Oferta de milho diminui e preços devem aumentar

Pedro Augusto

A seca que vem se proliferando nos últimos anos novamente afetará o preço do milho durante o período junino. Com a baixa no volume de chuvas não só em Caruaru, mas também em outros municípios da região, a tendência é de que o item alimentício mais utilizado nesta época fique mais caro em relação ao mesmo intervalo de 2014. Até agora, o preço da ‘mão de milho’ – composta por 50 espigas – está variando na casa dos R$ 20 a R$ 30 no Parque 18 de Maio, no centro da cidade. Entretanto, com a intensificação dos festejos previstos para serem iniciados neste sábado (30), a expectativa é de que os valores acima saltem para entre R$ 30 e R$ 50.

Comerciante há dez anos na Feira do Milho, Amaro da Silva disse não ter visto fluxo de consumidores tão pequeno às vésperas do Maior e Melhor São João do Mundo. “No ano passado, as vendas não foram lá essas coisas, mas na semana que antecedeu o início dos festejos o movimento encontrava-se melhor. Veja agora como está a situação: feira totalmente vazia em plena manhã de terça-feira (26). Apesar de até agora estarmos praticando os mesmos preços de 2014, a procura ainda é muita pequena. Nem parece que vai começar o São João de Caruaru.”

A lamentação do comerciante não foi a única no local. Concorrente de Amaro, Helena Francisca também ressaltou a baixa na demanda pelo produto. “É claro que o movimento irá melhorar neste mês, até porque estaremos festejando o São João, mas não sei se venderemos a mais em relação a 2014. Com essa crise financeira que vem afetando todo mundo, a tendência é de que os clientes diminuam as compras. Se não bastasse a falta de dinheiro, eles terão de gastar um pouco mais para levar o produto. No meu espaço, por exemplo, venderei a mão de milho de melhor qualidade por R$ 50 e a de menor por R$ 30. Até porque ficará mais difícil de comprá-lo.”

O provável aumento antecipado pela comerciante foi justificado pelo engenheiro do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Fábio César. “Além do habitual acréscimo na demanda, o detalhe é que a oferta do milho durante esse período deverá ser menor em relação aos últimos anos. Isso porque os mananciais dos agricultores da região, principais abastecedores dos comerciantes de Caruaru, encontram-se com um volume de água abaixo em comparação aos festejos juninos passados. Apesar de garantirem as produções através do sistema de irrigação, com menos água à disposição a colheita está ainda mais prejudicada. Desta forma, com a provável maior procura em relação à oferta, a expectativa é de que haja reajuste nos preços.”

O milho que é comercializado no Parque de 18 Milho geralmente é oriundo de Cumaru, São Joaquim do Monte, Camocim de São Félix, Bezerros e Sairé – todos no Agreste. Assim como em Caruaru, que diferentemente dos citados costuma ceder pouco milho para comercialização, nesses municípios, onde há uma produção maior, o período de chuvas ideal para a colheita também praticamente não existiu em 2015. “Ele vai da segunda quinzena de março até a primeira de abril. Somente como exemplo, em Caruaru choveu 74% a menos do esperado para o intervalo. Nas outras cidades também ocorreu uma queda brusca em relação ao quantitativo de chuvas”, finalizou Fábio.

Pedro Augusto é jornalista e repórter do Jornal VANGUARDA.

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