Crise afeta setores imobiliário e da construção civil

Pedro Augusto

Menos obras em andamento, vendas estagnadas e mais trabalhadores desempregados. Fazendo um pequeno trocadilho com o dito popular, hoje o “mercado não está para peixe” para os segmentos da construção civil e imobiliário de Caruaru. A principal responsável pelo mau desempenho já virou uma velha conhecida da população caruaruense: a crise financeira nacional. Em efeito dominó, ela vem provocando um dos piores resultados de ambos os setores dos últimos anos. Apesar de não contarem com números exatos, as avaliações de profissionais das áreas acabaram coincidindo, quando consultados sobre os seus cenários atuais.

Para os empresários João Melo e Alexandre Barbosa Maciel, respectivamente da construção civil e do segmento imobiliário, a demanda por serviços e produtos encontra-se em substancial queda. “Com a intensificação da crise, vários empreendimentos que estavam previstos para serem lançados acabaram sendo adiados. Como o momento atual é de cautela, deveremos observar neste ano um número reduzido de lançamentos. A situação só deverá melhorar mesmo quando o Governo Federal voltar a liberar recursos para obras públicas e do programa Minha Casa, Minha Vida”, avaliou João Melo.

Conhecedor a fundo do mercado imobiliário local, já que atua no setor há quase duas décadas, Alexandre Barbosa Maciel também apontou os efeitos da crise. “Hoje temos observado muita oferta e pouca demanda tanto na aquisição como no aluguel de imóveis. No que se refere à compra, as novas regras do Governo Federal para acesso ao crédito imobiliário têm prejudicado bastante não só o nosso setor, como também o da construção civil, porque vem dificultando o sistema de financiamento. Na prática, hoje os bancos só têm financiado 50% do valor do imóvel e não mais 80% como ocorria anteriormente. Isso tudo está freando as intenções dos consumidores.”

“Já no que diz respeito aos voltados para o aluguel, a crise também está provocando um efeito contrário ao previsto. Se no início do ano esperávamos pelo reajuste nos valores dos aluguéis, agora temos fechado contratos com preços 10% abaixo dos praticados em 2014. Acredito que essas dificuldades não só se estenderão para o restante do ano, como não se dissolverão em médio prazo”, acrescentou Maciel.
Um pouco mais otimista em relação a ele, João Melo espera por uma recuperação mais rápida do seu setor. “A construção civil já passou por situações semelhantes e, apesar das dificuldades, recuperou-se em pouco tempo. O déficit imobiliário permanece alto e investir em imóvel continuará sendo um bom negócio.”

É o que também aguarda o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Caruaru (Sintracon-Caruaru), Henrique Ramos. “Atualmente nossa entidade tem realizado entre 12 a 15 homologações de rescisões contratuais por dia. Para se ter ideia, neste mesmo período do ano passado, esse montante não chegava a dez. Isso quer dizer na prática que o desemprego vem aumentando na construção civil de Caruaru. Esperamos que o setor retome o seu fôlego para que a nossa categoria seja beneficiada”, explicou.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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