a integração da informação acústica ao Plano Diretor Municipal.

No que pese as discussões na atualização de nosso Plano Diretor, existe uma fragrante ausência de participação popular nos destinos desse importante instrumento urbanístico, embora o esforço do Conselho da Cidade por parte de seus conselheiros seja louvável e digno de aplausos, tendo em vista a complexidade dos temas a serem discutidos, e pelo atropelamento da gestão em assuntos que deveriam ser mais maturados para ingressar em planos mais arrojados, e que deveriam focar em uma cidade mais sustentável.

No caso em tela, as Cartas de Ruído deveriam servir de base nas decisões sobre as estratégias de intervenção ou, mesmo, sobre políticas legislativas para redução da poluição sonora, com a consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos no âmbito da saúde e do bem estar das pessoas, com o fito de gerir avanços no âmbito de políticas pública ambientais para as presentes e futuras gerações.

Fica o exemplo único de Fortaleza para as demais cidades do Brasil. Deve servir para gestores que tenham o compromisso com cidades sustentáveis, onde o crescimento seja contemplado em respeito às pessoas, com mais educação, fomentando a cultura da paz no intuito de respeitar o individual e coletivo para uma melhor qualidade de vida e diminuir os impactos provenientes de atividades humanas que geram o desconforto com a geração de uma das poluições que mais agridem o homem: A POLUIÇÃO SONORA.

Artigo: A Carta do Silêncio nas Cidades

Por Marcelo Rodrigues

Não é fácil, e cada dia torna-se um dos grandes desafios viver nas cidades, onde o excesso de barulho proveniente de várias circunstâncias do cotidiano atingem a sadia qualidade de vida e o sossego das pessoas. Locais silenciosos em cidades de médio e grande porte são cada vez mais raros.

Na verdade, o excesso de automóveis, os sons cada vez mais potentes; os ruídos advindos da construção civil; a cultura da ignorância das pessoas onde todo mundo ouve mais alto, e em compensação fala mais alto, ou vice versa; a ausência da aplicação da lei pelos gestores, e em todos os seus seguimentos de poluição sonora, gera um problema de saúde pública, porque todos são atingidos, não importa a classe social, além de ser uma questão de controle e fiscalização pública, é também de educação.

Dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 120 milhões de pessoas no mundo está exposta a níveis de pressão sonora, e, por conseguinte, têm a audição afetada pelo ruído. Além disso, o ruído em excesso, acima de 55 dBA, também causa doenças tais como stress, insônia, irritabilidade, pressão alta, problemas cardiovasculares e nas cordas vocais, interferindo diretamente no funcionamento do organismo e na qualidade de vida.

O Dia Internacional da Conscientização sobre Ruído, International Noise Awareness Day (Inad) foi criado há 17 anos, nos Estados Unidos, pela Center for Hearing and Comunication. Ela teve e tem a finalidade de divulgar o evento mundial de conscientização, que consistiu e consiste em 60 segundos de silêncio, a fim de demonstrar o impacto do ruído na vida cotidiana.

A União Europeia, desde de 2002, obrigou as cidades com mais de 200 mil habitantes a fazer suas “cartas acústicas”, ou também denominadas mapas de ruídos. Foi estipulado um prazo de cinco anos para a elaboração, e depois mais cinco para implementar os mencionados mapas de ações julgadas necessárias para corrigir problemas e manter a tranquilidade de espaços considerados “ilhas” de silêncio.

No Brasil, foi a cidade de Fortaleza quem deu o primeiro passo, e concluiu pela primeira vez essa ferramenta de planejamento urbano, denominada de Carta Acústica, com o fito de melhorar a qualidade de vida das pessoas e da cidade.

A finalidade precípua da Carta Acústica é um diagnóstico dos indicadores do ambiente sonoro vivenciados no meio urbano, servindo para definir estratégias de controle e redução da poluição sonora em todos os seus seguimentos, e que serve como um termômetro para estabelecer os limites da lei, dando uma grande contribuição para o desenvolvimento sustentável rumo a melhoria da sadia qualidade de vida da sociedade em todos os seguimentos.

As Cartas de Ruído identificam a distribuição espacial dos ruídos e as emissões das fontes sonoras mais significantes nos ambientes em toda a área de um Município como por exemplo: Ruído do trânsito rodoviário, ruído ferroviário; ruído aéreo; ruído industrial; ruído comercial; ruído de locais de entretenimento; ruído em escolas; ruídos residenciais, etc.

É de extrema importância que as informações constantes nas aludidas Cartas de Ruído prestem para a integração da informação acústica ao Plano Diretor Municipal.

No que pese as discussões na atualização de nosso Plano Diretor, existe uma fragrante ausência de participação popular nos destinos desse importante instrumento urbanístico, embora o esforço do Conselho da Cidade por parte de seus conselheiros seja louvável e digno de aplausos, tendo em vista a complexidade dos temas a serem discutidos, e pelo atropelamento da gestão em assuntos que deveriam ser mais maturados para ingressar em planos mais arrojados, e que deveriam focar em uma cidade mais sustentável.

No caso em tela, as Cartas de Ruído deveriam servir de base nas decisões sobre as estratégias de intervenção ou, mesmo, sobre políticas legislativas para redução da poluição sonora, com a consequente melhoria da qualidade de vida dos cidadãos no âmbito da saúde e do bem estar das pessoas, com o fito de gerir avanços no âmbito de políticas pública ambientais para as presentes e futuras gerações.

Fica o exemplo único de Fortaleza para as demais cidades do Brasil. Deve servir para gestores que tenham o compromisso com cidades sustentáveis, onde o crescimento seja contemplado em respeito às pessoas, com mais educação, fomentando a cultura da paz no intuito de respeitar o individual e coletivo para uma melhor qualidade de vida e diminuir os impactos provenientes de atividades humanas que geram o desconforto com a geração de uma das poluições que mais agridem o homem: A POLUIÇÃO SONORA.

Coluna: O preço da perfeição

andressaPor Menelau Júnior

Até a última quarta-feira, continuava hospitalizada em estado grave a modelo Andressa Urach, 27 anos, apresentadora da Rede TV! e eterna musa do concurso Miss Bumbum. Em busca da perfeição corporal (como se já não a tivesse), a bela fez uma aplicação de hidrogel numa proporção 200 vezes maior do que a recomendável pela Anvisa.

O produto é indicado para “procedimentos reparadores”, como “preenchimento” de pequenas depressões na pele. No caso de Andressa, a aplicação se deu na coxa. Ou ela queria ter a perna ainda mais grossa ou queria “apagar” algum rastro de celulite. O resultado é que o organismo rejeitou o hidrogel e a loira permanecia, até a última quarta-feira, com grave quadro de infecção e respirando com ajuda de aparelhos, num hospital em Porto Alegre.

“Hidro” é um elemento que entra na composição de muitas palavras da língua portuguesa. Exprime ideia de “água”, “suor” ou “líquido”. No caso do hidrogel, temos um gel à base de água.

Normalmente este elemento não vem seguido de hífen, unindo-se diretamente à palavra seguinte. É o caso de “hidrocefalia” (Estado mórbido caracterizado pelo aumento anormal da quantidade do fluido cerebral com dilatação dos ventrículos; cabeça-d’água), “hidroavião” ou “hidravião” (Aeroplano munido de flutuadores que lhe permitem decolar e pousar sobre a água) e “hidrobiologia”.

Médicos alertam para os perigos do uso do hidrogel. Usado para aumentar o bumbum e as pernas (Andressa tornou-se famosa com a exibição de seus impressionantes atributos), o produto pode causar deformações e – o pior – levar a paciente à morte. Segundo especialistas, há procedimentos considerados mais confiáveis para aumentar os glúteos. Um deles é a colocação de próteses de silicone ou o preenchimento com gordura retirada do próprio corpo. Andressa nem precisava disso. Mas, como tantas mulheres por aí, sempre achava que seu corpo tinha imperfeições e que precisava modelá-lo a qualquer custo. Queira Deus que ela não pague caro demais por isso.

Menelau Júnior é professor de português

Coluna: 100% “sofrência”

Por Menelau Júnior

Não adianta mais resistir: a palavra “sofrência” ganhou a boca do povo. A razão, ao que parece, é um estilo musical cujo principal representante atende pelo nome de Pablo. Seus shows são vendidos com a ideia de que é “100% sofrência”. As músicas, claro, são bregas até onde isso é possível. Há quem goste, claro.

Esta semana, duas pessoas me procuraram perguntando se “sofrência” existe. Minha resposta foi simples: se está aí, já existe. Quanto ao fato de essa palavra estar dicionarizada, então a resposta é “não”.

A questão é que “sofrência” surgiu para substituir “sofrimento”. Não sei quem inventou a danada, mas o Pablo está fazendo sucesso na moda dos “sofrentes”. Ah, achou estranha a palavra “sofrente”? Pois é justamente por causa dela que “sofrência” não está nos dicionários – pelo menos ainda.

Em português, temos muitas palavras terminadas em “-ência”: paciência, demência, insistência, incoerência, conveniência. Se você parar para pensar, verá que todas vêm adjetivos terminados em “-ente”: paciente, demente, insistente, incoerente e conveniente.

E aí entra a questão de “sofrência”. Seguindo a lógica da língua, “sofrência” seria natural se houvesse a palavra “sofrente”. O problema é que aquele que sofre é chamado de “sofredor”. E desta palavra vem “sofrimento”.

Essas palavras novas – chamadas de neologismos – surgem naturalmente, mas só acabam existindo nos dicionários quando passam do estágio do modismo. Foi assim com “imexível”, usada por um ministro de Collor no início da década de 90 e que hoje consta nos dicionários. Por enquanto, “sofrência” não passa disso: um modismo criado para designar certo gênero musical de gosto duvidoso. Se alguém está sofrendo muito, está passando por sofrimento, e não por “sofrência.

Menelau Júnior é professor de português

OPINIÃO: Democracia representativa apresenta claros sinais de falência

Por MARCUS VINICIUS FURTADO COÊLHO*

Em junho de 2013, milhares de pessoas foram às ruas manifestar insatisfação com o sistema político brasileiro, a qualidade dos serviços públicos e a ausência de canais de diálogo efetivos entre o poder político e a sociedade civil.

A cidadania brasileira voltou às ruas para reivindicar o aprofundamento da democracia outrora conquistada, por meio de uma reforma estrutural no sistema político, capaz de dar vazão aos anseios de participação da sociedade civil na tomada de decisões sobre os assuntos de relevo na política nacional.

O tema da reforma política, que há muito tempo vinha sendo discutido como pleito legítimo da sociedade civil, voltou, então, a ocupar lugar de destaque na agenda política nacional.

A discussão, agora, pressupõe a indagação sobre qual reforma política necessitamos. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), sensível às demandas da sociedade, propõe uma reforma democrática que tenha como escopo assegurar a igualdade de condições entre os candidatos, fortalecer e democratizar os partidos políticos, estimular o debate programático, reduzir os custos de campanhas eleitorais e ampliar a participação popular no processo político-decisório.

Pensando nisso, a OAB, ao lado de mais de uma centena de entidades, movimentos e organizações sociais, instituiu, no final do ano passado, a Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, com a finalidade de pautar a realização de uma reforma política que possa aprofundar os instrumentos da democracia brasileira por meio de um projeto de lei de iniciativa popular, o PL 6316/2013.

O projeto gira em torno de quatro pontos prioritários dessa reforma estruturante: a proibição do financiamento empresarial de campanha; a eleição proporcional em dois turnos; a representação paritária de gênero na política; e o fortalecimento dos mecanismos da democracia direta no país.

A mudança do atual sistema de financiamento das campanhas eleitorais, combatido pela OAB por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4650, é peça-chave na reforma política e no combate à corrupção. As empresas possuem relevante papel na economia brasileira, mas não são dotadas de direitos políticos. Por isso, a doação eleitoral deve ser uma prerrogativa daquele que verdadeiramente detém o direito ao voto: o cidadão, a fim de que se respeite o fundamento republicano “um homem, um voto”.

Outro ponto de crucial relevância para o aumento da representatividade do sistema político é a adoção do sistema proporcional em dois turnos, com lista pré-ordenada.

No sistema atual, de lista aberta, não há uma ordem prévia dos candidatos que assumirão as cadeiras do Parlamento, o que provoca grandes distorções no pleito ao permitir que um candidato que tenha muitos votos assegure a eleição de outro que seja inexpressivo, fazendo com que a eleição gire em torno do candidato, e não das questões programáticas.

A fim de enfrentar tais distorções, a proposta da OAB e da Coalizão Democrática é a adoção de um sistema proporcional com lista pré-ordenada em dois turnos. No primeiro turno, o voto seria dado ao partido, permitindo a discussão programática em torno das propostas e ideias de cada legenda. No segundo, o voto seria direcionado ao candidato, que seria eleito respeitando-se a ordem da lista.

Esse sistema garante o debate programático em torno das ideias e projetos dos candidatos e permite que o eleitor escolha, em última instância, os nomes que irão ocupar as cadeiras parlamentares.

Não se pode olvidar, ainda, a grave questão estrutural que consiste na sub-representação feminina nas instâncias políticas. Com o objetivo de fomentar a igualdade entre homens e mulheres também no espaço da representação política, a proposta da OAB segue no sentido de que a lista partidária seja composta com alternância de gênero. Assim, garante-se uma representação no Parlamento mais fidedigna com a composição da sociedade brasileira.

Finalmente, é imprescindível destacar a necessidade de ampliação dos mecanismos de participação direta da sociedade na vida política do Brasil. A democracia representativa apresenta claros sinais de falência.

É preciso resgatar a soberania popular e devolver aos verdadeiros titulares do poder político a faculdade de decisão a respeito das importantes questões nacionais, como concessões de serviços públicos, privatizações, construção de obras de grande impacto ambiental, entre outras. A OAB acredita e luta pela democracia. Essa é marca da nossa história e a missão inarredável de nossa Instituição.

Ontem, ao longo do regime militar, lutamos pela redemocratização. Hoje, mobilizamo-nos, ao lado da cidadania brasileira, para lutar pelo seu aprofundamento, pois acreditamos que a sociedade civil é a verdadeira e legítima protagonista da história.

*Marcus Vinicius Furtado Coêlho é presidente nacional da OAB. O texto foi publicado originalmente no portal UOL.